quarta-feira, 24 de maio de 2017

A nossa herança – a ação estrangeira no Brasil das próximas gerações

“Nossa geração abriu mão de desenvolver um parque industrial próprio, desnacionalizou nossas mais importantes empresas e está a consumir inebriadamente as maiores riquezas não-renováveis que a natureza nos ofereceu”

 
Dia desses meditava sobre um curioso aspecto da História, qual o de iludir as mentes mais desavisadas quanto a certos processos e períodos, apenas compreendidos pela posteridade.
Nos últimos anos, vimos 60% das empresas brasileiras negociadas indo parar nas mãos de estrangeiros. Foi assim que chegamos ao insólito país cujos habitantes compram o leite de suas próprias vacas, a água mineral de suas próprias nascentes e a maioria dos produtos de sua própria terra de empresas estrangeiras aqui instaladas.


Temos sido imprudentes com o uso de nossas riquezas: no ritmo atual de extrativismo, que só aumenta a cada dia, daqui a 82 anos não teremos mais minério de ferro para exportar. Nosso níquel só durará mais 116 anos, o chumbo 96, o nióbio apenas mais 35 anos, o estanho 80, os diamantes 123 e o ouro míseros 43. Sim, o Brasil da Serra Pelada será importador de ouro daqui a mínimos 43 anos!



Dizem alguns que o Brasil cresceu nas últimas décadas. Fico a me perguntar, e vai aí uma grande pergunta, quem tem crescido verdadeiramente – se o Brasil, exportador cada vez maior de riquezas em sua maioria não-renováveis, ou se empresas aqui instaladas, com alguns poucos e evidentes reflexos positivos no nosso dia-a-dia e nas contas nacionais. Confesso não ter encontrado ainda resposta a essa pergunta.

Léo Rodrigues/Agência Brasil
“Vergonhosamente empresas estrangeiras já são responsáveis por 70% de nossas exportações de soja”, reclama colunista


O fato é que nossa geração abriu mão de desenvolver um parque industrial próprio, desnacionalizou nossas mais importantes empresas e está a consumir inebriadamente as maiores riquezas não-renováveis que a natureza nos ofereceu. Temos assistido complacentemente o capital estrangeiro se apropriar de serviços e riquezas do Brasil de forma antes só concebível em alguns indefesos países africanos. Que a história nos seja misericordiosa, pois que nossa responsabilidade é imensa.


Parece incrível, mas vergonhosamente empresas estrangeiras já são responsáveis por 70% de nossas exportações de soja, 15% das de laranja, 13% de frango, 6,5% de açúcar e álcool e 30% das de café! Isto já sangra o Brasil em mais de US$ 12 bilhões a cada ano só a título de remessa de lucros.



Fico a temer pela cobrança das gerações seguintes, que estão por receber de nossas mãos um país loteado, retalhado, quase que vendido. Fruto desta Era da Alienação que, no futuro, os livros de História registrarão.

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