segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Conheça as primatas clonadas com a técnica da ovelha Dolly

Conheça as primatas clonadas com a técnica da ovelha Dolly

25/01/2018 - 14H01/ atualizado 14H0101 / por Redação Galileu
Zhong Zhong e Hua Hua (Foto: Qiang Sun e Mu-ming Poo/ Chinese Academy of Sciences)
Uma nova conquista para a ciência aconteceu no Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai. Foi ali que nasceram, a partir de uma cesariana, duas macacas fêmeas da espécie cinomolgo (comum no Sudeste Asiático), criadas pelo processo de clonagem que deu origem à ovelha Dolly há 20 anos.

Nomeadas de Zhong Zhong e Hua Hua, as duas primatas já estão com oito e seis semanas de vida, respectivamente. Como foram gestadas por mães de aluguel diferentes, os animais nasceram também em períodos diferentes.

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O mérito desse trabalho é dos pesquisadores Qiang Sun e Mu-ming Poo, que lideraram os estudos sobre os clones no Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências. Segundo os cientistas, a pesquisa biomédica irá se beneficiar muito das clonagens de macacos no futuro. “Muitas questões da biologia dos primatas podem ser estudadas por esse modelo. É possível produzir macacos clonados com o mesmo material genético, exceto por genes específicos que se deseje manipular. Isso levará a modelos precisos de doenças cerebrais de base genética, câncer, doenças imunes, além de permitir testar o funcionamento de drogas antes do uso clínico”, afirmou Sun no anúncio da pesquisa.

Transferência nuclear de célula somática
Zhong Zhong e Hua Hua não são os primeiros primatas clonados: esse título vai para Tetra, uma macaca que nasceu em 1999 por meio de um método conhecido por separação embrionária. Porém, as duas macacas nascidas em Xangai sãos as primeiras originadas a partir do processo de transferência nuclear de células somáticas, mesmo método que deu vida à ovelha Dolly, há 20 anos.
A transferência nuclear de células somáticas é um método em que pesquisadores separam óvulos, removem seus núcleos e os substituem por núcleos de outras células diferenciadas. Assim ocorre a origem de um clone, que é o crescimento de uma célula com um núcleo substituto.
No caso das macacas, os cientistas coletaram células de fetos de cinomolgo ao mesmo tempo em que extraíram óculos de macacas doadoras. Quando o núcleo dos óvulos foi retirado, grande parte do material genético foi eliminado. Então, as células de feto são inseridas nos óvulos “vazios”, que vão dispostas no útero das mães de aluguel. Assim, o embrião começa a crescer a partir do DNA do feto coletado, tornando-se um clone dele.
Para realizar esse processo, os pesquisadores coletam muitos óvulos e células de feto, pois é complicado se chegar a um filhote passível de se desenvolver e crescer – muitos acabaram morrendo.

Isso acontece, em grande parte, porque os núcleos de células diferenciadas dos macacos, ao serem inseridos no óvulo, apresentam dificuldades de voltar à condição de embrião recém-fecundado.
Sun e seus colegas de pesquisa conseguiram driblar essa dificuldade ao introduzir moduladores epigênicos capazes de “reiniciar” a programação do DNA da célula do feto inserido e possibilitar que o embrião consiga originar todas as partes necessárias para crescer.

O grupo pretende fazer mais estudos para aperfeiçoar a técnica de clonagem e continuar monitorando as macaquinhas, avaliando o desenvolvimento intelectual e físicos delas. Por enquanto, elas estão sendo alimentadas com mamadeiras de leite e estão crescendo normalmente como macacos da idade delas.


O laboratório do Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências está seguindo as normas do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos para realizar os estudos com os animais. Além disso, os pesquisadores propõem que a comunidade científica discuta o que deve ser permitido ou não no estudo das clonagens de primatas.

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