sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Brasil não assina compromisso global para reverter perda da biodiversidade

 

Brasil não assina compromisso global para reverter perda da biodiversidade

Brasil não assina compromisso global para reverter perda da biodiversidade

Na semana passada, quando foi realizado virtualmente o United Nations Summit on Biodiversity, Encontro das Nações Unidas pela Biodiversidade, líderes de 76 países, além das nações da União Europeia, assinaram um compromisso voluntário para reverter a perda de biodiversidade no mundo até 2030. Entretanto, o governo do Brasil não assinou o documento.

Nosso país, que já foi um líder na questão ambiental no passado, se juntou aos Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Austrália, que também se recusaram a apoiar a iniciativa.

O Leaders’ Pledge for NatureCompromisso de Líderes pela Natureza – , contou com a adesão de países como Nova Zelândia, França, Alemanha e Reino Unido. Da América Latina, vizinhos do Brasil, como Peru, Bolívia e Colômbia, que compartilham áreas da Floresta Amazônica, também se comprometeram a alavancar esforços para conter a destruição do meio ambiente.

“Vivemos um estado de emergência planetária: as crises interdependentes de perda de biodiversidade e degradação de ecossistemas e mudança climática – impulsionadas em grande parte pela produção e consumo insustentáveis – requerem ação global urgente e imediata. A ciência mostra claramente que a perda de biodiversidade, a degradação da terra e dos oceanos, a poluição, o esgotamento de recursos e a crise climática estão se acelerando a uma taxa sem precedentes. Esta aceleração está causando danos irreversíveis aos nossos sistemas de suporte de vida e agravando a pobreza e desigualdades, bem como a fome e a desnutrição. A menos que esse cenário seja interrompido e revertido com efeito imediato, ele causará danos significativos à resiliência e estabilidade econômica, social e política global”, escreveram os signatários do compromisso.

O compromisso lista dez ações urgentes para os próximos dez anos. Entre os pontos delineados estão o investimento em uma recuperação econômica “verde” e sustentável pós-pandemia, o combate sem tréguas aos crimes ambientais e eliminar o descarte de plástico nos oceanos.

Talvez um dos itens mais importantes seja justamente o último, em que o grupo ressalta que “… nossa abordagem para a concepção e implementação de políticas será baseada na ciência, reconhecerá o papel crucial do conhecimento tradicional e indígena, bem como da ciência e pesquisas na luta contra a degradação de ecossistemas, perda de biodiversidade e mudanças climáticas; e vai envolver toda a sociedade, incluindo setores comerciais e financeiros, povos indígenas e locais, comunidades, defensores dos direitos humanos ambientais, governos e autoridades locais, grupos religiosos, mulheres, jovens, grupos da sociedade civil, academia e outras partes interessadas”.

Infelizmente, no momento atual brasileiro, isso parece ser uma realidade muito distante. Cada vez mais a sociedade civil, cientistas e povos indígenas são ignorados e sua presença é rechaçada em decisões governamentais.

Em uma avaliação feita por autores do quinto relatório do panorama global da biodiversidade – Global Biodiversity Outlook 5 (GBO-5) –, lançado em meados de setembro, o Brasil aparece entre os 193 países, que não cumpriram as metas para deter a perda da biodiversidade até 2020.

O Brasil ainda pode se unir ao compromisso Leaders’ Pledge for Nature. O Conexão Planeta pediu uma declaração ao Ministério do Meio Ambiente para entender a razão pela qual o país não aceitou fazer parte da iniciativa. Até este momento, não obtivemos uma resposta.

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Foto: domínio público/pixabay


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