Um mergulho em meio a criaturas fantásticas e a natureza preservada do litoral do Paraná
O litoral do Paraná é um dos menores no Brasil, com cerca de 100 quilômetros de costa em contato com o Oceano Atlântico Sul, mas é uma das áreas mais importantes do mundo quando o assunto é biodiversidade. O potencial de turismo de natureza é imenso, de passeios de barco a esportes náuticos, da observação de golfinhos ao mergulho em profundidades variadas. Esse pequeno trecho da costa brasileira possui diversas ilhas e vários pontos de recifes artificiais ricos em vida marinha perfeitos para a prática do mergulho.
A Associação MarBrasil, com sede em Pontal do Paraná (PR), trabalha com conservação, educação ambiental e desenvolvimento sustentável em ambientes marinhos e costeiros, com incentivo à pesquisa científica e acadêmica sobre os oceanos e a vida aquática. Ao longo dos últimos anos, a entidade acompanhou, com ajuda de mergulhadores, a evolução da fauna marinha.
O aumento da biodiversidade marinha no Paraná tem sido substancial a partir da implementação do Projeto RAM (Recifes Artificiais Marinhos) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Após diversos estudos, foi feita uma intervenção inédita do estado para melhorar as condições de reprodução e abrigo de algumas espécies, algumas gravemente ameaçadas de desaparecimento.
“Em 2001, foram afundadas cerca de duas mil estruturas de concreto e mais duas balsas graneleiras, entre o Parque Nacional Marinho de Currais e as Ilhas Itacolomis, formando o ponto conhecido como Parque dos Meros. Além disso, a Associação MarBrasil com o Programa REBIMAR, instalou 5.500 estruturas de concreto para a manutenção e recuperação da biodiversidade marinha, paralelos à costa de Pontal do Paraná, sendo este o primeiro projeto do Brasil de recifes artificiais com licença do IBAMA e do Ministério do Meio Ambiente”, detalha Robin Loose, coordenador de Logística e Operações Náuticas na Associação MarBrasil.
Balsas utilizadas antigamente em Paranaguá e Antonina foram afundadas dentro do Programa Rebimar e são pontos de mergulho
O programa foi um sucesso do ponto de vista científico e ambiental porque, além de criar um ambiente protegido para a vida marinha, também possibilita uma exploração saudável do oceano por meio do turismo. A instalação de recifes artificiais e o naufrágio das antigas balsas criaram uma paisagem fantástica que pode ser visitada por mergulhadores. É um novo cartão postal submerso que encanta pelas imagens e pela possibilidade de contato com criaturas extraordinárias.
“Sem dúvidas, o que torna especial a atividade de mergulho no litoral paranaense são os recifes artificiais, com paisagens submersas ricas em biodiversidade. Eles são verdadeiros berços para multiplicação e preservação de espécies antes consideradas até extintas em nosso litoral”, diz Robin. “O maior exemplo identificado é o mero, que pode pesar de 250 a 400 quilos e medir até três metros. Dóceis e curiosos, eles conferem características únicas para a prática do turismo de mergulho”.
Mergulhadores podem se aproximar dos meros gigantes que, apesar do tamanho, são extremamente dóceis
O mergulho nas balsas é considerado o melhor ponto para a prática da atividade no estado do Paraná. A profundidade varia entre 21 a 27 metros, a temperatura de 20°C a 26°C e a visibilidade de 2 aos 30 metros em dias de mar e ventos calmos. São duas estruturas naufragadas, a Dianka, mais ao sul, e a Espera 7, mais ao norte. Nos mergulhos é possivel encontrar muitos cardumes de dezenas de espécies de peixes.
A área submersa ficou conhecida como “Parque dos Meros”, justamente pela incidência constante da espécie
Como as balsas ficam em mar aberto e longe da costa, a recomendação é apenas para mergulhadores experientes com habilitação avançada e com equipamentos de segurança, acompanhados de profissionais que conhecem os naufrágios.
Balsas naufragadas criaram ambiente rico para a biodiversidade
e para o mergulho
Parque Nacional Marinho das Ilhas de Currais
No Paraná está o terceiro Parque Nacional Marinho do país, depois de Abrolhos e Fernando de Noronha, o Parque Nacional Marinho das Ilhas de Currais. A unidade de conservação foi criada em 2013 e possui 1.360 hectares de extensão. A área abriga três ilhas do arquipélago e seu entorno, protegendo um rico ecossistema marinho e terrestre.
As ilhas não possuem praias, apenas costões de rochas e pedras que afloram do mar. Vivem na área mais de 8 mil aves, chegando a nascer cinco mil atobás nas ilhas. É o principal berço desta ave em todo o litoral brasileiro, de acordo com levantamento do ICMBio.
Por ser um ambiente protegido por lei, não é permitido desembarcar ou pescar dentro da área do parque. Os mergulhos só podem ser feitos com autorização prévia.
Muitas espécies observadas no litoral paranaense estão ameaçadas de extinção e são muito difíceis de encontrar em outros pontos da costa brasileira. Mergulhar nessas águas é uma grande possibilidade de um contato único com essas criaturas únicas e incríveis da natureza.
Registro de um tubarão-martelo
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Fotos: Robin Hilbert Loose / Associação MarBrasil e Noeli Ribeiro / Programa Rebimar (tubarão martelo)
O Observatório de Justiça e Conservação (OJC) é uma iniciativa apartidária e colaborativa que trabalha fiscalizando ações e inações do poder público no que se refere à prática da corrupção e de incoerências legais em assuntos relativos à conservação da biodiversidade, prioritariamente no Sul do Brasil, dentre os quais se destacam, a Floresta com Araucária
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