Dois anos depois da assinatura do Acordo de Paris, dezenas de autoridades mundiais reuniram-se, na capital francesa, para tentar acelerar a luta contra as mudanças climáticas. A ideia do encontro, chamado One Planet Summit, foi lançada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, após o colega norte-americano, Donald Trump, ter anunciado, em junho último, a retirada dos Estados Unidos do histórico pacto contra o aquecimento global firmado em 2015. Macron ressaltou que os países “não estão avançando rápido o suficiente” para conter “a tragédia” e que “todos prestarão contas” disso.
“O que estamos começando hoje é o tempo da ação, porque a emergência se tornou permanente. Não podemos dizer que não sabíamos”, disse Macron, perante os representantes de 127 Estados, instituições internacionais e personalidades do setor privado. Antes, em entrevista à CBS, o presidente francês voltou a questionar o presidente americano sobre sua “responsabilidade diante da História” e disse ter “bastante certeza” de que Trump “vai mudar de ideia nos próximos meses ou anos”.
O presidente americano não foi convidado para a cúpula, mas os Estados Unidos foram representados por um encarregado da embaixada. O ex-secretário de Estado americano John Kerry criticou a ausência de um representante de peso de seu país. “É muito decepcionante. É pior do que decepcionante. É uma desgraça, quando se leva em conta os fatos, a ciência, o senso comum, todo o trabalho que se fez”, disse à Agência France-Presse (AFP).
Os presentes anunciaram seus compromissos contra a mudança climática, como a redução do uso de energias fósseis e maior pressão sobre empresas para que se tornem “verdes” (Veja quadro). Autoridades também destacaram a necessidade de investimentos. “A Agência Internacional de Energia estima que serão necessários, em média, US$ 3,5 bilhões ao ano, durante 30 anos, para conter o aumento das temperaturas a um mínimo de 2°C”, declarou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Compromissos
» Petróleo e gás
O Banco Mundial anunciou que, a partir de 2019, não vai mais financiar a exploração de petróleo e gás e que, a partir de 2018, passará a publicar as emissões de gases causadores do efeito estufa decorrentes dos projetos financiados por ele em setores mais sensíveis, como o de energia.
» Risco climático
Mais de 200 empresas decidiram adotar recomendações de um grupo ligado ao G20 para melhorar a adoção do risco climático. Entre elas, estão 20 dos mais importantes bancos do mundo e 80% dos administradores de ativos, como o HSBC e a seguradora AXA. Também se comprometeram a publicar suas estratégias regularmente.
» Carbono
Países das Américas acordaram em fixar um preço às emissões de gases de efeito estufa. A iniciativa foi lançada por líderes de Canadá, Colômbia, Chile, México, os governadores da Califórnia e de Washington, e os primeiros-ministros de províncias canadenses.
» Vigilância
Um grupo de mais de 200 grandes investidores decidiu pressionar 100 dos maiores emissores de gases para que melhorem sua “governança” sobre a mudança climática, reduzam suas emissões e reforcem a publicação de suas informações financeiras referentes ao clima. Entre as que serão pressionadas estão gigantes de petróleo e gás e do transporte.
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