quarta-feira, 7 de abril de 2021

Ricardo Salles critica operação na Amazônia que resultou na maior apreensão de madeira da história do Brasil

 


Ricardo Salles critica operação na Amazônia que resultou na maior apreensão de madeira da história do Brasil

Ministro do Meio Ambiente critica operação na Amazônia que resultou na maior apreensão de madeira da história do Brasil

No final de dezembro do ano passado, a Polícia Federal confiscou mais de 40 mil toras de madeira nativa extraída da Amazônia, operação que foi considerada a maior da história do país. O volume apreendido passou de 200 mil m3 de madeira, que foram localizadas na divisa entre os estados do Pará e do Amazonas. 

A descoberta da carga se deu depois que uma balsa com documentação irregular foi encontrada em novembro, navegando no rio Mamuru, na área do município amazonense de Parintins. A partir daí, a Polícia Federal (PF) começou a investigar o movimento de madeireiros com a ajuda de imagens de satélite.

Na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve no Pará para fazer uma “verificação” da madeira apreendida. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, ele criticou a operação da PF e afirmou que houve falhas na ação e que as empresas proprietárias das toras teriam razão para contestar a investigação. Salles teria comprovado a origem de duas toras… Sim, duas!

Indignado, Alexandre Saraiva, chefe do órgão no Amazonas, disse que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se posicionar contra a proteção da Floresta Amazônica. E ressaltou: “Na Polícia Federal não vai passar boiada”, em referência à famosa frase de Salles, que propôs que o governo aproveitasse que “a imprensa só falava de COVID” para “alterar leis, sem passar pelo Congresso”.

“É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo. A apuração do caso está sob meu comando”, rebateu Saraiva, em entrevista à Folha.

Segundo o chefe da PF, os proprietários da madeira apreendida ainda não entregaram a documentação solicitada pelos investigadores e ele realmente acredita que as toras são “produto de ação criminosa”.

Entre os crimes apontados pela Polícia Federal estão irregularidades no plano de manejo e no Cadastro Ambiental Rural (CAR) da área. Além disso, as empresas envolvidas na investigação já possuem mais de 20 autuações do Ibama.

“É uma organização criminosa. Não merecem nem a denominação de empresas. Têm a vida dedicada ao crime, ao furto de bens públicos, à fraude e à corrupção de servidores públicos”, garante Saraiva.

Imagem aérea das toras apreendidas no final de 2020

Ipê: a principal vítima da extração ilegal de madeira

A apreensão histórica feita no Pará em 2020 aconteceu semanas após os brasileiros ficarem sabendo que, em agosto do ano passado, o governo retirou o ipê da lista internacional de espécies ameaçadas de extinção. A espécie é uma das mais visadas por madeireiros na Amazônia porque sua madeira é uma das mais cobiçadas no mercado internacional.

A retirada do ipê da referida lista foi pedida pelo Ministério de Relações Exteriores, que atendia a uma solicitação do presidente do Ibama, Eduardo Bim, com total apoio do Ministério do Meio Ambiente.

Em março, tinhamos mostramos também que madeireiros agradeceram publicamente ao Ibama por reduzir a documentação necessária para a exportação de seus produtos. O instituto atendeu aos pedidos do setor e diminuiu a “burocracia” necessária para a exportação de madeira nativa no Brasil, como o ipê, a itaúba e a maçaranduba.

Não é surpresa então que com o afrouxamento da “burocracia” para a exportação da madeira brasileira, o comércio ilegal tenha visto uma nova oportunidade para colocar a floresta no chão e destruir ainda mais a Amazônia.

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Fotos: divulgação Polícia Federal

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