Pesquisa mostra que um simples esbarrão pode gerar alteração de 10% no genoma dos vegetais.
“Após um toque, dentro de meia hora, 10% do genoma da planta é alterado. Isso envolve um enorme gasto de energia que é tirado de outras funções do vegetal. Se o toque se repetir, o crescimento pode ser reduzido em até 30%”, explica o diretor do instituto de agricultura da universidade e líder da pesquisa, o professor Jim Whelan. Os pesquisadores explicaram que a razão por trás dessa reação ainda não está clara. Entretanto, um dos motivos pode estar associado à defesa contra o ataque de insetos. A hipótese é que, quando um inseto pousa em uma planta, por exemplo, os genes são ativados para defendê-la.
Os resultados desse estudo, publicado na revista The Plant Journal, podem levar a novas abordagens para otimizar o crescimento e a produtividade de culturas agrícolas. “Por meio de técnicas de biologia molecular, esse gene poderia ser desativado em plantas cultivadas, permitindo a elas economizar toda essa energia que seria gasta para se defender de toques inofensivos”, ressalta Adriana Brondani, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Para a executiva, essa característica pode ter sido uma resposta evolutiva às ameças. “É possível que as plantas selvagens tenham desenvolvido esse mecanismo de defesa contra toques porque insetos podem danificar suas folhas e caules, prejudicando seu desenvolvimento”, afirma. Entretanto, na agricultura, onde o plantio e o crescimento são constantemente monitorados, esse gene pode fazer com que a planta desperdice energia.
“A edição genética poderia silenciar esse gene em culturas essenciais para a alimentação humana e animal, a exemplo da soja, milho, trigo, arroz e etc. Essa seria uma alternativa para tentar aumentar a produtividade sem incrementar a área cultivada, contribuindo, portanto, com a sustentabilidade da agricultura”, completa Adriana.
A pesquisa foi realizada com a espécie Arabidopsis thaliana, usada como modelo em pesquisas científicas. Entretanto, é provável que seja aplicável à maioria das plantas. O próximo passo da pesquisa será testar a resposta ao toque em outras espécies vegetais.
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