quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Nada de isoporzinho: Quem vai faturar com as obras da orla do lago é o dono da natura, principal doador da campanha de Rollemberg


Quem escuta o governador Rodrigo Rollemberg dizer que a orla do lago será do povo nem imagina que por trás do discurso demagogo existem interesses econômicos a perder de vista. O governo de Brasília está preparando a beira-lago para entregar ao Instituto Semeia, uma ONG da Natura, empresa  de propriedade do empresário bilionário Guilherme Leal que irrigou a campanha vencedora  do então candidato a governador do DF em 2014.No complexo gastronômico da Penísula dos Ministros, pobre com isoporzinho não terá vez.


Da Redação Radar
 
As vozes protetoras do meio ambiente do Distrito Federal pouco estão se importando com a rica fauna composta por capivaras, lontras gambás-de-orelha-branca, mico-estrela e biguás que fazem do bioma do Lago Paranoá o seu habitar. Essas espécies daqui a alguns dias não terão a liberdade de usar, na sua integridade, a unidade de conservação natural que o Governo de Brasília está preparando para entregar ao investidor privado. E não é a qualquer um.


A Natura, multinacional brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, já preparou os seus tentáculos para se apoderar do pedaço mais caro da orla do Lago Sul onde o valor de cada metro quadrado vale, segundo consultorias imobiliárias, nada menos do que R$ 12 mil, justamente por ser considerada uma das áreas nobres de Brasília.


O empresário Guilherme Leal, candidato a vice-presidente da Republica na chapa de Marina Silva em 214 e um dos fundadores do Partido Rede de Sustentabilidade não ver nada de contraditório em fomentar a proteção ambiental e ao mesmo tempo faturar muito dinheiro com o turismo, lazer e gastronomia.


“É na beira-lago da península dos ministros, na QL-12, que os “ecologistas” estão querendo armar a “REDE” para faturar milhões de reais com uma atividade econômica”, diz o arquiteto Marcos Coelho, presidente da Associação dos Moradores ao sustentar que tudo estaria sendo feito por meio de Instituto Semeia.


Na prática, trata-se do mesmo modelo tocado pela Empresa Sul Americana de Montagens S/A (Emsa) que detém o direito de explorar o Pontão do Lago Sul onde administra locação de bares, quiosques, restaurantes dentro de um espaço publico de 129 mil metros na Orla do Paranoá.


O instituto Semeia, braço da Natura, uma ONG “sem fins lucrativos” dirigida por Pedro Luiz Barreiros Passos, sócio de Leal, realizou um seminário no auditório do Ministério Publico em outubro do ano passado, denominado de I Seminário de Sustentabilidade de Unidades de Conservação Distritais onde o principal tema debatido com representantes do mundo financeiro e do governo de Brasília girou em torno da privatização dos parques do Distrito Federal.


“Coube ao secretário de Meio Ambiente, André Lima anunciar, na abertura do seminário, que em breve o Instituto Semeia estaria desenvolvendo as suas atividades no DF e pelo que a gente vem acompanhando, essas atividades seriam na orla do lago sul”, afirmou Coelho.


A afinidade de Rodrigo Rollemberg com a Natura é de longo tempo. Em 2014 o próprio Guilherme Leal como pessoa física injetou grana na campanha eleitoral de Rollemberg. Em seguida, como contrapartida pela ajuda, o Governo de Brasília resolveu presentear concedendo isenção fiscal de R$ 400 milhões à empresa de cosméticos.

Um termo de acordo de regime especial, assinado pela secretaria de Fazenda, garantiu à Natura um cálculo diferenciado de aferimento do ICMS, que passou a ser cobrado sobre os preços dos produtos vendidos às consultoras da marca, e não sobre o valor final dos produtos, como manda a legislação.


Outro afago do governo socialista como pagamento da ajuda de campanha foi a entrega da Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto Ambiental IBRAM, órgãos controlado pela Rede, partido de Marina e de Guilherme Leal, que dar o “sinal verde” a quem pode explorar a orla do Paranoá e todos os parques do DF.


O Instituto Semeia que conta com investimento da Anima Investimentos, uma gestora de investimentos de um dos controladores da Natura Cosméticos, já teria apresentado um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), instrumento pelo qual os particulares formalizam seu interesse em propor estudos, projetos e soluções para a Administração Pública, com vistas à estruturação futura de um projeto de concessão ou de PPP.


A proposta prevê zonas gastronômicas com 14 lotes comerciais na área do Parque Península dos Ministros, considerado o “filé mignon” da orla a ser explorado por 20 anos que dará a viabilidade econômica a quem for fazer a gestão. Um aluguel de um restaurante hoje na orla como no Pontão gira em torno de 150 mil reais por mês, diz ao Radar Marcos Coelho.


O Instituto Semeia tema faca e o queijo nas mãos para fazer a gestão de parques entre o governo e atores privados e oferecer uma programação cultural e de lazer para os usuários, além de iniciativas que gerem receita para a manutenção dos locais, como restaurantes e quiosques. “O governador só está esquecendo de que no meio do caminho tem vários processos na justiça que colocam a orla, por enquanto, sub judice”, afirma o presidente da Associação de Moradores da QL-12 do Lago Sul.



Fonte: Portal Radar Condomínios

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