domingo, 9 de julho de 2023

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Morre quarta girafa das 18 importadas da África do Sul pelo Bioparque do Rio de Janeiro

Morre quarta girafa das 18 importadas da África do Sul pelo Bioparque do Rio de Janeiro

Morreu, neste sábado, 8 de julho, mais uma das 18 girafas importadas da África do Sul (tiradas da vida selvagem) pelo Bioparque do Rio de Janeiro em novembro de 2021. 

A notícia foi divulgada pelo zoológico, que revelou que, durante exames de rotina os veterinários que as acompanham identificaram a presença de uma bactéria em seis animais, mas um deles resistiu ao medicamento e veio a óbito. 

Leia, a seguir, a íntegra do comunicado sobre a morte da girafa divulgado em suas redes sociais, como o Instagram, pelo Bioparque:

“É com pesar que o BioParque do Rio comunica o falecimento de uma das girafas que faz parte do seu plantel, na manhã deste sábado, 8 de julho. 

Os animais passam regularmente por exames de medicina preventiva, realizados por um corpo técnico formado por biólogos e médicos veterinários.

Durante os exames de rotina, a equipe identificou o parasita Haemoncus sp em seis animais. O comitê técnico, formado por seis médicos veterinários, imediatamente iniciou protocolo medicamentoso, colocando os animais em recinto isolado e sob observação intensiva.

Cinco animais responderam rapidamente ao tratamento. Todavia, um deles apresentou resistência ao medicamento. 

Durante a última semana a equipe técnica iniciou outros protocolos de tratamentos. No entanto, infelizmente, houve deterioração súbita do estado clínico do animal ao longo desta madrugada, levando-o a óbito. 

A causa da morte será confirmada após a necropsia do corpo, que será realizada com o acompanhamento dos órgãos competentes”.

Polícia Federal se dirigiu ao Resort Safari Portobello, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, onde vivem as girafas desde que chegaram ao Brasil, para acompanhar a perícia do animal. 

Uma sequência de crimes 

Esta é a quarta girafa que morre no local onde elas permanecem desde novembro de 2021 para iniciar a ‘quarentena’. Esse é o procedimento normal adotado com animais selvagens para que se tenha certeza de que estão bem de saúde e não oferecem risco de contaminação de doenças zoonóticas para outros bichos. 

Certamente a intenção também era ‘domá-las’, para que se adaptassem às novas condições (de cativeiro) e pudessem viver no Bioparque. 

Um mês depois de sua chegada ao resortseis delas tentaram fugir enquanto tomavam sol, quebrando cercas da propriedade. À noite, foram recapturadas, mas três morreram. 

Sem revelar o motivo das mortes, o zoológico declarou que não havia maus tratos no tratamento das girafas e que elas estavam “em processo de adaptação, em um ambiente preparado para suas necessidades e licenciado pelos órgãos competentes, garantindo o bem-estar animal”.

Em janeiro de 2022, a Polícia Federal abriu investigação para apurar importação e morte das girafas. E, atendendo a uma Ação Civil das organizações Ampara SilvestreFórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais, a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro, determinou que 15 girafas importadas fossem transferidas para baias maiores e com condições melhores das oferecidas no momento.

No mês seguinte, o Ministério Público Federal recomendou devolução imediatas das girafas à África do Sul e à vida livre. 

Logo em seguida, foram divulgados os resultados da necrópsia realizada pelos veterinários do BioParque e do Portobello Safari. O laudo foi entregue ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Elas morreram por miopatia causada por estresse extremo, após sofrerem edemas e enfisemas pulmonares; duas delas apresentavam hematomas no peitoral e uma tinha um coágulo na base do pescoço

Nos meses subsequentes, as girafas continuavam habitando os mesmos recintos de 30m2 e o Bioparque negava informações e acesso como a entrada dos integrantes da Comissão de Defesa e Proteção do Meio Ambiente da Assembleia do RJ

Além dissolaudo da Polícia Federal apontou diversas irregularidades no manejo das girafas e fez alerta sobre o bem-estar dos animais. 

Em agosto, o órgão divulgou relatório no qual declarou que a importação das girafas pelo Bioparque é “o maior caso de tráfico de animais silvestres da história do Brasil”. 

No mesmo mês, a Justiça Federal anulou a importação das girafas trazidas da África do Sul pelo Bioparque do Rio, o que impede que o zoológico venda, exponha ou tome qualquer decisão sobre o futuro das girafas.

Em novembro de 2022, a Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal (PF) anunciou que concluiu a investigação sobre o caso da importação de girafas e quatro pessoas foram indiciadas por crimes de maus-tratos e falhas no processo de importação das girafas pelo zoológico. 

A denúncia foi aceita pela Justiça, em março. E, no mesmo mês, funcionários do Ibama e do Inea também foram denunciados por elaborar documentos falsos de importação e adequação do cativeiro.

Futuro incerto

Hoje, segundo o Inea, que tem acompanhado todas as intervenções do caso, as girafas vivem em recintos maiores – de 650 m2 a 990 m–, separadas em cinco espaços, divididas em grupos de três, com acesso livre a uma área externa (foto abaixo), na qual encontram água e comida.

Foto: Bioparque do Rio/divulgação

Sempre que questionado, o Bioparque do Rio declara que cuida bem dos animais, segue protocolos de segurança e procedimentos que garantem seu bem-estar. E ainda nega que tenham sido tirados da natureza: “Documentos oficiais emitidos pelo governo da África do Sul atestam que os animais viviam em fazenda de manejo sustentável, aprovada pelos órgãos oficiais do país”, contou à Folha.

E qual será a solução possível para este caso, já que devolvê-las à sua origem parece impossível? Levá-las para um ou mais santuários no Brasil? O Ibama, órgão responsável por fiscalizar as girafas, diz que está avaliando uma solução para as 14 que resistem. 

Foto (destaque): Polícia Federal

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