Por Priscila Fernandes
A presença de capivaras na área urbana de Votorantim já se tornou cotidiana para os moradores, rendendo piadas, título informal de animal símbolo da cidade, mas também preocupação por conta do carrapato-estrela, portado pelos bichos, e que transmite a febre maculosa.
Em grupos de cerca de 20 animais, as capivaras foram flagradas na semana passada atravessando a avenida Reverendo José Manoel da Conceição durante a noite e pastando tranquilamente na pista de skate, no Centro, em plena luz do dia. A estimativa do município é que cerca de 50 capivaras vivam nas margens do rio Sorocaba naquela cidade.
Para o auxiliar de produção Rafael Ferreira Francisco, 18 anos, é possível a convivência com os animais, desde que os motoristas tomem cuidado com atropelamentos. "É bom até, mostra que é uma cidade que tem um pouco de natureza", disse. A atendente de lanchonete Giovana Silva de Andrade, 17 anos, teme a febre maculosa e reclama de crianças e adolescentes que atormentam as capivaras.
Porém, leva com bom humor as piadas de internet que relacionam o município aos animais. "Toda vez que alguém fala de Votoranim, já fala "a cidade da capivara". Acho engraçado", afirmou. O operador de máquinas Laerte de Almeida, 48 anos, acredita que é possível manter os animais na cidade, desde que separados. "É preciso ter uma divisão. Foi feita uma cerca, mas não adiantou", relatou.
Cercas
Em 2015, a Prefeitura de Votorantim instalou cercas ao longo do rio Sorocaba, delimitando as áreas de circulação das capivaras. Nas imediações da pista de skate, no entanto, o cercado estava danificado em alguns pontos. A Prefeitura informou, ontem, que as áreas já foram reparadas e fechadas. O isolamento das capivaras teria sido realizado após levantamento de campo realizado pelas secretarias de Saúde e de Meio Ambiente de Votorantim sobre a população que, historicamente, vive nas margens do rio Sorocaba.
O estudo não teria indicado a necessidade de remoções e/ou castrações dos animais.Todos os procedimentos teriam sido autorizados pelo Departamento de Fauna (Defau), do Estado de São Paulo.
O professor Nobel Penteado de Freitas, biólogo e coordenador do curso de biologia da Universidade de Sorocaba, afirma que o risco de febre maculosa é um problema de saúde pública. "No meu ponto de vista, já seria suficiente para remover as capivaras dali", avaliou. O biólogo reconhece, no entanto, que encontrar um local ideal para os animais não seria fácil. Ele aconselha os cidadãos que não permaneçam nas áreas de circulação das capivaras. "É melhor não frequentar esses locais. Caso haja a necessidade de frequentar, roupa comprida e fechada para evitar o contato com o carrapato", disse.
A febre maculosa é uma doença potencialmente fatal provocada pela picada do carrapato infectado por bactérias. A Prefeitura afirma que não existe registro de caso da doença em Votorantim e que a Secretaria de Saúde realiza monitoramento, mas que não foi comprovada a contaminação dos animais.
Outros riscos citados pelo biólogo, seriam de uma superpopulação de capivaras pela falta de predadores naturais (como onças e jacarés), além do perigo de atropelamentos. A Prefeitura de Votorantim informa que realiza ações de orientação para a população, como a instalação de placas alertando para os riscos na região ribeirinha.
Fonte: Cruzeiro do Sul
Nota do Olhar Animal: Que se faça o controle populacional ético, com a esterilização dos animais, protegendo-os também de possíveis agressões, atropelamentos, etc.
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