Áreas de Cerrado em recuperação após anos de uso para
agropecuária ou plantio de eucalipto podem abrigar tantos animais quanto
áreas sem interferência humana. É o que apontam pesquisadores brasileiros e
britânicos a partir de imagens capturadas por armadilhas fotográficas
instaladas no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, distribuído nos
municípios mineiros de Cônego Marinho, Januária e Bonito de Minas. Antes de
seu estabelecimento, nos anos 1990, a região do parque serviu à pecuária,
plantio de eucalipto e produção de carvão.
As fotos e vídeos mostram antas,
tamanduás-bandeira, porcos-do-mato e outros grandes mamíferos, em
quantidade e frequencia semelhantes a de áreas naturais. Todavia, o caso do
Parque Estadual não pode ser extrapolado para o restante do bioma. Afinal,
uma área protegida tem justamente a função de abrigar animais silvestres.
"Não quero que as pessoas pensem que podemos cortar tudo e que tudo
voltará ao normal. Mas quando você abandona o pasto, por exemplo, pode
levar algum tempo, mas o Cerrado retornará. Se você dar tempo suficiente,
eu diria que a vida selvagem também retornará",
comentou Guilherme Ferreira, do Instituto Biotrópicos
(MG). A pesquisa está
publicada na revista Biotropica e traz esperança para a
manutenção da biodiversidade no bioma, que perdeu metade da vegetação
nativa em apenas
cinco décadas, majoritariamente para a formação de
pastagens para gado.
Da agropecuária brasileira, o Cerrado já responde por mais de metade da
produção de soja, por 40% da carne bovina e por 84% do algodão. E a
fronteira produtiva segue avançando, agora rumo ao Maranhão, Piauí,
Tocantins e Bahia, onde estão os remanescentes do bioma. Em termos globais,
a agricultura é a principal causa de perdas de biodiversidade. Um time
internacional de pesquisadores se debruçou sobre o tema para jogar luz em
regiões com alto risco de perder vida silvestre pela expansão agrícola.
Com
essa bússola nas mãos, a equipe aponta que um terço das espécies pode ser
perdido pela avanço de lavouras na Amazônia e regiões da África. Outras
áreas na mira do
agro foram identificadas na Índia e na Europa
Oriental. Publicado na revista
Nature, o trabalho também levanta o baixo nível de
proteção oficial dessas regiões. Na África tropical, por exemplo, apenas
21% das áreas no caminho da expansão agrícola estão protegidas. Do Cerrado
brasileiro, menos de 3% são abrigado em parques nacionais e outros tipos de
Unidades de Conservação de Proteção integral. Frente ao aumento da produção
no campo, melhor planejar o uso da terra e ampliar a rede de áreas
protegidas são medidas que poderiam reduzir perdas de biodiversidade.
@ Implantar estradas e rodovias para tráfego normal de veículos dentro de
parques nacionais ou estaduais e demais tipos de Unidades de Conservação
prejudica aves e outras espécies que vivem nessas áreas. É o que
constataram pesquisadores brasileiros em artigo publicado na revista
Ornitologia
Neotropical. Para tanto, o grupo analisou a influência da BR-472 sobre
o
Parque Estadual do Espinilho, em Barra do Quaraí, no
extremo sudoeste do Rio Grande do Sul.
A rodovia
corta ao meio a
área protegida. Conforme a pesquisa, quanto mais longe do asfalto, maiores
a quantidade e a variedade de aves. “Com base nos nossos resultados,
reforçamos a recomendação que rodovias devem ser evitadas próximas ou
dentro de áreas destinadas à conservação. Em áreas protegidas onde as
rodovias estão presentes faz‐se necessário estudos sobre os impactos das
rodovias e possíveis medidas mitigadoras”, reforçam os especialistas. Seis
em cada dez das mais de 300 Unidades de Conservação federais são cortadas por
rodovias.
Após vasculhar quase três centenas de estudos científicos publicados
desde a Rio+20, em 2012, especialistas da Universidade de Oxford (Reino
Unido) engrossaram o coro global por maior proteção de ambientes marinhos.
Segundo eles, a saúde dos mares e oceanos têm influência direta na
qualidade de vida das pessoas e na conservação da biodiversidade, mas esses
ambientes estão seriamente ameaçados por mudanças do clima, pesca
excessiva, contaminação por rejeitos da mineração e da agropecuária e poluição
por quantidades colossais de plásticos e outros resíduos.
Por essas razões,
pedem urgência na definição de um tratado internacional voltado à proteção
do alto mar - para além da faixa de 22 quilômetros a partir da costa, sob
jurisdição de cada país. "Isso é muito importante. Vários países
querem desenvolver ou ampliar atividades como pesca oceânica, mineração em
águas profundas, gerar energia renovável e até mesmo aquicultura marinha. É
realmente vital que possamos chegar a algum acordo internacional sobre como
proteger ou gerenciar a biodiversidade no alto mar diante de todas essas
pressões",
disse Alex Rogers, professor de Biologia de Conservação
no Departamento de Zoologia de Oxford. Mais de 60% da área de mares e
oceanos não tem qualquer tipo de proteção ou regras para manejo da pesca e
outras atividades econômicas.
Obedecendo seus instintos e em número cada vez maior próximo a ambientes
naturais, gatos domésticos figuram entre os principais predadores de aves
no mundo (foto abaixo). Apenas nos Estados Unidos, cerca de 2,5 bilhões de
emplumados morrem por ataques dos bichanos a cada ano. Estudos mostram que
a simples presença de gatos em áreas de reprodução de aves aumenta a
captura de ovos e filhotes por outros predadores e reduz em até um terço a
quantidade de alimento oferecido pelos
pais a suas crias.
Outras medidas são manter os gatos sempre bem
alimentados, equipá-los com pequenos sinos ou chocalhos para alertar às
aves quanto a sua presença e, ainda, fomentar campanhas de esterilização de
gatos de rua.
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