Pacto lança desafio para restaurar mais 1 milhão de
hectares de Mata Atlântica, até 2025
07 Dezembro 2019
Organizações-membro do Pacto pela Restauração da Mata
Atlântica anunciaram hoje que pretendem promover a recomposição de mais 1
milhão de hectares de mata nativa até 2025. O desafio foi apresentado por
representantes dos 300 membros do movimento, que celebraram, em Belo Horizonte
(MG), os 10 anos da iniciativa.
A área que se espera recompor, ao longo dos próximos cinco
anos, equivale a quase duas vezes a do Distrito Federal. Em 15 anos de
movimento, o resultado acumulado será de 2 milhões de hectares de cobertura
florestal recuperada no bioma.
Lançado em 2009, o movimento identificou, este ano, que já
existem cerca de 740 mil hectares de mata em diferentes estágios de
restauração, em todo o bioma. Até o ano que vem, as organizações esperam
confirmar que esse número já esteja próximo de 1 milhão de hectares, com um
estoque de, pelo menos, 30 milhões de toneladas de carbono.
“Esperamos anunciar o alcance de 1 milhão de hectares em 2020 e mais 1 milhão até 2025, acelerando o processo e concretizando uma contribuição efetiva do Brasil para o combate ao aquecimento global, com recuperação da biodiversidade e das paisagens florestais”, explica Renato Crouzeilles, pesquisador e associado do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), membro do Pacto.
Composto por ONGs, como o WWF-Brasil, institutos de
pesquisa, empresas, órgãos públicos e proprietários de terra, o Pacto Mata
Atlântica é formado por unidades regionais, sendo o maior esforço coletivo para
restauração de um bioma na América Latina. Para alcançar suas metas, no
entanto, precisará contar com a participação dos mais de 140 milhões de
brasileiros que vivem na área original da floresta atlântica.
“Precisaremos promover mais sensibilização e comunicação
para demonstrar que a restauração traz benefícios para todos os setores da
sociedade, incluindo agronegócio, indústria e turismo, além de melhorar a
qualidade de vida da população urbana e rural”, diz Crouzeilles.
“Não queremos a recuperação apenas por obrigação das leis,
que existem, mas pelo reconhecimento dos benefícios para a economia e a
produtividade rural”, completa.
Resguardada pela Lei da Mata Atlântica e também pela Lei de
Proteção da Vegetação Nativa, a recuperação de margens de rios, reservas
legais, áreas de preservação permanente e outras áreas desmatadas ilegalmente
tem também um grande potencial econômico. Envolvendo redes de coletores de
sementes, viveiros de mudas e profissionais comprometidos com a restauração da
floresta, a atividade gera trabalho e renda, melhorando os indicadores sociais
nas regiões onde ocorre.
Para acompanhar o andamento das atividades de restauração, o
Pacto também lançou, o seu sistema
de monitoramento online. A ferramenta, construída em parceria com o
MapBiomas, permite a visualização dos locais de projetos e áreas em processo de
recuperação no bioma Mata Atlântica, além dos viveiros e remanescentes
florestais existentes. Atualmente, o mapa aponta 37 mil hectares de projetos em
processo de restauração cadastrados e validados.
Segundo dados da Fundação
SOS Mata Atlântica, também membro do Pacto, o bioma abrange cerca de 15% do
território nacional, em 17 estados, sendo lar de 72% dos brasileiros e
concentrando 70% do PIB nacional. Restam apenas 12,4% da floresta da qual
dependem serviços essenciais como abastecimento de água, regulação do clima,
agricultura, pesca, energia elétrica e turismo.
Compromissos internacionais
A divulgação das metas para 2025 também faz parte do movimento #6D Its Now, que aproveita a realização da 25a COP do Clima, em Madrid, esta semana, para promover ações concretas contra as mudanças climáticas.
Por isso, nos próximos dias, membros do Pacto, como o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), de Pernambuco, o Grupo Ambiental Natureza Bela, da Bahia, e a Associação Ambientalista Copaíba, de São Paulo, promoverão o plantio de cerca 5 mil mudas, contemplando mais de 60 espécies da Mata Atlântica.
A divulgação das metas para 2025 também faz parte do movimento #6D Its Now, que aproveita a realização da 25a COP do Clima, em Madrid, esta semana, para promover ações concretas contra as mudanças climáticas.
Por isso, nos próximos dias, membros do Pacto, como o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), de Pernambuco, o Grupo Ambiental Natureza Bela, da Bahia, e a Associação Ambientalista Copaíba, de São Paulo, promoverão o plantio de cerca 5 mil mudas, contemplando mais de 60 espécies da Mata Atlântica.
Ações de restauração de ecossistemas como essa são um dos
compromissos assumidos pelo Brasil junto à comunidade internacional para
limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C acima dos níveis
pré-industriais. Entre as ações voluntárias a serem conduzidas pelo país para
colaborar com o esforço global de combate ao aquecimento está a restauração de
12 milhões de hectares de ecossistemas naturais, até 2025.
“É um momento de importância estratégica muito grande,
porque marca o vínculo com as agendas internacionais, como o Desafio de Bonn e
os compromissos climáticos do Acordo de Paris, que têm uma ligação estreita com
os processos de restauração, principalmente do bioma Mata Atlântica”, comenta
Thiago Metzker, diretor-presidente do Instituto
Bem Ambiental (IBAM), membro do Pacto.
Entre os seis principais biomas brasileiros, a Mata
Atlântica deve ser o que receberá mais ações para viabilizar o alcance de cerca
de metade da meta nacional, totalizando aproximadamente 5 milhões de hectares
restaurados no período. A área é pouco maior que o estado do Rio de
Janeiro.
Os ambiciosos objetivos nacionais foram reforçados quando o
país aceitou o Desafio
de Bonn, em 2011, ano em que foi projetada a restauração de 150 milhões de
hectares de ecossistemas nativos até 2020, em todo o mundo.
Para cumprir esses compromissos, o Estado brasileiro criou a
Política Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa, em 2015, que estrutura as
ações de restauração, visando estimular e garantir a efetividade e verificação
dos resultados em campo, em larga escala.
As articulações internacionais serão impulsionadas nos
próximos anos pela Década
da Restauração, declarada de 2021 a 2030, quando a Organização das Nações
Unidas (ONU) prevê a ampliação dos esforços de recuperação de ecossistemas
terrestres e marinhos que se encontram em estágios críticos de degradação.
10 anos apoiando a restauração
Formado inicialmente por especialistas em restauração
florestal, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica priorizou o
desenvolvimento e validação de metodologias, como forma de garantir a
efetividade das ações, por meio de plantio de mudas ou regeneração natural
acompanhada, entre outras técnicas.
“O Pacto construiu a governança e as ferramentas necessárias
para estabelecer as bases do movimento, avançando em questões importantes, como
o referencial teórico, o protocolo de monitoramento e um banco de dados de
áreas que deram a consistência e a unificação do movimento”, explica Ludmila
Pugliese, Coordenadora Nacional do Pacto e sócia-fundadora da KAWA Estratégias Sustentáveis.
Os estudos permitiram a identificação dos custos e técnicas
para promover a restauração da forma mais eficiente, empregando cuidados
simples ou integrados para o crescimento de espécies como pau-brasil,
grumixama, ipê e jequitibá.
“Nos próximos 5 anos, esperamos continuar a fortalecer ainda
mais nossa incidência política e expandir os nossos resultados, por meio das
unidades regionais, ampliando as áreas recuperadas e engajando outros atores
nessa cadeia da restauração”, projeta Pugliese.
Raízes do Pacto
O objetivo de longo prazo do Pacto é restaurar 15 milhões de
hectares de mata nativa até 2050, recuperando áreas identificadas como
degradadas ou com baixa aptidão para agropecuária.
Para o sucesso das ações e redução dos custos envolvidos
neste processo, foi desenvolvido o ‘Referencial
Teórico sobre Restauração Ecológica da Mata Atlântica’. Elaborado pelo
Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF) da ESALQ/USP, documento
que contém metodologias e informações técnicas sobre reflorestamento, apoiando
o engajamento de atores importantes para o alcance das metas.
O Conselho de Coordenação do Pacto pela Restauração da Mata
Atlântica é formado por: ABRAMPA - Associação Brasileira do Ministério Público
do Meio Ambiente, Associações e colegiados Rede de ONGs da Mata Atlântica,
LASTROP - Laboratório de Silvicultura Tropical, LEPaC - Laboratório de Ecologia
da Paisagem e Conservação, CEPAN - Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste,
AES TIETE ENERGIA S/A, ARCPLAN SS Ltda, Florestal Maarin Ltda, KAWA Estratégias
Sustentáveis Ltda, MADASCHI PERIGO E SOUZA LTDA, Mudas Florestais Camará,
Nativus Sementes, Sig Ambiental, Sucupira Agroflorestal, Secretaria de
Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Fundação SOS Mata
Atlântica, IBAM - Instituto Bem Ambiental, Instituto ÇaraKura, IIS - Instituto
Internacional para Sustentabilidade, ISA - Instituto Socioambiental, Mater
Natura - Instituto de Estudos Ambientais, TNC - Instituto de Conservação
Ambiental The Nature Conservancy Brasil, WeForest e WRI Brasil.
A restauração florestal traz vários benefícios para a
biodiversidade e para a sociedade, entre eles: o aumento de conectividade entre
os remanescentes florestais, viabilizando a troca genética e assim a proteção
da biodiversidade; a regulação do clima e a mitigação dos efeitos de gases
estufa; a proteção hídrica por meio das matas ciliares que filtram sedimentos e
poluentes; a proteção do solo, minimizando a erosão e a sua degradação; além de
garantir o fornecimento de diversos produtos, como madeiras, plantas medicinais
e outros.
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