terça-feira, 9 de abril de 2019

Placas ajudam a preservar ninhos de corujas no interior paulista




Placas ajudam a preservar ninhos de corujas no interior paulista


Placas ajudam a preservar ninhos de corujas no interior paulista


Uma ideia simples com resultado prático. O fotógrafo de natureza Gustavo Pinto, especialista em registrar os hábitos das corujas, decidiu fazer algo além de clicar as aves.

Com um investimento próprio, ele encomendou 65 placas de advertência e as espalhou em cinco pontos entre as cidades paulistas de Americana e Santa Bárbara d’Oeste. O material, que protege quatro casais de corujas, trata das espécies, informa sobre o risco de extinção, alerta para a existência de ninhos por ali e é taxativo no recado: não atear fogo.
Foi graças a essas placas que os mochos tiveram sucesso com seus filhotes. A partir do momento em que jogamos luz sobre a existência dos ninhos, foi incrível. Essa proteção influenciou de forma contundente na proliferação das aves
— Gustavo Pinto, fotógrafo de natureza
A proposta surgiu há quatro anos como forma de preservar as aves e garantir suas novas gerações. Na época, vários focos de incêndio começaram a ser registrados próximos dos pontos de ninho e algo precisava ser feito. Por sorte, muitos filhotes se salvaram, mas o risco continuava rondando. A proposta das placas apareceu daí.


Mocho-dos-banhados tem um voo exuberante: importante para o 
equilíbrio ambiental — Foto: Gustavo Pinto/Arquivo Pessoal
A população rapidamente entendeu o recado e passou a proteger os locais. O resultado disso é que o número de filhotes praticamente dobrou de quatro anos para cá. Da média de 5 a 6 filhotes encontrados nos ninhos, começaram a aparecer de dez a 12, de acordo com o fotógrafo.


Peças informativas estão na região de Santa Bárbara d’Oeste e Americana: 
65 placas encomendadas. — Foto: Arquivo Pessoal
Visitas e camisetas
A confecção das placas custou R$ 550, dinheiro que saiu do bolso do fotógrafo. O valor vem de saídas guiadas que ele faz com interessados em avistamentos de aves e a venda de camisetas do projeto, disponibilizadas pelas redes sociais dele. O projeto como um todo que, além da colocação das placas, também demanda roçagem e isolamento de algumas áreas com arame, tem um custo mensal de R$ 800.


Ave depende da mata para se reproduzir: espécie sofre com as queimadas 
— Foto: Gustavo Pinto/Arquivo Pessoal

Não dependo de ninguém, arregacei as mangas e me viro com isso. Deixei para trás a politicagem ou patrocínios, que acabaram sendo atrasos. Faço tudo por minha conta mesmo
Um detalhe curioso é que a luta parece ter ganhado mais um parceiro ou parceira. Desde setembro do ano passado, uma pessoa anônima deposita mensalmente R$ 300 para o fotógrafo. Um incentivo para que o projeto criado em 2012 continue de pé. “Não sei quem é essa pessoa que ajuda, ela não se identifica, mas o que ela deposita tem contribuído muito para o nosso trabalho”, agradece Gustavo Pinto.


Ideia simples e eficaz: valorização das aves e de sua observação — Foto: Arquivo Pessoal
Por Fábio Gallacci

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