quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Nova “Lei do Pantanal” aprovada no Mato Grosso permite pastoreio de gado em áreas de proteção




https://conexaoplaneta.com.br/blog/nova-lei-do-pantanal-aprovada-no-mato-grosso-permite-pastoreio-de-gado-em-areas-de-protecao/ 

Nova “Lei do Pantanal” aprovada no Mato Grosso permite pastoreio de gado em áreas de proteção

Nova "Lei do Pantanal" sancionada no Mato Grosso permite pastoreio de gado em áreas de proteção

No último dia 4 de agosto o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, sancionou integralmente o Projeto de Lei (PL) nº 561/2022, conhecido como “Lei do Pantanal”, que altera a Lei n.º 8.830, de 21 de janeiro de 2008 e dispõe sobre a Política Estadual de Gestão e Proteção à Bacia do Alto Paraguai.

Especialistas na área ambiental apontam avanços e retrocessos na nova legislação. Entre os pontos mais criticados estão a permissão do uso das Áreas de Proteção Permanente (APP) e Reserva legal para o pastoreio do gado, desde que não ocorra supressão de vegetação, além da diminuição do tamanho das APPs para o padrão do código Florestal Nacional.

Até então, no Pantanal do Mato Grosso, essas áreas variavam entre 50 e 100 metros, e a partir de agora passarão a ser exigidos apenas 30 metros ou até 50, em alguns casos.

Outra questão considerada um passo atrás na preservação ambiental é aquela que elimina a proteção a “corpos d’água efêmeros“, ou seja, rios que existem somente quando fortes chuvas acontecem.

E apesar de ter sido proibido o plantio em larga escala de culturas como a soja e a cana-de-açúcar, “outras atividades de médio e alto grau de poluição e/ou degradação ambiental dentro da planície não são vetadas, abrindo uma brecha na lei para essas atividades”, critica o Instituto SOS Pantanal.

A nova lei permite ainda atividades como o turismo rural e o ecoturismo em quaisquer áreas, inclusive de reservas legais, mas a organização questiona que não ficou claro o tamanho das mesmas. “Não se tem um dimensionamento do que sejam essas atividades turísticas. Podem ser grandes empreendimentos turísticos com alto potencial de impacto”.

Todavia, a SOS Pantanal aponta um outro item positivo no PL nº 561/2022: ela veda a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), usinas de álcool e açúcar, carvoarias e mineração na planície, com exceção para extração de areia e argila.

“O projeto de lei, apesar dos poucos ajustes positivos, continua sendo de forte flexibilização da proteção ambiental em relação a legislação até então em vigor, o que preocupa quando observamos o cenário de flexibilização constante que o Pantanal vem sofrendo”, alerta a ONG.

Outra entidade que atua no Pantanal, a Ampara Silvestre, também criticou a aprovação da “Lei do Pantanal”.

“É mais um retrocesso, a legislação flexibiliza o uso de Áreas de Proteção Permanente e ameaça a conservação de um dos biomas mais importantes do país!​ Apesar da comunidade pantaneira não ter sido consultada e dos diversos apontamentos sobre os impactos negativos do crescimento da agropecuária para a fauna e flora local, o Governo do Mato Grosso, mais uma vez mostra que a conservação do meio ambiente não é prioridade!​”, afirmou a Ampara em suas redes sociais.

Leia também:
Em Pantanal, Zé Leôncio e Velho do Rio prendem caçadores, mas Brasil afora, criminosos matam animais silvestres impunemente
‘Não deixe a soja entrar no Pantanal!’: organização lança campanha para sensibilizar sociedade e poder público sobre expansão do cultivo de soja no bioma no Mato Grosso do Sul
Onças-pintadas encontradas mortas no Pantanal foram envenenadas com agrotóxico proibido no país, declara a PF, que indiciou os responsáveis

Foto de abertura: Flavio Andre/MTur/Creative Commons/Flickr

Nenhum comentário: