quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O Estado de S. Paulo – Camada de ozônio cresce, indica ONU

O Estado de S. Paulo – Camada de ozônio cresce, indica ONU


HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-25/7/2017

A camada de ozônio, proteção da Terra contra raios ultravioleta do Sol, está finalmente se recuperando do dano causado por sprays de aerossol e refrigeradores. É o que indica um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado anteontem.

“É uma ótima notícia”, disse Paul Newman, um dos autores do estudo e geocientista do Goddard Space Flight Center, da agência espacial americana Nasa. “Se as emissões de substâncias nocivas à camada de ozônio tivessem continuado a crescer, estaríamos sentindo efeitos enormes. Nós conseguimos parar isso.”

O ozônio presente na atmosfera terrestre protege o planeta da radiação ultravioleta, que pode causar câncer de pele, enfraquecer o sistema imunológico humano e provocar dano às colheitas, entre outros problemas. Produtos químicos do tipo clorofluorcarbono (CFC), que já foram amplamente utilizados na fabricação de ar condicionado, gás de geladeira, aerossóis, espumas plásticas e solventes, são responsáveis pela destruição da camada. Em 1987, quase 200 países de todo o mundo assinaram o Tratado de Montreal – compromisso de reduzir gradativamente e, eventualmente, extinguir o uso do CFC. Desde 1999, o composto é banido no Brasil.

Como resultado dessa política, a parte da camada que cobre o Hemisfério Norte deve se regenerar completamente na década de 2030, enquanto que o buraco do Hemisfério Sul, que cobre a Antártida, deve desaparecer por volta dos anos 2060. O estudo foi divulgado em conferência da ONU em Quito.

No final da década de 1990, cerca de 10% da parte superior da camada de ozônio estava deteriorada. Desde 2000, entretanto, a camada tem crescido de 1 a 3% por década, diz o relatório. Neste ano, o buraco sobre o polo sul chegou a medir 24,8 km² – aproximadamente 16% menos do que o recorde de 29,6 km² registrado em 2006. Newman diz que, caso o mundo não tivesse ficado em alerta sobre o estreitamento da camada de ozônio, ela teria sido destruída em dois terços até 2065.

Mas o sucesso da política de redução dos CFC ainda é relativo. Para o pesquisador Brian Toon, da Universidade do Colorado (EUA), estamos só no ponto de partida da recuperação. Uma nova tecnologia detectou o crescimento de emissões de um CFC banido no leste asiático, segundo relatório da ONU.

Aquecimento global. Os avanços são registrados pouco depois do lançamento de um informe do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), que concluiu que “só restam doze anos para limitar o aquecimento global em 1,5 °C” e que um maior aumento nas temperaturas globais causará um impacto cada vez mais extremo na vida humana e nos ecossistemas.”

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