Repórter conta como a promessa de progresso com Belo Monte piorou Altamira.
A repórter Débora Álvares conta como Altamira (PA) se transformou em uma das cidades com mais focos de incêndio e recordista de desmatamento na Amazônia.
O
fogo é só um sintoma de problemas muito profundos e antigos como
disputas fundiárias, ausência do Estado e altos índices de violência.
Tudo se agravou com as obras de Belo Monte, usina liberada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2010,
no final do segundo mandato de Lula.
“Belo
Monte trouxe mais gente, tornou a área mais atrativa, mais conhecida, e
de mais fácil acesso. A pressão sobre as terras indígenas aumentou
muito”, relata a procuradora da República em Altamira, Thais Santi.
Índios
de tribos como os Xikrin já agiram por conta própria para defender o
próprio território. São pelo menos 14 aldeias com grandes focos de
tensão com grileiros.
O número de crimes ambientais disparou neste
ano em Altamira — 157 inquéritos foram abertos até o dia 27 de agosto.
No ano passado inteiro, foram 67 investigações.
“Houve
uma sinalização [do governo] de que haveria mudanças na política
ambiental. Isso contribuiu para que as pessoas acreditassem que seria de
qualquer jeito e agora ‘pode tudo’. Mas têm que seguir o regramento
legal”, analisa o delegado da Polícia Federal em Altamira, Mário Sérgio
Nery.
Aliás, na última sexta,
garimpeiros atiraram em fiscais do Ibama, policiais rodoviários e até homens da Força Nacional de Segurança perto de área indígena em Altamira.
Ninguém ficou ferido, mas ninguém foi preso.
Qual regramento legal que vale numa terra sem lei?
Boa semana.
Diego Iraheta
Editor Chefe HuffPost Brasil
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