Os moradores
do Park Way, há mais de duas décadas, vêm lutando contra oportunistas com
interesses em atividades comerciais em geral, incluindo até mesmo postos de
gasolina que geram grande impacto ao nosso bairro por ser uma área de proteção ambiental. O sucesso
conquistado até agora foi fruto de uma união que fortaleceu os laços de quem
vive e respeita esse que é o "pulmão" do Plano Piloto.
Por isso
mesmo, causou-nos estranheza a matéria publicada no CB dia 18 deste mês, sobre a reunião do LUOS. Nela, um morador
lamentou com destaque que o Park Way não
dispusesse de um comércio apto a fornecer, por exemplo, pão fresco aos seus moradores.
Afirmou
inclusive que, caso fossem implantadas padarias perto das casas dos moradores,
o trânsito se tornaria melhor.
Não vemos,
contudo, como a implantação de
estabelecimentos comerciais dentro do Park Way, ou em qualquer outro bairro,
poderia melhorar o trânsito de automóveis, uma vez que o comércio acarretaria um
fluxo de veículos de abastecimento dos produtos e de clientela.
Assim, além
do aumento no fluxo de veículos, relaciono abaixo outros problemas decorrentes
da implantação de comércio no Park Way:
-Devido à
baixa densidade populacional do Park Way, é provável que qualquer atividade
comercial venha com o tempo a sofrer o impacto da falta de demanda. O
estabelecimento poderá fechar ou mudar de destinação;
-Tendo em
vista ser o bairro composto por grandes áreas fica difícil garantir a segurança
e a fiscalização dos estabelecimentos comerciais;
-O Park Way
não possui um adensamento populacional que justifique um sistema de transporte
eficiente. Assim, os funcionários trazidos pelo comércio não poderão se
deslocar com facilidade;
-Caso o comércio
fique localizado perto da EPIA ou de outra rodovia com grande afluxo de
pessoas, a alta demanda atrairá um grande numero de pessoas de outras Ras com o
consequente agravamento do trânsito de veículos, pedintes, moradores de rua, flanelinhas e obviamente
assaltantes que entrarão com facilidade pela EPIA e fugirão com a mesma presteza.
-O Park Way
não dispõe de infraestrutura de saneamento básico, uma vez que a baixa
densidade populacional não compensa o custo da implantação;
- O Park Way
faz parte da Reserva da Biosfera do Cerrado onde qualquer adensamento
populacional ou de veículos é firmemente desestimulado, assim como a impermeabilização
do solo e o desmatamento, decorrentes de atividades comerciais. A preservação
das áreas verdes e as florestas e matas ciliares do Park Way é de suma
importância para a manutenção dos córregos que vão alimentar o Lago Paranoá.
Por outro
lado, a oferta de bens e de serviços pode ser encontrada em localidades
vizinhas como o Núcleo Bandeirante, Santa Maria, Aguas Claras, Guará, Lago Sul,
etc... O ônus dos deslocamentos dos moradores para as áreas de comercio
vizinhas é infinitamente menor do que a exposição aos desafios e prejuízos
inerentes à uma estrutura comercial;
A baixa
demanda ao empreendimento comercial e até mesmo aos equipamentos públicos
(exemplo é o baixo interesse da população pelos PECs) provocará o abandono dos
mesmos e/ ou a mudança de destinação para atividades menos adequadas à
finalidade do bairro que é hoje exclusivamente residencial.
Diante do exposto,
a Associação
Park Way Residencial-APWR defende o ponto de vista de uma
grande parcela dos moradores locais que não abre mão de manter nosso bairro
exclusivamente residencial apoiado no conceito de condomínios horizontais de
até oito unidades ou, ainda, de unidades individuais.
Sebastião
Boechat
morador do Park Way e ex presidente de associação de moradores.
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