6 dicas para ter mais natureza na escola
Mais um ano letivo se iniciou nas escolas brasileiras! Que boas experiências as crianças viverão ao longo desses 200 dias? Somos nós, educadores e educadoras que trabalhamos para apoiar o desenvolvimento integral das crianças, que devemos criar muitas oportunidades para apresentar o mundo a elas durante este período.
Enquanto estão em espaços de vida coletiva, as crianças estabelecem relações com novas crianças, com novos adultos, conhecem novos espaços e vivem inúmeras experiências.
Apresentar o mundo à criança é apresentá-la à vida. É através de interações e brincadeiras, elas descobrem as relações visíveis e invisíveis que permeiam nosso meio. E quanto mais profunda a relação com a natureza, mais oportunidades de aprendizagem ela terá!
Existem muitos caminhos para ampliar as relações entre criança e natureza na escola. A seguir, compartilho 6 dicas para que a natureza esteja presente na sua rotina:
1. Aproveite muito os espaços externos
É preciso estar do lado de fora, habitar espaços externos. Acesso ao ar fresco, sol, céu, vento… O simples fato de estar ao ar livre ativa inúmeras percepções no nosso corpo que são fundamentais para a construção da nossa identidade.
Muitas vezes o acesso aos espaços externos está restrito ao momento do parque. Para além dos tempos e espaços que estão previstos na rotina, que outras organizações podemos criar, que outras propostas podem ser realizadas nas áreas externas?
Um jardim, um quintal, um corredor, um canteiro, a horta… para brincar, investigar, fazer arte, se movimentar, criar. Fora de uma sala cabe um mundo inteiro!
Conhecer os espaços externos da escola é fundamental para encontrar possibilidades para habitá-los.
2. Tenha mais materiais naturais e orgânicos
Muitos materiais que as crianças tem acesso ao longo do dia são de plástico ou sintéticos. Ter um acervo de materiais naturais e orgânicos acessível às crianças apoia a construção de um repertório sensorial rico e diverso, além de uma formação estética sensível e num diálogo com a vida.
Sementes, gravetos, frutos, folhas, coletados de forma responsável e de locais permitidos podem compor boas experiências investigativas, convites para brincar, e infinitas possibilidades. Ter à disposição e oferecer materiais naturais para as crianças, nas mais diversas situações, é nutrir o interesse delas pelo mundo.
3. Brincadeira livre
A brincadeira livre é um processo de aprendizagem espontâneo não apenas do ser humano mas dos mamíferos. É assim que conhecemos o mundo. Para que a brincadeira livre aconteça precisamos de tempo e espaço. Ao adulto cabe criar essas oportunidades.
Neste caminho, existem inúmeras soluções, porém prefiro deixar perguntas para que cada educadora e educador encontre as possibilidades no seu contexto.
Como criar tempos mais longos e flexíveis – em diálogo com os tempos institucionais para que a brincadeira livre aconteça? Quais espaços ao ar livre podem ser habitados com o brincar livre das crianças? Como enriquecer a biodiversidade do espaço para potencializar o brincar livre?
Importante! O brincar livre não é atividade exclusiva da primeira infância. Crianças do Ensino Fundamental podem e devem seguir com tempo e espaço para que o brincar livre aconteça.
4. Sem EVA!
O EVA é um material sintético, não reciclável e altamente poluente. Em alguns países ele é proibido por conta da sua composição. E ainda é um material bastante presente nos espaços para a infância.
Além do seu prejuízo para o planeta, sua textura, cores, empobrecem as relações da criança com o mundo. Não, ele não precisa estar na escola! E quando deixamos de usar descobrimos inúmeras possibilidades que contribuem para um contexto educacional mais orgânico, vivo e respeitoso com o desenvolvimento das crianças e com o planeta
5. Tenha vida presente
Escola é lugar onde aprendemos sobre a vida, então é preciso ter vida presente e dialogando conosco. Janelas abertas para que dentro e foram se comuniquem; sol para iluminar, aquecer e alegrar; plantas para acompanhar crescimento e ciclos; chão de terra para caminhar, brincar, perceber seu corpo no mundo; árvores frutíferas para perceber os tempos, os cheiros e sabores e que também convidam pássaros, insetos e outras espécies a chegarem também.
Como a vida está presente no espaço que você habita com as crianças?
6. Manejo de resíduos
É recorrente que as escolas apresentem às crianças procedimentos para reciclagem de lixo: painéis com as lixeiras de cada cor indicando material, brincadeiras para separar o lixo. Mas para além de projetos e sequências, no dia a dia da escola, como esse manejo dos resíduos acontece.
Não existe melhor forma de aprender sobre algo que vivendo. Estar num ambiente em que a separação dos resíduos acontece, há a reutilização de materiais, e compostagem é muito mais potente que um cartaz na parede!
Cada uma das ações que sugeri acima precisam ser acompanhadas de boas reflexões: este é o caminho para ampliar cada vez mais as possibilidades e ter a relação entre criança e natureza como um valor base do projeto político pedagógico. Que essas dicas inspirem boas experiências para as crianças nos próximos dias, e meses, e anos!
Foto (destaque): Renata Stort que o mundo pode ser melhor.
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