Navios de pesca chineses ameaçam biodiversidade de Galápagos
Há anos a frota de navios de pesca da China
sai do país asiático e percore milhares e milhares de quilômetros de
distância para explorar águas internacionais e atender a demanda de
consumo do mercado chinês, já que em seus oceanos não é possível mais
encontrar peixes suficientes. E faz algum tempo que o arquipélago de Galápagos, que pertence ao Equador, tem se tornado um dos destinos favoritos dessas embarcações.
No começo do mês, a guarda costeira do Equador se deparou com 340 barcos, a maioria com bandeira chinesa, próximo às Ilhas Galápagos. A pesca nas chamadas águas internacionais é legal, mas muitas vezes fica difícil fiscalizar quando embarcações cruzam esses limites nacionais e rompem a soberania de outros países e mais do que isso, colocam em risco a proteção de áreas de proteção tão importantes como esta.
Pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), que a China e o Equador assinaram, os países têm o direito exclusivo aos recursos dentro de uma zona de 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros) ao largo de suas costas.
“Este é o quarto ano consecutivo que isso acontece. Os navios chineses estão vindo aqui porque a área é extremamente rica em peixes devido à confluência das correntes oceânicas”, alertou Luis Suárez, diretor Conservación Internacional Ecuador, em entrevista à Deutsche Welle.
Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Galápagos é um arquipélago com treze ilhas, que ficam espalhadas em quase 8 mil km2, um dos mais intocados habitats de vida selvagem do planeta, referência de estudo para muitos pesquisadores e local que teve extrema importância para a elaboração da Teoria da Evolução, do naturalista inglês Charles Darwin.
A bióloga catarinense Anaide Aued, mestre e doutora em ecologia, realizou pesquisas em Galápagos durante alguns meses em anos anteriores.
“Além de Galápagos ser famosa por causa de Darwin e das tartarugas gigantes, ela é um dos lugares com a maior biodiversidade marinha do mundo. Apesar de ser isolado e distante da costa, o arquipélago tem três grandes correntes marinhas que levam para lá as águas do fundo do mar, cheias de nutrientes. Por esta razão, além da enorme diversidade de espécies já existente por lá, essa água rica em nutrientes faz com que exista uma quantidade enorme desses seres todos”, explica.
Anaide ressalta, por exemplo, que Galápagos é um grande corredor para tubarões-martelo, que vão até a Ilha do Coco, na Costa Rica. No arquipélago do Equador eles migram para se alimentar, encontrar refúgio e se reproduzir.
“Em Galápagos é possível ver cardumes com 50, 100 tubarões-martelo”, diz. “É por isso que os chineses vão até lá. Há uma imensa quantidade de vida marinha na região e estudos científicos mostram que grande parte dos recursos pesqueiros marítimos da China já estão esgotados”.
Em 2017, houve uma grande apreensão de navios pesqueiros da China, quando inclusive, a tripulação dessas embarcações acabou sendo presa. “Eram cerca de 300 toneladas. Os peixes tinha sido pescados dentro da área que pertence a Galápagos, entre eles, atum e mais de 6 mil tubarões, já sem as barbatanas, e de espécies ameaçadas de extinção“, diz a bióloga.
Em muitos países asiáticos, barbatanas são servidas como “iguarias”,
em sopas, e tidas como afrodisíaco. Estima-se que 100 milhões de
tubarões são mortos por ano, no mundo, em grande parte por suas
barbatanas.
“Ao retirar animais predadores no topo da cadeia, como atuns e tubarões, há um impacto em todo aquele ecossistema marinho, e apesar de Galápagos ser um muito biodiverso, ele é único e por isso mesmo, muito sensível”, ressalta a especialista brasileira.
O governo do Equador anunciou que está patrulhando a área onde as
embarcações estrangeiras se encontram, mas revelou que muitas delas
desligaram seus equipamentos de localização recentemente para fugirem do
monitoramento, o que viola regras internacionais do setor.
Leia também:
Canadá proíbe importação e exportação de barbatanas de tubarão
Pesquisadores identificam 30 novas espécies de invertebrados marinhos em Galápagos
Depois de salvar sua espécie da extinção em Galápagos, Diego irá se aposentar
Depois de 200 anos, espécie de iguana é reintroduzida na Ilha de Santiago, em Galápagos
Identificada nova espécie de tartaruga gigante em Galápagos
*Com informações da Deutsche Welle e da agência de notícias Reuters
Fotos: reprodução Facebook Galapagos Conservancy e arquivo Parque Nacional Galápagos (tubarões mortos)
No começo do mês, a guarda costeira do Equador se deparou com 340 barcos, a maioria com bandeira chinesa, próximo às Ilhas Galápagos. A pesca nas chamadas águas internacionais é legal, mas muitas vezes fica difícil fiscalizar quando embarcações cruzam esses limites nacionais e rompem a soberania de outros países e mais do que isso, colocam em risco a proteção de áreas de proteção tão importantes como esta.
Pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), que a China e o Equador assinaram, os países têm o direito exclusivo aos recursos dentro de uma zona de 200 milhas náuticas (cerca de 370 quilômetros) ao largo de suas costas.
“Este é o quarto ano consecutivo que isso acontece. Os navios chineses estão vindo aqui porque a área é extremamente rica em peixes devido à confluência das correntes oceânicas”, alertou Luis Suárez, diretor Conservación Internacional Ecuador, em entrevista à Deutsche Welle.
Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Galápagos é um arquipélago com treze ilhas, que ficam espalhadas em quase 8 mil km2, um dos mais intocados habitats de vida selvagem do planeta, referência de estudo para muitos pesquisadores e local que teve extrema importância para a elaboração da Teoria da Evolução, do naturalista inglês Charles Darwin.
A bióloga catarinense Anaide Aued, mestre e doutora em ecologia, realizou pesquisas em Galápagos durante alguns meses em anos anteriores.
“Além de Galápagos ser famosa por causa de Darwin e das tartarugas gigantes, ela é um dos lugares com a maior biodiversidade marinha do mundo. Apesar de ser isolado e distante da costa, o arquipélago tem três grandes correntes marinhas que levam para lá as águas do fundo do mar, cheias de nutrientes. Por esta razão, além da enorme diversidade de espécies já existente por lá, essa água rica em nutrientes faz com que exista uma quantidade enorme desses seres todos”, explica.
Anaide ressalta, por exemplo, que Galápagos é um grande corredor para tubarões-martelo, que vão até a Ilha do Coco, na Costa Rica. No arquipélago do Equador eles migram para se alimentar, encontrar refúgio e se reproduzir.
“Em Galápagos é possível ver cardumes com 50, 100 tubarões-martelo”, diz. “É por isso que os chineses vão até lá. Há uma imensa quantidade de vida marinha na região e estudos científicos mostram que grande parte dos recursos pesqueiros marítimos da China já estão esgotados”.
Ilustração mostra a rota feita por diversas espécies
entre Galápagos e a Costa Rica
E não apenas a indústria de pesca chinesa é incentivada pelo governo
asiático a explorar águas internacionais, mas também, subsidiada para
isso, denunciam organizações de proteção ambiental. Enquanto isso,
autoridades da China alegam que a pesca nas proximidades de Galápagos
não devia ser vista com preocupação, já que há muita abundâncias de
peixes por lá.entre Galápagos e a Costa Rica
Em 2017, houve uma grande apreensão de navios pesqueiros da China, quando inclusive, a tripulação dessas embarcações acabou sendo presa. “Eram cerca de 300 toneladas. Os peixes tinha sido pescados dentro da área que pertence a Galápagos, entre eles, atum e mais de 6 mil tubarões, já sem as barbatanas, e de espécies ameaçadas de extinção“, diz a bióloga.
Tubarão-martelo, uma das espécies em risco de extinção, e que é alvo dos chineses
“Ao retirar animais predadores no topo da cadeia, como atuns e tubarões, há um impacto em todo aquele ecossistema marinho, e apesar de Galápagos ser um muito biodiverso, ele é único e por isso mesmo, muito sensível”, ressalta a especialista brasileira.
As 300 toneladas apreendidas em 2017 – a maioria era tubarões,
incluindo espécies ameaçadas
incluindo espécies ameaçadas
Leia também:
Canadá proíbe importação e exportação de barbatanas de tubarão
Pesquisadores identificam 30 novas espécies de invertebrados marinhos em Galápagos
Depois de salvar sua espécie da extinção em Galápagos, Diego irá se aposentar
Depois de 200 anos, espécie de iguana é reintroduzida na Ilha de Santiago, em Galápagos
Identificada nova espécie de tartaruga gigante em Galápagos
*Com informações da Deutsche Welle e da agência de notícias Reuters
Fotos: reprodução Facebook Galapagos Conservancy e arquivo Parque Nacional Galápagos (tubarões mortos)
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e
2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras,
entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta
Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas,
energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em
Londres, vive agora em Washington D.C.
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