sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

À espera da motosserra passar

Por Vandré Fonseca
Foto: Lincoln Park Zoo/ Sharon Dewar.
Foto: Lincoln Park Zoo/ Sharon Dewar.

Grandes primatas selvagens voltam a ocupar as áreas onde ocorre corte seletivo de árvores, indicando que é possível combinar a exploração madeireira nestas áreas com a proteção de grandes espécies ameaçadas na África.

Esse é o resultado de um estudo realizado por pesquisadores do Parque Zoológico Lincoln, de Chicago, Estados Unidos, no Triângulo Goualougo, na República do Congo, um ecossistema protegido que abriga chimpanzés, gorilas-ocidentais-das-terras-baixas (Gorilla gorilla gorilla), além de outros grandes mamíferos, como elefantes. Na área, onde é permitida a extração madeireiras, podem ser retiradas entre 1 e 3 árvores por hectare de floresta.

Ao longo de um ano, pesquisadores acompanharam os efeitos da extração seletiva de madeira, mergulhados nessa região remota, que fica na parte sul do Parque Nacional Nouabale-Ndoki. Conforme o resultado, publicado na edição desta segunda-feira da Biological Conservation os grandes primatas voltam a ocupar áreas de onde haviam sido afastados devido ao corte de árvores.


“Após ter sido explorada duas vezes pela madeireira, por meio do corte seletivo, chimpanzés e gorilas permanecem na área“, afirma o biólogo David Morgan, co-diretor do Centro Lester E. Fisher para Estudo e Conservação de Primatas, que liderou o estudo. “Gorilas permanecem mais estáveis, enquanto chimpanzés podem sofrer um impacto maior da atividade humana“, completa.

Os pesquisadores explicam que os gorilas retornam logo após cessada a atividade madeireira, para se alimentar das plantas herbáceas que crescem no solo. Os chimpanzés, que vivem no dossel das árvores, são mais afetados e demoram mais para ocupar novamente as áreas.

Os pesquisadores trabalharem em colaboração com a madeireira Congolese Industry Dubois (CIB), em atividade na região desde a década de 1970. No final dos anos 1990, a empresa adotou práticas mais racionais, para reduzir os impactos da exploração sobre a floresta e animais. A empresa forneceu dados do inventário florestal, enquanto obteve informações sobre ninhos dos grandes primatas, em contrapartida.

David Morgan destaca a necessidade e importância de guardas-florestais para evitar a entrada de pessoas nas áreas onde o acesso foi facilitado pela atividade madeireira. Os estudos continuam e ele acredita que possam ajudar a encontrar alternativas para proteger grandes primatas em outras regiões da África.

Vídeo em inglês

 https://youtu.be/kRKsKUbibf8

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