ECO ANIMAL - MÁRCIO LINCK
27 de outubro de 2016 às 17:00
Alguns anos antes da abolição da escravatura no Brasil em 1888, conforme o ambiente social e contexto histórico, muitas pessoas talvez se chocassem e até achassem um absurdo alguém propor o fim da escravidão dos negros, o fim das senzalas, dos quilombos, do pelourinho e defender que a cor da pele não servisse de motivo para que seres sensíveis não tivessem direitos, fossem desrespeitados e feridos em sua dignidade.
Hoje, em pleno século XXI o caminho que está sendo percorrido para a abolição da escravatura animal passa pelo mesmo discurso teórico e embasamento moral. Tal como o racismo ou o sexismo, o especismo (preconceito contra espécie) tem a mesma matriz discriminatória, pois procura minimizar os interesses semelhantes e vontades de uns baseando-se em aspectos irrelevantes como a aparência e formatação física.
Melhor não pensar que os animais sentem e sofrem já que é conveniente aos humanos permanecerem em sua zona de conforto, usando e abusando cruelmente de seres indefesos transformados em produtos e objetos de consumo.
Hoje animais/mercadorias/escravizadas movimentam a economia brasileira e mundial assim como humanos/mercadorias/negros movimentavam no passado a economia colonial e o comércio internacional. Peças humanas e animais transformados em números e cifrões, pouco importando se os gemidos e a angústia que provinham ontem das masmorras e das senzalas hoje vem das granjas e dos galpões.
Mas o mundo está mudando e não é a toa que depois da Declaração de Cambridge sobre a Consciência Humana Animal, em 2013 em que renomados cientistas de cinco áreas da Neurociência atestaram a senciência dos animais, alguns países começaram a alterar o estatuto jurídico destes, transformando os mesmos em sujeitos de direitos e não mais apenas em seres moventes vinculados à posse ou propriedade humana.
Nesse sentido é que estamos propondo o fim dos “pelourinhos” e das “senzalas” modernas, representados hoje pelos matadouros, pelas granjas ou por qualquer espaço ou forma que submeta seres sensíveis e inteligentes à prisão, à crueldade e à perda do bem maior que possuem: a VIDA.
Diferente do passado, agora a “Lei Áurea” acontece de modo singular, quando alguém decide não mais consumir e contribuir com os produtos e meios desse sistema escravocrata! Nesse momento ele se torna um abolicionista!
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