Por Alba Losada / Tradução de Nelson Paim
Na última semana de junho foi declarado que em 2016 não vai
ser celebrado o Festival do Toro de la Vega, na Espanha. Sem dúvida,
uma grande notícia para todos aqueles que lutam contra os maus-tratos
dos animais. Mas, ainda assim, há muitas tradições ao redor do mundo nas
quais os animais são maltratados, e ainda que, década a década, sejamos
mais sensíveis frente ao sofrimento animal ainda há um longo caminho a
ser percorrido.
Há tradições que lembram que por mais que cada vez sejamos
mais civilizados, o abuso ainda tem distintas formas de ser expresso, e
uma delas é na cultura. Frequentemente, quando se trata de um hábito
arraigado e identidade popular as regras morais tendem a ser
relativizadas.
Mas há tradições que deveriam ser questionadas, como, por exemplo, estas seis:
Trichane na kucheta (Giro do cão)
Esta tradição se celebra na Bulgária, em nome da boa sorte,
com a intenção de afastar os maus espíritos e prevenir a raiva em cães.
A cada 6 de março, no povoado de Brodilovo, os locais levantam um cão
em uma corda que foi retorcida previamente e que está presa a dois
pilares cravados as margens de um rio.
Uma vez no alto, o cão gira sobre si mesmo a grande
velocidade para terminar caindo na água, assustado, enjoado e sem ter
consciência do que está ocorrendo.
Em 2006, com a entrada do país na Comunidade Europeia a
prática foi proibida, mas em 2011 o prefeito a legalizou de novo com o
objetivo de atrair mais turistas para o local.
Ainda que protetores dos direitos dos animais na Bulgária,
Europa e América tenham mostrado sua contrariedade, a cada 6 de março
ainda se podem ver cães girando sobre si mesmos.
Grindadráp
Desde muitos séculos, há um dia do ano em que nas ilhas
Feroe, na Dinamarca, o mar se tinge de vermelho. Se trata do rastro que
deixa o Grindadráp, uma tradição que consiste em massacrar baleias e
golfinhos cortando-lhes a cabeça.
Em 2015, foram exterminadas 250 baleias nas praias de Bour e Tórshavn.
Originalmente, o objetivo desta tradição era de aproveitar a
gordura e a carne destes animais, já que era uma valiosa fonte de
proteinas. Mas agora seu consumo não é recomendado pelos responsáveis
pela saúde das ilhas. Contudo, os pescadores continuam aparecendo na
praia na data assinalada.
Mais além da pesca, a prática tem conotações ritualísticas,
já que é um modo de iniciação a idade adulta, que está profundamente
arraigada as raízes culturais do local.
Ainda que associações de defesa dos direitos animais de
todo o mundo lutem ativamente contra, o governo dinamarquês ignora estes
pedidos e o mar continua enchendo-se de sangue no arquipélago do
atlântico.
Briga de galos
Em uma espécie de ringue, dois galos brigam com um único
objetivo: fazer que seus tutores ganhem dinheiro através de apostas.
Para acentuar sua agressividade, estes incitam um contra outro. Muitas
vezes, são brigas até a morte, para o qual são adaptadas esporas de aço
nas patas.
Existem vários países em que esta tradição é legalizada. No
caso da Espanha, unicamente na Andaluzia e nas Ilhas Canárias, sendo
que no arquipélago é comum a mais de cinco séculos sendo justificado por
sua antiguidade.
No dia 1º de julho a formação política do partido Podemos,
em Tenerife, apresentou uma moção para proibir o uso de animais em
espetáculos, proibindo as brigas de galo. Contudo, ainda não se sabe se
isso vai chegar a se concretizar.
Festival de Carne de Cão de Yulin
Em Yulin, uma cidade do sul da China, os residentes possuem
sua própria forma de celebrar o solstício de verão: o Festival de
Carne de Cão de Yulin. Desde os anos 90, neste dia aproximadamente dez
mil cães se convertem em comida para os visitantes.
Além disso, a tradição comporta o sacrifício de muitos cães
de rua e de outros que, mesmo que tenham um tutor, são sequestrados.
Também há muitos que vivem em granjas em condições precárias. Para a
edição de 2016 quase 11 milhões de pessoas já expressaram seu apoio a
campanha do Change.org, realizada com o objetivo de que o festival não
fosse celebrado, mas seus pedidos não chegaram a Yulin.
Seu futuro é incerto já que, como Javier Moreno, do
Igualdad Animal, comentou, ainda que as campanhas não tenham conseguido
terminar com esta prática elas estão exercendo pressão sobre o governo
chinês.
Caça de focas no Canadá
Quando é primavera no Canadá, o governo dá luz verde para a
matança de focas na costa, onde milhares destes animais, na maioria
filhotes, morrem golpeados brutalmente com bastões com o único objetivo
de adornar paredes.
O governo argumenta que esta prática é autorizada por
controlar a superpopulação de focas, de forma que possam evitar que se
exterminem os cardumes de bacalhau e, ao mesmo tempo, garantir trabalho
aos pescadores.
Fonte: Play Ground
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