Enquanto Temer tenta vender ao mundo um Brasil sem crise, o chão da
floresta mostra as consequências de sua política ruralista: violência e
destruição na disputa por terra
Na madrugada desta sexta-feira, oito caminhonetes do
Ibama foram incendiadas na rodovia BR-163, na altura de Cachoeira da
Serra, no município de Altamira, no Pará. Em reação ao ataque, o órgão
determinou o bloqueio de todas as serrarias da região de Novo Progresso,
a principal cidade do sudoeste paraense, e pediu o apoio da Polícia
Federal e da Polícia Rodoviária Federal para apurar o incêndio e
reforçar a segurança. A região onde ocorreu o crime tem sido alvo
constante de fiscalizações do Ibama contra desmatamento e garimpo
ilegal.
Na mesma semana, o ativista Ademir de Souza Pereira foi executado a tiros em Porto Velho, Rondônia. Ademir participava da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP) e estava no local para participar, juntamente com a esposa, de uma reunião no Incra.
“Na Amazônia, os crimes contra as comunidades locais e o meio ambiente estão fora de controle. A população e a floresta sempre foram vítimas da falta de governança, mas o atual governo está piorando muito a situação”, avalia Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace. "O que vemos é uma consequência direta das políticas patrocinadas por Temer e pela bancada ruralista. Eles têm a mancha da violência e do desmatamento nas mãos”, comenta.
Os crimes acontecem no momento em que o país atinge novos recordes de violência no campo. De acordo com a CPT (Comissão Pastoral da Terra), os cinco primeiros meses de 2017 registraram 37 mortes no campo – é o início de ano mais violento do século. 2016 já havia batido esse triste recorde, com 61 assassinatos. A violência cresce exponencialmente juntamente com o desmatamento, que subiu 29% em 2016 – a maior taxa dos últimos oito anos.
Os ataques à agenda socioambiental não são recentes, mas o enfraquecimento dos sistemas de proteção do meio ambiente e dos direitos humanos vem crescendo rapidamente desde que Michel Temer assumiu a presidência e, consequentemente, a bancada ruralista passou a integrar o centro do poder.
Desde então, já houve cortes de verbas no orçamento do Ministério do Meio Ambiente e na Funai; a Medida Provisória 759, que beneficia a grilagem de terras, foi aprovada no Congresso; o licenciamento ambiental pode ser enfraquecido por novo Projeto de Lei; e grandes áreas de terras da União podem ser liberadas para venda para estrangeiros.
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