20.09.2017 • Notícias
Discurso dissociado da
prática. Defesa da Amazônia para a seleta plateia da ONU e apoio
irrestrito da bancada ruralista em projetos que trazem flagrantes
retrocessos ambientais para o Brasil.
Comemora dados preliminares de uma possível queda do desmatamento na Amazônia, prontamente desmentido, e não desiste de liberar a área da Renca para a exploração mineral, além de cortar o orçamento do ministério do Meio Ambiente.
Comemora dados preliminares de uma possível queda do desmatamento na Amazônia, prontamente desmentido, e não desiste de liberar a área da Renca para a exploração mineral, além de cortar o orçamento do ministério do Meio Ambiente.
É esta a toada do governo Michel Temer,
demonstrada no pronunciamento na 72ª Assembleia Geral da ONU, nesta
terça (19/09), em Nova York. Enquanto isso, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, sinalizava que a pauta da Renca está viva e que novos passos deverão ser dados pelo governo federal, a despeito da decisão judicial que anulou o decreto, criticado internacionalmente.
No mesmo dia, o movimento #Resista, que
reúne mais de 150 organizações da sociedade civil, incluindo o Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM, denunciou em protesto na
capital federal e em carta-manifesto que o discurso de Temer não condiz
com a realidade e que a sociedade não vai aceitar mais retrocessos na
agenda socioambiental impostos pelo governo e pela bancada ruralista no
Congresso.
“Esse discurso dúbio não será tolerado”,
reforça a diretora de ciência do IPAM, Ane Alencar. “O governo precisa
se posicionar de fato contra a extinção da Renca e a favor da Amazônia”,
afirma.
Longe da tentativa de passar a impressão
de avanços positivos na agenda socioambiental, o movimento #Resista
lembra no manifesto que não aceitaremos a entrega de nosso país, de
nossos recursos naturais, de nossas florestas, a retirada de direitos
das populações tradicionais e camponesas, nem a criminalização da luta
social. “A nossa diversidade (biológica e cultural) é nossa maior
riqueza e não deve servir como moeda de troca em obscuras negociatas
políticas no Congresso”, diz a carta-manifesto divulgada pelo grupo.
As organizações participantes do
#Resista reforçam sua posição contrária a iniciativas retrógradas do
governo, que incluem: redução e extinção de áreas protegidas;
paralisação das demarcações de terras indígenas, quilombolas e da
reforma agrária; enfraquecimento do licenciamento ambiental, ataque à
soberania e aprofundamento da insegurança alimentar e nutricional;
tentativas de desregulamentação e liberação de agrotóxicos ainda mais
agressivos à saúde da população e ao meio ambiente; venda de terras para
estrangeiros; anistia a crimes ambientais e a dívidas do agronegócio;
legalização da grilagem de terras; supressão de direitos de mulheres, de
povos e comunidade tradicionais, populações camponesas, trabalhadores e
trabalhadoras rurais e urbanos; e liberação de áreas de floresta para a
exploração mineral.
Toda a sociedade, os povos das águas, do
campo e das florestas, os coletivos urbanos e a população em geral são
convidados a se juntar nessa articulação.
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