- quarta-feira, 14 dezembro 2016 18:47
- Comente
Eles serão retirados da água, e vão ser submetidos a medições de tamanho e peso e coleta de sangue para exames de laboratório. “Primeiro a gente quer saber se o bicho está evoluindo bem e depois precisa saber se está saudável para ser solto”, explica o veterinário da Associação Amigos do Peixe-Boi (AMPA) Anselmo D´Affonseca.
O semi-cativeiro é um ambiente de lagos nas margens do Rio Solimões, no município de Manacapuru, a 80 quilômetros de Manaus, onde os animais passam por um período de adaptação para voltarem aos rios. Lá, os animais estão sujeitos aos ciclos naturais de cheia e vazante dos rios amazônicos e se acostumam a buscar o próprio alimento.
A ideia surgiu depois de uma primeira tentativa, frustrada, de reintroduzir peixes-bois que viviam em tanques do Inpa. Em março de 2008, dois machos foram soltos na região do rio Cuieiras, 60 quilômetros de Manaus. Alguns meses depois, a carcaça de um deles foi encontrada junto com o rádio-transmissor. Os pesquisadores concluíram que, depois de passar anos em cativeiro, ele não estava adaptado ao regime de cheias e secas dos rios da região.
Há quatro anos, foram levados os primeiros animais à fazenda. Dos quatro que foram soltos no início deste ano, três ainda são monitorados por radiofrequência. Em novembro, um dos animais reintroduzidos foi recapturado para exames e solto novamente.
Matupá recebeu o nome quando estava em cativeiro. Ele é um macho de 10 anos, que chegou ainda lactante ao Inpa e viveu em tanques durante seis anos. Foi um dos primeiros a irem para o semi-cativeiro. Hoje vive nas proximidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piagaçu-Purus, no Amazonas, onde o monitoramento demonstrou que interage com outros peixes-bois selvagens.
E ele está muito bem, mesmo após enfrentar o período de seca. “A gente viu que ele cresceu e estava com 13 quilos a mais”, comemora D´Affonseca. “E era final da vazante, então ele deve ter ganho ainda mais peso e perdido um pouco durante a seca”, completa.
Matupá atualmente pesa 135 quilos e está com cerca de 2,10 metros de comprimento.
Os exames realizados esta semana vão determinar os próximos a voltar para os rios, mas a prioridade é dada para animais com idade entre 5 e 10 anos, idade em que os animais já passaram um tempo no tanque e tiveram alguns anos de adaptação nos lagos da fazenda. O critério pode deixar de fora bichos mais velhos, que viveram durante décadas nos tanques do Inpa, mas aumenta a possibilidade de sucesso da reintrodução. “A gente percebeu que animais que passam menos tempo em cativeiro se adaptam melhor na natureza”, conta o biólogo Diogo Souza, do Inpa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário