Lanchas quebradas e cobertas de poeira, falta de funcionários,
combustível limitado e até ameaça de despejo. Essa também é, segundo
delegados e agentes, a realidade da Polícia Federal no país. No Paraná,
epicentro das investigações da Lava Jato, a carência de servidores e as
falhas na estrutura despontam principalmente em delegacias de fronteira,
como Foz do Iguaçu e Guaíra, e do litoral, caso de Paranaguá.
No começo do ano, o juiz Sergio Moro liberou R$ 172 mil – dinheiro recuperado pela Justiça – para que a investigação não fosse interrompida.
O governo havia anunciado a previsão de corte de R$ 133 milhões no orçamento da corporação, que deve ser recomposto em créditos suplementares do Ministério da Justiça e emendas parlamentares.
Foz, maior delegacia da PF do país, tem 300 servidores, número que precisaria ser triplicado, segundo o sindicato de agentes no Estado, para controlar o fluxo de pessoas entre Brasil, Argentina e Paraguai, além de combater contrabando e tráfico de drogas.
No litoral, sete lanchas que deveriam dar apoio à fiscalização do porto de Paranaguá estão paradas. Em Foz, uma lancha blindada, de maior porte, por vezes fica parada por falta de agentes.
BARCOS EMPRESTADOS
Em São Paulo, a única embarcação da PF de São Sebastião está quebrada. Sem lanchas, a fiscalização em transatlânticos, por exemplo, só é possível porque os navios “emprestam” barcos para PF.
“Você começa a se questionar como será isento o serviço se você está se comprometendo a esse ponto. Você fica no mínimo desconfortável se a pessoa te faz um favor e você tem que autuá-la [se houver irregularidade]”, diz Alexandre Sally, presidente do sindicato dos agentes no Estado.
Delegados e agentes de São Paulo, Paraná e Bahia relatam que falta verba para serviços básicos, como compra de combustível. Por conta do bloqueio temporário de repasses para custeio, uma delegacia no interior paulista foi ameaçada de despejo no ano passado, segundo Sally.
Em outra unidade, também no interior de São Paulo, a chefia proibiu a circulação de carros policiais por uma semana. Tanto em São Paulo como no Paraná há relatos de que, em alguns meses, policiais devem respeitar uma cota máxima de combustível que chega a apenas R$ 100 por mês por carro. Vencido o limite, o veículo deve ficar parado no pátio.
VAGAS ABERTAS
Há aproximadamente 1.700 delegados atuando em 94 unidades da PF no país, segundo a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal). Outras 495 vagas estão abertas; são cargos de delegados que deixaram a corporação e não foram substituídos.
A entidade projeta que, mesmo considerando as vagas abertas, seriam necessários mais 1.500 delegados para atender a demanda. Segundo Carlos Eduardo Sobral, presidente da ADPF, cada delegado hoje no país é responsável, em média, por 200 inquéritos.
Em nota, a PF disse que não comentaria o deficit de delegados e agentes por questões estratégicas. Acrescentou, porém, que novos servidores ingressaram na corporação nos últimos anos e que foi pedida ao governo contratação de mais funcionários.
A PF afirmou ainda que fez investimento para revitalizar equipamentos e que “algumas que estão ultrapassadas pelo surgimento de novas tecnologias estão sendo avaliadas para melhor aproveitamento”.
Quanto ao contingenciamento de verbas, a PF disse que a medida é imposta pelo Ministério da Justiça, mas que nos últimos anos todo recurso bloqueado foi recuperado no decorrer do ano. “Nenhuma unidade deixou de honrar compromissos, não havendo descontinuidade nos serviços prestados.”
PF DIZ ATENDER DEMANDAS
Questionado sobre o suposto sucateamento da estrutura policial no país, o Departamento de Polícia Federal disse, em nota, que não comentaria o deficit de delegados e agentes em ação por questões estratégicas.
Acrescentou, porém, que novos servidores ingressaram na corporação nos últimos anos e que foi pedida ao governo federal a contratação de mais funcionários.
Entre 2013 e 2016, ingressaram na PF cerca de 2.400 novos servidores, entre eles 1.700 policiais, diz o departamento do órgão. A corporação ainda pleiteia junto ao Ministério do Planejamento que sejam contratados mais 2.200 servidores para atuarem em setores administrativos da entidade.
No começo do ano, o juiz Sergio Moro liberou R$ 172 mil – dinheiro recuperado pela Justiça – para que a investigação não fosse interrompida.
O governo havia anunciado a previsão de corte de R$ 133 milhões no orçamento da corporação, que deve ser recomposto em créditos suplementares do Ministério da Justiça e emendas parlamentares.
Foz, maior delegacia da PF do país, tem 300 servidores, número que precisaria ser triplicado, segundo o sindicato de agentes no Estado, para controlar o fluxo de pessoas entre Brasil, Argentina e Paraguai, além de combater contrabando e tráfico de drogas.
No litoral, sete lanchas que deveriam dar apoio à fiscalização do porto de Paranaguá estão paradas. Em Foz, uma lancha blindada, de maior porte, por vezes fica parada por falta de agentes.
BARCOS EMPRESTADOS
Em São Paulo, a única embarcação da PF de São Sebastião está quebrada. Sem lanchas, a fiscalização em transatlânticos, por exemplo, só é possível porque os navios “emprestam” barcos para PF.
“Você começa a se questionar como será isento o serviço se você está se comprometendo a esse ponto. Você fica no mínimo desconfortável se a pessoa te faz um favor e você tem que autuá-la [se houver irregularidade]”, diz Alexandre Sally, presidente do sindicato dos agentes no Estado.
Delegados e agentes de São Paulo, Paraná e Bahia relatam que falta verba para serviços básicos, como compra de combustível. Por conta do bloqueio temporário de repasses para custeio, uma delegacia no interior paulista foi ameaçada de despejo no ano passado, segundo Sally.
Em outra unidade, também no interior de São Paulo, a chefia proibiu a circulação de carros policiais por uma semana. Tanto em São Paulo como no Paraná há relatos de que, em alguns meses, policiais devem respeitar uma cota máxima de combustível que chega a apenas R$ 100 por mês por carro. Vencido o limite, o veículo deve ficar parado no pátio.
VAGAS ABERTAS
Há aproximadamente 1.700 delegados atuando em 94 unidades da PF no país, segundo a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal). Outras 495 vagas estão abertas; são cargos de delegados que deixaram a corporação e não foram substituídos.
A entidade projeta que, mesmo considerando as vagas abertas, seriam necessários mais 1.500 delegados para atender a demanda. Segundo Carlos Eduardo Sobral, presidente da ADPF, cada delegado hoje no país é responsável, em média, por 200 inquéritos.
Em nota, a PF disse que não comentaria o deficit de delegados e agentes por questões estratégicas. Acrescentou, porém, que novos servidores ingressaram na corporação nos últimos anos e que foi pedida ao governo contratação de mais funcionários.
A PF afirmou ainda que fez investimento para revitalizar equipamentos e que “algumas que estão ultrapassadas pelo surgimento de novas tecnologias estão sendo avaliadas para melhor aproveitamento”.
Quanto ao contingenciamento de verbas, a PF disse que a medida é imposta pelo Ministério da Justiça, mas que nos últimos anos todo recurso bloqueado foi recuperado no decorrer do ano. “Nenhuma unidade deixou de honrar compromissos, não havendo descontinuidade nos serviços prestados.”
PF DIZ ATENDER DEMANDAS
Questionado sobre o suposto sucateamento da estrutura policial no país, o Departamento de Polícia Federal disse, em nota, que não comentaria o deficit de delegados e agentes em ação por questões estratégicas.
Acrescentou, porém, que novos servidores ingressaram na corporação nos últimos anos e que foi pedida ao governo federal a contratação de mais funcionários.
Entre 2013 e 2016, ingressaram na PF cerca de 2.400 novos servidores, entre eles 1.700 policiais, diz o departamento do órgão. A corporação ainda pleiteia junto ao Ministério do Planejamento que sejam contratados mais 2.200 servidores para atuarem em setores administrativos da entidade.
(reportagem enviada pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
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