domingo, 23 de julho de 2017

Gatos predadores

Resultado de imagen para imagens gato caçando passaro




Áreas de Cerrado em recuperação após anos de uso para agropecuária ou plantio de eucalipto podem abrigar tantos animais quanto áreas sem interferência humana. É o que apontam pesquisadores brasileiros e britânicos a partir de imagens capturadas por armadilhas fotográficas instaladas no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, distribuído nos municípios mineiros de Cônego Marinho, Januária e Bonito de Minas. Antes de seu estabelecimento, nos anos 1990, a região do parque serviu à pecuária, plantio de eucalipto e produção de carvão.



As fotos e vídeos mostram antas, tamanduás-bandeira, porcos-do-mato e outros grandes mamíferos, em quantidade e frequencia semelhantes a de áreas naturais. Todavia, o caso do Parque Estadual não pode ser extrapolado para o restante do bioma. Afinal, uma área protegida tem justamente a função de abrigar animais silvestres. "Não quero que as pessoas pensem que podemos cortar tudo e que tudo voltará ao normal. Mas quando você abandona o pasto, por exemplo, pode levar algum tempo, mas o Cerrado retornará. Se você dar tempo suficiente, eu diria que a vida selvagem também retornará", comentou Guilherme Ferreira, do Instituto Biotrópicos (MG). A pesquisa está publicada na revista Biotropica e traz esperança para a manutenção da biodiversidade no bioma, que perdeu metade da vegetação nativa em apenas cinco décadas, majoritariamente para a formação de pastagens para gado.


Da agropecuária brasileira, o Cerrado já responde por mais de metade da produção de soja, por 40% da carne bovina e por 84% do algodão. E a fronteira produtiva segue avançando, agora rumo ao Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, onde estão os remanescentes do bioma. Em termos globais, a agricultura é a principal causa de perdas de biodiversidade. Um time internacional de pesquisadores se debruçou sobre o tema para jogar luz em regiões com alto risco de perder vida silvestre pela expansão agrícola.



Com essa bússola nas mãos, a equipe aponta que um terço das espécies pode ser perdido pela avanço de lavouras na Amazônia e regiões da África. Outras áreas na mira do agro foram identificadas na Índia e na Europa Oriental. Publicado na revista Nature, o trabalho também levanta o baixo nível de proteção oficial dessas regiões. Na África tropical, por exemplo, apenas 21% das áreas no caminho da expansão agrícola estão protegidas. Do Cerrado brasileiro, menos de 3% são abrigado em parques nacionais e outros tipos de Unidades de Conservação de Proteção integral. Frente ao aumento da produção no campo, melhor planejar o uso da terra e ampliar a rede de áreas protegidas são medidas que poderiam reduzir perdas de biodiversidade.


@ Implantar estradas e rodovias para tráfego normal de veículos dentro de parques nacionais ou estaduais e demais tipos de Unidades de Conservação prejudica aves e outras espécies que vivem nessas áreas. É o que constataram pesquisadores brasileiros em artigo publicado na revista Ornitologia Neotropical. Para tanto, o grupo analisou a influência da BR-472 sobre o Parque Estadual do Espinilho, em Barra do Quaraí, no extremo sudoeste do Rio Grande do Sul.


A rodovia corta ao meio a área protegida. Conforme a pesquisa, quanto mais longe do asfalto, maiores a quantidade e a variedade de aves. “Com base nos nossos resultados, reforçamos a recomendação que rodovias devem ser evitadas próximas ou dentro de áreas destinadas à conservação. Em áreas protegidas onde as rodovias estão presentes faz‐se necessário estudos sobre os impactos das rodovias e possíveis medidas mitigadoras”, reforçam os especialistas. Seis em cada dez das mais de 300 Unidades de Conservação federais são cortadas por rodovias.


 Após vasculhar quase três centenas de estudos científicos publicados desde a Rio+20, em 2012, especialistas da Universidade de Oxford (Reino Unido) engrossaram o coro global por maior proteção de ambientes marinhos. Segundo eles, a saúde dos mares e oceanos têm influência direta na qualidade de vida das pessoas e na conservação da biodiversidade, mas esses ambientes estão seriamente ameaçados por mudanças do clima, pesca excessiva, contaminação por rejeitos da mineração e da agropecuária e poluição por quantidades colossais de plásticos e outros resíduos.


Por essas razões, pedem urgência na definição de um tratado internacional voltado à proteção do alto mar - para além da faixa de 22 quilômetros a partir da costa, sob jurisdição de cada país. "Isso é muito importante. Vários países querem desenvolver ou ampliar atividades como pesca oceânica, mineração em águas profundas, gerar energia renovável e até mesmo aquicultura marinha. É realmente vital que possamos chegar a algum acordo internacional sobre como proteger ou gerenciar a biodiversidade no alto mar diante de todas essas pressões", disse Alex Rogers, professor de Biologia de Conservação no Departamento de Zoologia de Oxford. Mais de 60% da área de mares e oceanos não tem qualquer tipo de proteção ou regras para manejo da pesca e outras atividades econômicas.


 Obedecendo seus instintos e em número cada vez maior próximo a ambientes naturais, gatos domésticos figuram entre os principais predadores de aves no mundo (foto abaixo). Apenas nos Estados Unidos, cerca de 2,5 bilhões de emplumados morrem por ataques dos bichanos a cada ano. Estudos mostram que a simples presença de gatos em áreas de reprodução de aves aumenta a captura de ovos e filhotes por outros predadores e reduz em até um terço a quantidade de alimento oferecido pelos pais a suas crias. 


O impacto é tão grande que a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) incluiu os gatos entre as cem piores espécies invasoras no planeta. 


Diante desse cenário, a Nature Canada listou medidas para reduzir a pressão desses animais domésticos sobre a vida silvestre. Entre elas, acostume o pet a viver mais tempo dentro das residências - onde devem ser criados ambientes estimulantes às atividades dos gatos -, acostume-o a passear com coleira e invista em cercas, tanto para isolar o jardim quanto para definir espaços para brincadeiras ao ar livre. 


Outras medidas são manter os gatos sempre bem alimentados, equipá-los com pequenos sinos ou chocalhos para alertar às aves quanto a sua presença e, ainda, fomentar campanhas de esterilização de gatos de rua.




Imagen relacionada
Este boletim é um oferecimento de

© Aldem Bourscheit // Jornalista DRT/RS 9781 // conectacomm@gmail.com 

- Ativista em Políticas Públicas Socioambientais


- Membro da Comissão sobre Educação e Comunicação da UICN

- Mestrando em Desenvolvimento Sustentável pelo Fórum Latino-americano de Ciências Ambientais

- Especialista em Meio Ambiente, Economia e Sociedade pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais

Nenhum comentário: