Ajuda Animal
Quando adotamos ou compramos um animal, estamos a assumir um compromisso e responsabilidade para toda a vida. Por isso os amigos dos animais se debatem tanto para informar as pessoas dessa responsabilidade ANTES que elas adotem.
É preciso pensar muito bem e avaliar todos os prós e contras dessa decisão. Há espaço? Há tempo? Há dinheiro (por vezes muito dinheiro)? E como vai ser nas férias? A resposta prévia a estas perguntas seguramente evitaria que muitos animais acabassem abandonados nas ruas, mas ainda assim, os abandonos continuam.
Muitas vezes as pessoas decidem desfazer-se dos seus animais por problemas que poderiam ter solução. Por exemplo, se decidiu dar o seu animal devido a problemas de comportamento, já experimentou falar primeiro sobre isso com o seu veterinário? O seu animal pode estar com um problema de saúde que, por lhe causar dores e desconforto, o leve a comportar-se de forma diferente do desejável. Infeções urinárias, por exemplo, podem levar o animal a urinar pela casa toda, um problema sério mas facilmente tratável pelo veterinário.
No entanto, admitimos que possam existir situações excecionais em que uma pessoa se vê mesmo obrigada a dar os seus animais para adoção.
Uma vez que essa é uma questão que recebemos com frequência no nosso email, decidimos criar um artigo com algumas dicas para que possa doar o seu animal da forma mais humana e correta possível. Não se iluda: o processo vai ser sempre mau, ainda que possa vir a ser a melhor opção a longo prazo. O seu animal confia em si e doá-lo é um grande passo atrás para ele, quer física como emocionalmente. Para ele, você é a sua família, e ao deixá-lo vai ser como uma traição. Tenha noção disso quando tomar a decisão de o doar.
Não abandone o seu animal sob qualquer circunstância. Além de ser crime, tanto em Portugal como no Brasil (e muitos outros países) você quer e é capaz de fazer muito melhor por aquela vida que depende totalmente de si.
Nota: Apesar deste artigo estar direcionado para quem está a doar o seu próprio animal, as sugestões também se aplicam a quem está a doar um animal que resgatou. Se é o seu caso, parabéns por ter salvo uma vida! E esperamos que as dicas lhe sejam úteis.
Vamos então a algumas dicas.
1. Comece a tratar da doação atempadamente
Dificilmente conseguirá encontrar um novo dono para o seu animal de um dia para o outro. Se decidiu ir morar para o estrangeiro e não pode de forma alguma levar o seu animal, comece a tratar da doação de preferência vários meses antes da sua data de partida.Deixar para a última hora vai dar mau resultado, e vamos ser sinceros, é uma falta de respeito para com o animal.
2. Assegure os cuidados básicos de saúde
Certifique-se que o seu animal tem a vacinação em dia, está desparasitado (interna e externamente) e, se possível, castrado / esterilizado. É bastante mais difícil encontrar um dono se o animal não tiver os seus cuidados básicos de saúde assegurados.Caso tenha dificuldades financeiras, procure apoio junto de veterinários solidários. Em Portugal, existe o Hospital Veterinário Solidário da SOS Animal e também a Associação Animalife, que prestam apoio ao tratamento dos animais de famílias carenciadas. No Brasil, tem o Programa Veterinário Solidário da Arca Brasil. Existem campanhas de castrações gratuitas ou a preços muito reduzidos. Esteja atento ás datas e aos locais para usufruir dessa possibilidade.
Pode também solicitar ao futuro adotante que comparticipe nos custos dos cuidados veterinários necessários no momento da adoção. Cabe à pessoa aceitar essa “taxa de adoção” ou não, adotando o animal ou não (ou chegando a outro tipo de acordo consigo).
3. Pesquise o seu círculo mais próximo
Antes de começar a divulgar que o animal está disponível para adoção, fale primeiro com os seus familiares, amigos e outras pessoas conhecidas que gostem de animais.Explique a situação, existem muitas pessoas que conhecem alguém que sempre desejou ter este ou aquele animal, e pode ser que consiga encontrar logo nos seus contactos um bom adotante.
Além de facilitar o processo, ainda tem a vantagem de ficar mais tranquilo, uma vez que já conhece a pessoa que vai ficar com o seu animal.
4. Crie um anúncio
Se ninguém no seu círculo próximo estiver interessado na adoção, o próximo passo é criar um anúncio. Comece por tirar ou escolher umas boas fotos do seu animal, onde as pessoas o consigam ver nitidamente.De seguida, comece a criar o anúncio. Existem vários serviços online que permitem criar anúncios de adoção automaticamente. Basta preencher os dados e publicar, e ficarão de imediato disponíveis para quem estiver à procura de um animal para adotar.
Em Portugal, os sites de referência para criar e publicar anúncios são o Adopta-me e a Animalife. No Brasil, tem o Pataapata, o Olhar Animal, o Web Animal, o Adote Bicho, o SOS Bichos, o Pets Online ou o Procure 1 Amigo.
No anúncio, certifique-se que coloca todas as informações importantes. Coloque o nome (personaliza o animal, em vez de ser apenas um cão ou um gato), o sexo, a idade, o porte (se for um cão), a raça (se tiver), a localização (se tiver possibilidade de entregar o animal mais longe, indique isso), a situação clínica das vacinas / desparasitação / castração / microchip e o seu contacto.
Adicione também outros dados que possam ser relevantes: o seu historial, se está habituado a apartamentos, como se dá com outros animais, como reage a crianças, entre outros. Seja honesto sobre as qualidades e defeitos do animal: não existem animais perfeitos e as pessoas ficam mais inclinadas a adotar se já conhecerem bem o animal.
Pondere ainda colocar um vídeo do animal no Youtube, e um link para o mesmo no anúncio. Hoje em dia até os telemóveis mais baratos permitem obter bons vídeos, é um detalhe interessante e rápido de fazer. Um álbum de fotografias no Facebook também pode ser uma adição interessante. Quanto mais completo e detalhado for o anúncio, maiores as probabilidades de ter sucesso.
5. Divulgue (muito)
Esta é a parte mais importante. Encontrar um bom adotante depende muito da divulgação que fizer e a quantas pessoas conseguir chegar.Após a criação do anúncio, divulgue-o ao máximo pelas redes sociais onde estiver presente, de preferência o Facebook e o Twitter. No caso do Facebook, procure especificamente grupos de adoção de animais e publique também neles. Existem muitos, e com milhares de pessoas, o que aumenta a sua chance.
Apesar da Internet ser um excelente meio de divulgação, não se fique por aí. Divulgue também em espaços físicos como pet shops, veterinários, cafés e lojistas que lhe permitam divulgar nas suas montras. Cole cartazes na rua (onde for permitido), sobretudo nos maiores pontos de circulação de pessoas.
Pode criar facilmente um cartaz já pronto a imprimir através do Lambe-lambe, na Arca Brasil. Em alternativa, pode criar um cartaz no seu computador através de um programa simples como o PowerPoint, ou outro semelhante.
6. Avaliação do novo adotante
Este é um passo que muitas vezes as pessoas saltam, inclusive pela pressa em doar o animal, caso tenha um prazo específico (por exemplo uma mudança para outro país). No entanto, é importante que pelo menos faça uma primeira avaliação do potencial adotante. Afinal, você quer que o animal fique bem entregue.Converse com o possível adotante e procure saber se ele está ciente da responsabilidade de ter um animal, que condições tem previstas para o animal viver, a disponibilidade financeira para assegurar cuidados veterinários sempre que necessário e que tipo de relação tem com os animais.
Se possível, combine com o possível adotante uma visita a casa dele. Algumas pessoas sentem-se desconfortáveis, quer quem avalia as condições, como quem é avaliado, mas uma pessoa realmente interessada em adotar o animal não se importará que visite a sua casa, aliás, deverá ter todo o gosto em lhe mostrar como o animal será bem tratado e feliz.
Em casos específicos, é necessário um cuidado extra: se o animal que está a doar for arraçado de pit bull ou outra raça frequentemente utilizada em lutas de cães, procure certificar-se que não será esse o seu destino. A doação de gatos pretos durante a época do halloween também é desaconselhada pelas associações, devido a rituais e superstições que possam ferir ou mesmo matar o animal.
Se o animal ainda não estiver esterilizado, procure consciencializar o novo dono a fazê-lo, ou pelo menos evitar que procrie. A procriação descontrolada de cães e gatos é um dos grandes responsáveis pelas elevadas taxas de abandono.
7. Se não surgir um adotante
Caso os seus esforços na divulgação não surtam efeito, e estiver a ficar com um prazo apertado para doar o seu animal, não desista já. Ainda existem opções.Uma delas é contactar as associações e ONG’s perto da sua área de residência. Se mora em Portugal, pode consultar a nossa lista de associações, dividida por distritos. Esta não deve ser uma opção inicial, uma vez que a grande maioria (senão todas) as associações sofrem de sobrelotação e falta de apoios. Mas em último caso, vale a tentativa.
Outra hipótese é, para além dos anúncios de adoção, anunciar também o pedido de uma FAT (Família de Acolhimento Temporário). Esta é uma situação sensível, pois a pessoa ou família que ficar temporariamente com o animal, pode arriscar-se a ter de ficar com ele por bastante mais tempo que o previsto, uma vez que você não poderá recebê-lo de volta (é por isso que o está a doar, correto?).
No entanto, é uma opção a ter em conta caso todas as outras falhem, pois a possível FAT será sensível ao facto de o animal não ter mais onde ficar. Além disso, também pode chegar a um acordo com essa pessoa, por exemplo, financiar a alimentação e outros cuidados que o animal precise enquanto está na casa da FAT, a aguardar por um dono definitivo.
Tente tudo, porque o abandono nunca pode chegar a ser uma solução em cima da mesa.
Desejamos que encontre o lar perfeito para o seu animal, porque ele certamente o merece.
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