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Chineses anunciam clonagem de um lobo-do-ártico e dizem que técnica pode ser usada para salvar espécies em risco de extinção
Maya, como foi batizada, nasceu no dia 10 de junho. O que faz essa filhote de lobo-do-ártico (Canis lupus arctos) tão especial é ela ser resultado de uma clonagem. O anúncio de seu nascimento e a técnica envolvida foi anunciado esta semana pela empresa de tecnologia genética Sinogene Biotechnology, que tem sede em Pequim.
A filhote foi apresentada ao mundo através de um vídeo em que ela aparece correndo e brincando. A célula doadora da espécie veio de uma amostra de pele de uma loba-do-ártico que vivia no zoológico de Harbin Polarland e morreu no ano passado. Essa célula foi depois injetada no oócito (célula que dá origem ao óvulo) de algumas cadelas.
Na verdade, os cientistas chineses conseguiram criar 85 embriões, que foram transferidos para o útero de sete beagles. Apenas uma das fêmeas acabou engravidando e tendo sucesso com a gestação de Maya.
A escolha de ter uma cadela como “barriga de aluguel” foi porque os cachorros compartilham da mesma ancestralidade genética dos lobos antigos e segundo especialistas, com isso, a clonagem teria mais chances de ser bem-sucedida.
“Após dois anos de esforços meticulosos, o lobo-do-ártico foi clonado com sucesso. É o primeiro caso desse tipo no mundo”, afirmou Mi Jidong, gerente geral da empresa, durante uma entrevista coletiva.
A Sinogene declarou ainda que um novo clone de lobo-do-ártico deverá nascer em breve.
“A tecnologia de clonagem pode ser um passo inicial para a proteção de animais selvagens ameaçados de extinção, o que é uma grande contribuição para a proteção da biodiversidade”, diz He Zhenming, diretor do Instituto de Recursos Animais de Laboratório do Instituto Nacional de Controle de Alimentos e Medicamentos da China, em entrevista à plataforma Weibo.
Também chamado de lobo branco ou lobo-polar, o lobo-do-ártico é uma subespécie do lobo cinza, encontrado na região das tundras no Ártico. De acordo com o WWF-Internacional, esses animais não são considerados em risco de extinção, já que habitam regiões muito remotas, onde não há perda de habitat e nem ameaças provenientes das atividades humanas.
Os lobos são os maiores membros da família canídeos, a mesma a que pertencem os cães de estimação. Há muitas décadas, eles eram os mamíferos terrestres selvagens mais amplamente distribuídos no Hemisfério Norte. Mas devido à caça, as duas espécies de lobo que existiam no mundo – o cinza e o vermelho -, foram praticamente extintas na natureza.
Maya está com pouco mais de três meses de vida
(Foto: divulgação Sinogene Biotechnology)
Clonagem: polêmica e falta de consenso
A técnica utilizada para criar Maya – a partir de uma célula somática adulta -, foi a mesma empregada no desenvolvimento da ovelha Dolly, em 1996, o primeiro mamífero a nascer através deste processo no mundo (ela morreu seis anos mais tarde, vítima de uma doença pulmonar).
Em 2021, cientistas do Estados Unidos também anunciaram a clonagem de outro animal: um furão de uma espécie ameaçada de extinção. Elizabeth Ann, esse era seu nome, foi gerado a partir das células congeladas de Willa, outra fêmea da espécie que viveu há mais de 30 anos.
Todavia, nos Estados Unidos, o processo de clonagem envolveu órgãos federais, como o Serviço de Pesca e Vida Selvagem.
Biólogos e especialistas em conservação olham com muita ressalva esse tipo de iniciativa. A clonagem ainda é algo muito polêmico. Muitos cientistas não acreditam que esse seja o melhor caminho para salvar espécies da extinção. O ideal mesmo seria o investimento em estratégias de proteção.
Um lobo-do-ártico adulto: ele é uma subespécie do lobo cinza
(Foto: pixabay/domínio público)
*Com informações do Global Times e CNN Internacional
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