MARCELO LEITE
ENVIADO ESPECIAL À ANTÁRTIDA
Eram mais de 3h da manhã de 5 de março quando 20 pesquisadores brasileiros pisaram no hotel Cabo de Hornos, em Punta Arenas, no Chile. Chegava ao fim uma semana de espera pelo voo do Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) que os tirou, enfim, da Antártida.
Esses foram os que conseguiram caronas em aviões C-130 do Chile e do Uruguai para deixar a estação chilena Eduardo Frei. Haviam decolado às 23h do dia anterior.
Outros 59 participantes da 34a Operação Antártica (Operantar) permaneceram nos navios da Marinha do Brasil que os havia transportado a Frei desde a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira a 60 km de distância.
Nesta Operantar a Marinha apoiou 24 projetos científicos, com cerca de 300 pesquisadores envolvidos em trabalhos de campo.
Entre os felizardos caronistas estava Alexander Kellner, coordenador do projeto Paleoantar. O caçador de dinossauros do Museu Nacional do Rio de Janeiro foi deitar com o dia já claro, pela primeira vez em dois meses numa cama de verdade, e não num saco de dormir ou num catre de navio.
"A Antártida é assim. É preciso paciência e tranquilidade para lidar com os atrasos", diz o paleontólogo, que já achou muitos fósseis no Brasil e na China. "É um privilégio e um ônus."
Ele encara os percalços de pesquisar na Antártida pela oportunidade de buscar vestígios dos vertebrados do continente austral quando estava ligado à América do Sul e coberto de florestas, mais de 70 milhões de anos atrás.
Antes da semana ociosa na ilha do Rei Jorge, onde fica a EACF, Kellner e 14 companheiros tinham enfrentado 43 longos dias de acampamento na ilha James Ross, mais ao sul, do outro lado da península Antártica.
Nos arredores da estação brasileira, na baía do Almirantado em Rei Jorge, não há rochas sedimentares, as únicas propícias para encontrar fósseis. Por isso o grupo escolheu estudar James Ross, onde ingleses e argentinos já coletaram muitos ossos.
Foi a segunda investida de Kellner na ilha com seu ex-aluno Douglas Riff, hoje professor na Universidade Federal de Uberlândia (MG). No verão 2006/7, eles já tinham ficado 37 dias por ali e encontraram ossos do mais antigo plesiossauro (réptil marinho) da Antártida.
Nesta segunda expedição, a coleta também foi boa. A equipe retorna ao Brasil com três toneladas de rochas, entre elas várias seções do tronco fossilizado de uma árvore de mais de dez metros.
Kellner fala em "descobertas maravilhosas, fantásticas", mas faz suspense: "Encontramos desde raridades, das quais eu não vou falar, até coisas mais comuns, entre aspas, como invertebrados."
Pouca coisa escapa de sua boca: "Algum material de vertebrado. Bem bacana."
ENVIADO ESPECIAL À ANTÁRTIDA
Eram mais de 3h da manhã de 5 de março quando 20 pesquisadores brasileiros pisaram no hotel Cabo de Hornos, em Punta Arenas, no Chile. Chegava ao fim uma semana de espera pelo voo do Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB) que os tirou, enfim, da Antártida.
Esses foram os que conseguiram caronas em aviões C-130 do Chile e do Uruguai para deixar a estação chilena Eduardo Frei. Haviam decolado às 23h do dia anterior.
Outros 59 participantes da 34a Operação Antártica (Operantar) permaneceram nos navios da Marinha do Brasil que os havia transportado a Frei desde a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira a 60 km de distância.
Nesta Operantar a Marinha apoiou 24 projetos científicos, com cerca de 300 pesquisadores envolvidos em trabalhos de campo.
Editoria de Arte/Folhapress | |||
Onde fica a estação a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira |
Entre os felizardos caronistas estava Alexander Kellner, coordenador do projeto Paleoantar. O caçador de dinossauros do Museu Nacional do Rio de Janeiro foi deitar com o dia já claro, pela primeira vez em dois meses numa cama de verdade, e não num saco de dormir ou num catre de navio.
"A Antártida é assim. É preciso paciência e tranquilidade para lidar com os atrasos", diz o paleontólogo, que já achou muitos fósseis no Brasil e na China. "É um privilégio e um ônus."
Ele encara os percalços de pesquisar na Antártida pela oportunidade de buscar vestígios dos vertebrados do continente austral quando estava ligado à América do Sul e coberto de florestas, mais de 70 milhões de anos atrás.
Antes da semana ociosa na ilha do Rei Jorge, onde fica a EACF, Kellner e 14 companheiros tinham enfrentado 43 longos dias de acampamento na ilha James Ross, mais ao sul, do outro lado da península Antártica.
Nos arredores da estação brasileira, na baía do Almirantado em Rei Jorge, não há rochas sedimentares, as únicas propícias para encontrar fósseis. Por isso o grupo escolheu estudar James Ross, onde ingleses e argentinos já coletaram muitos ossos.
Foi a segunda investida de Kellner na ilha com seu ex-aluno Douglas Riff, hoje professor na Universidade Federal de Uberlândia (MG). No verão 2006/7, eles já tinham ficado 37 dias por ali e encontraram ossos do mais antigo plesiossauro (réptil marinho) da Antártida.
Nesta segunda expedição, a coleta também foi boa. A equipe retorna ao Brasil com três toneladas de rochas, entre elas várias seções do tronco fossilizado de uma árvore de mais de dez metros.
Kellner fala em "descobertas maravilhosas, fantásticas", mas faz suspense: "Encontramos desde raridades, das quais eu não vou falar, até coisas mais comuns, entre aspas, como invertebrados."
Pouca coisa escapa de sua boca: "Algum material de vertebrado. Bem bacana."
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