sábado, 25 de março de 2017

Greenpeace rompe negociação com a JBS


Por Daniele Bragança*
Campanha Farra do Boi deu início ao Compromisso Público pela Pecuária em 2009. Foto: Greenpeace/Daniel Beltra.
Campanha Farra do Boi deu início ao Compromisso Público pela Pecuária em 2009. 
Foto: Greenpeace/Daniel Beltra.


O Greenpeace resolveu suspender as negociações com a JBS em relação ao Compromisso Público da Pecuária na Amazônia, na qual a empresa é signatária desde 2009, após a maior produtora de proteína animal do mundo ser multada pelo Ibama por comprar gado de fazenda embargada.


Desde o dia 17 de março, a JBS está no olho do furacão após uma mega operação da Polícia Federal, a Carne Fraca, colocar a marca como uma das investigadas por vender carnes impróprias para consumo. Após a Carne Fraca, veio a Carne Fria, deflagrada pelo Ibama, que investigou frigoríficos e fazendas que comercializaram gado criado em áreas embargadas por desmatamento ilegal no Pará.


Diante de mais um escândalo, o Greenpeace entrou em contato com a empresa e comunicou que não vai mais acompanhar o cumprimento do compromisso público assumido pela JBS em 2009 “até que ela [empresa] apresente provas inequívocas que está cumprindo com todos os critérios estabelecidos”. Há 8 anos, os maiores frigoríficos do país assumiram um compromisso de monitorar sua cadeia produtiva e excluir dos fornecedores fazendas que desmataram ilegalmente, que utilizaram trabalho escravo ou que invadiram terras indígenas e unidades de conservação. A JBS, dona das marcas Friboi, Seara e Swift, era uma das principais signatárias do acordo.


“A empresa deverá apresentar melhoria no seu sistema de seleção de fornecedores, bem como melhorar as suas auditorias públicas de terceira parte, para que possa garantir que está cumprindo com todos os critérios do compromisso. Cabe a empresa aproveitar esse momento e cobrar conjuntamente com as outras empresas que haja mais transparência nos instrumentos públicos existentes como o Cadastro Rural Ambiental (CAR) e Guia de Trânsito Animal (GTA), com esses dois instrumentos transparentes e público seria possível o rastreamento da cadeia de fornecedores, inclusive indiretos”, afirmou Cristiane Mazzetti, da Campanha da Amazônia do Greenpeace, em entrevista a ((o))eco feita por e-mail.


Procurada, a JBS respondeu "que cumpre rigorosamente o Compromisso Público da Pecuária e está em contato com o Greenpeace para esclarecer os fatos". Em outra nota enviado a ((o))eco, dessa vez sobre a operação Carne Fria, a empresa negou ter comprado de fornecedores irregulares como acusa a operação do Ibama. Leia a íntegra da nota:


A JBS reitera que não comprou e não compra nenhum animal de fornecedores incluídos na lista de áreas embargadas do Ibama e vem cumprindo integralmente o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), assinado com o Ministério Público Federal do Pará em 2009.


A Companhia não é e não pode ser responsabilizada pelo controle e movimentação de gado de seus produtores. A empresa não tem acesso a Guia de Trânsito Animal (GTA) - documento de posse e de uso exclusivo do governo -, único responsável pelo controle de trânsito animal. Dessa maneira, é um absurdo que o Ibama queira imputar à indústria frigorífica a responsabilidade por garantir esse controle.


No que é de sua responsabilidade, a JBS trabalha com um sistema de monitoramento sofisticado com imagens de satélite e análise de documentos públicos. Fornecedores irregulares são imediatamente excluídos. Nas três últimas auditorias independentes, a JBS obteve mais de 99,9% de conformidade com critérios socioambientais aplicados à compra de gado.

*Com reportagem de Sabrina Barbosa.

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