terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Correio Braziliense – Frente em defesa do Acordo de Paris

Correio Braziliense – Frente em defesa do Acordo de Paris


12 jan. 2019

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acredita que o Brasil vai se manter como signatário do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, apesar da ameaça do presidente Jair Bolsonaro de abandonar o tratado, que estabelece para os aderentes metas de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. “Não precisamos sair do acordo do clima”, disse o ministro em entreviasta à Rádio Eldorado. “É preciso ter muito cuidado e saber identificar oportunidades de avanços em parcerias e recursos que decorram dessa agenda. E, por outro lado, identificar riscos de ingerência internacional sobre o território, a produção agropecuária e o patrimônio genético.”

Na opinião de Salles, o tratado fechado na capital francesa e firmado pelo país em abril de 2016 “não é totalmente ruim nem bom”. “É um guarda-chuva sob o qual podemos fazer coisas boas e evitar coisas ruins, e é nessa linha que eu acho que devemos caminhar”, ponderou. O ministro responsabilizou o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) pela desistência de sediar a conferência climática das Nações Unidas em 2019, a COP-25. Bolsonaro, porém, disse ter participado da decisão.

Ricardo Salles afirmou que não foi comunicado sobre o fim da Subsecretaria-Geral de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Ele prometeu, apesar disso, manter uma interação com o Itamaraty para facilitar a atuação do país nos foros internacionais da questão ambiental. E defendeu a publicação de mais detalhaes sobre o desmatamento no Brasil. “Não são as áreas produtivas que estão acolhendo a totalidade do desmatamento. Uma parte decorre da fiscalização ineficiente”, avaliou.

Agronegócio
Também representantes do agronegócio defenderam que o Brasil permaneça no Acordo de Paris, inclusive pelos interesses comerciais. “Quem quer sair (do tratado) é porque nunca exportou nada”, opinou o diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o engenheiro agrônomo Luiz Cornacchioni, falando ao jornal O Estado de S. Paulo. Em 2018, o setor exportou mais de US$ 100 bilhões.

“Em muitas questões, não é preciso apenas ser sustentável. Porque nós somos, mas é preciso mostrar também”, sustenta Cornacchioni. “Muitas vezes, a gente perde negócios por causa da imagem.” Para o diretor da Abag, a eventual saída do acordo climático pode dificultar os negócios. “Se tirarmos a sustentabilidade da equação, ela não fecha.”

A Abag, a Sociedade Rural Brasileira, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Apex — agência do Itamaraty para a promoção das exportações — têm promovido iniciativas no exterior para mostrar casos de sucesso do agronegócio brasileiro, como a produção de biocombustíveis e projetos de pecuária sustentável. “Estamos quebrando paradigmas e desmistificando preconceitos”, elogiou.

Cornacchioni defendeu a necessidade de o Brasil atentar para as preocupações ambientais e as certificações internacionais. “Isso não afeta em nada nossa soberania e mostra disposição. Temos a oportunidade de ser protagonistas no agronegócio e de ser relevantes nessas discussões.”

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