sexta-feira, 6 de março de 2020

Descoberta a nova "cara" da poluição por plástico


Descoberta a nova "cara" da poluição por plástico

Descoberta a nova "cara" da poluição por plástico
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ANP|WWF

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A descoberta aconteceu a 6900 metros de profundidade, na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico. O local, situado entre o Japão e as Filipinas, é um dos lugares mais profundos do planeta.

O anfípode (pequeno crustáceo) foi descoberto por investigadores da Universidade de Newcastle. No corpo do crustáceo encontraram tereftalato de polietileno (PET), uma substância encontrada em utensílios domésticos de uso comum, como garrafas de água e roupas de ginástica. Por causa do plástico que ingeriu, a nova espécie foi oficialmente nomeada de Eurythenes plasticus. A pesquisa, apoiada pela World Wide Fund for Nature (WWF), foi publicada hoje na revista científica Zootaxa.

Heike Vesper, diretor do Programa Marinho da WWF Alemanha, afirmou que “a espécie recém-descoberta mostra-nos o quão abrangente são as consequências da nossa utilização excessiva e fraca gestão de resíduos plásticos. Existem espécies que vivem nos lugares mais profundos e remotos da Terra que já ingeriram plástico antes mesmo de serem conhecidas pela humanidade. Os plásticos estão no ar que respiramos, na água que bebemos e agora também nos animais que vivem longe da civilização humana”.

Alan Jamieson, chefe da missão de pesquisa da Universidade de Newcastle, sublinha que são precisas medidas imediatas para impedir o dilúvio de resíduos plásticos nos oceanos.

ANP|WWF
Antes de chegarem aos corpos dos animais marinhos, estes residos fazem uma longa viagem, que normalmente começa em países industrializados.


De acordo com estimativas globais, a percentagem de objetos reciclados no período 1950-2015 foi apenas de 9%, sendo que 12% foi incinerado. Os restantes 80% ficaram acumulados em aterros e perdidos no meio ambiente.
Uma vez na água, a poluição por plástico decompõe-se em microplásticos e nanoplásticos. Espalha-se pelo oceano e é ingerida por animais marinhos como Eurythenes plasticus.

Em Portugal, a maior parte do lixo marinho encontrado nas praias é plástico descartável. O relatório da ANP (Associação Natureza Portugal) |WWF“X-Ray da Poluição por Plástico - Repensar o Plástico em Portugal” identifica vários registos da ingestão de plásticos por algumas espécies aquáticas: um estudo no sul do país observou plásticos no organismo de 22,5% das 160 aves marinhas analisadas e outro estudo ao longo da costa portuguesa identificou plásticos em 12,9% das 288 aves analisadas.

Catarina Grilo, Diretora de Conservação e Políticas da ANP|WWF lembra que “Nem todos os espécimes da nova espécie E. plasticus contêm plásticos. Portanto, ainda há esperança de que o nome E. plasticus sirva apenas de lembrança da extensão da poluição marinha por plásticos no mundo".


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