Debate ganhou força no Brasil após caso envolvendo cães da raça beagle. Só na Europa estima-se que 3 milhões de bichos morrem anualmente em testes científicos, mas ONG alerta que números podem ser ainda maiores
21 out 2013
18h09
atualizado às 18h09
Todos os anos, 115 milhões de animais são usados em pesquisa em todo o
mundo. Embora não existam dados oficiais – muitos países não mantêm
registros –, a estimativa foi feita pela diretora de ciências da
Coligação Europeia para o Fim das Experiências em Animais, Katy Taylor,
com base em modelos matemáticos.
Na União Europeia, a burocracia para pesquisa com animais é extensa e,
por isso, segundo a ativista, os números refletem melhor a situação. Por
ano, 12 milhões de animais – especialmente ratos e outros de pequeno
porte – são usados em pesquisas na Europa.
A ONG Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PeTA) estima que,
desse total, 3 milhões acabam mortos por ano. Mas o consultor da
entidade na Alemanha, Edmund Haferbeck, estima que os registros podem
não ser tão precisos e que esse total pode ser ainda maior.
O debate ganhou força no Brasil nesta semana, depois que grupos de
defesa dos animais invadiram o Instituto de Pesquisa Royal e resgataram
cachorros da raça beagle usados em testes. O site do instituto saiu do
ar, mas a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
publicou uma nota criticando a ação dos ativistas e destacando "a
importância da utilização de animais para o desenvolvimento de novos
medicamentos e tratamentos para o ser humano bem como de outras espécies
animais".
A nota não especifica se os animais eram usados para a pesquisa
cosmética, mas menciona a produção de "produtos farmacêuticos, produtos
para a saúde, dispositivos médicos, agrotóxicos, produtos químicos e
veterinários, aditivos para rações e alimentos, entre outros". Em casos
semelhantes, a legislação europeia recomenda o uso de um número mínimo
de animais, e prevê um controle rígido das condições em que vivem.
Europa proibiu testes para cosméticos
A venda de cosméticos testados em animais foi proibida na Europa em março deste ano. Taylor explica que existem alternativas bastante eficazes para esse tipo de experimento, como o uso de tecido humano descartado em cirurgias plásticas. Além disso, de acordo com a pesquisadora, esse tipo de material oferece resultados muito mais precisos do que testes em animais, que têm anatomia e fisiologia distintas.
A venda de cosméticos testados em animais foi proibida na Europa em março deste ano. Taylor explica que existem alternativas bastante eficazes para esse tipo de experimento, como o uso de tecido humano descartado em cirurgias plásticas. Além disso, de acordo com a pesquisadora, esse tipo de material oferece resultados muito mais precisos do que testes em animais, que têm anatomia e fisiologia distintas.
Com a nova regra, não podem ser vendidos nos países europeus cosméticos
que tenham elementos testados em animais. Antes da proibição, um
extenso relatório foi encomendado pela Comissão Europeia. Representantes
de diferentes áreas do setor trabalharam no documento e apresentaram
alternativas viáveis para suspensão dos testes com animais, passiveis de
implementação em um prazo de cinco a sete anos.
Além dos testes em si, que ambientalistas rotulam como crueldade, a
própria manutenção dos animais em ambiente laboratorial motiva
resistências. Taylor explica que, para que os resultados possam ser
aferidos, os animais permanecem em isolamento, e muitos nunca chegam a
ver a luz do dia. Para ela, pesquisas psicológicas – que testam a reação
de animais a diferentes situações de estresse ou privações – podem ser
ainda mais prejudiciais do que testes químicos.
Apesar da proibição para uso cosméticos, a PeTA aponta que na pesquisa
de medicamentos não existem alternativas. No entanto, dados publicados
pelo órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos (FDA) dão conta
que 92% de todas as drogas aprovadas em testes clínicos realizados com
animais falharam em testes clínicos.
"Mas vai levar ainda muito tempo para que sejam proibidos também os
testes em pequenos animais como primatas e ainda mais tempo para que não
se usem mais camundongos", afirma Taylor.
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