Antiga
região de chácaras, no Park Way, o desafio é manter áreas do Cerrado e
nascentes preservadas. A região é parte do Cinturão Verde, responsável pelo
equilíbrio do clima na cidade.
Há
20 anos, o aposentado Jader Resende trabalha para transformar o quintal da casa
dele. O local já foi um garimpo de cristais e, aos poucos, no lugar do
cascalho, foram sendo plantadas árvores. Já são mais de 30 espécies. “Tenho
várias frutíferas, como mangueira, abacateiro e cajueiro”, conta.
A
preocupação em preservar o meio ambiente foi além da sua propriedade. Ao invés
de dividir o terreno com outros sete moradores - como permite a lei - ele
manteve a chácara.
“Acho
que esse país comete um erro urbano. Nós não somos Hong Kong ou o Japão para
precisarmos empilhar as moradias. É importante, não só no Park Way, mas em todo
o DF e outras regiões do país, que as pessoas se preocupem mais com essa
questão da qualidade de vida, do espaço”, opina.
Nos
anos 90, com a possibilidade de parcelamento de terras, o Park Way passou a
crescer de forma acelerada. Os terrenos foram divididos em 29 quadras
residenciais, com lotes de, no mínimo, 2.500 metros quadrados.
Hoje,
são 25 mil moradores e a maioria das casas não tem rede de esgoto. De acordo
com a Associação dos Moradores, a instalação da rede de esgoto nunca chegou ao
Park Way porque poucas pessoas moram na região. Todas as casas têm fossas, e a
expectativa é que elas sejam substituídas por versões ecológicas, que evitam a
contaminação do lençol freático.
“As
fossas ecológicas fazem tratamento dos resíduos. Com elas, pode-se aproveitar a
água para jardim e até para reutilização”, explica o presidente da Associação
dos Moradores, Sebastião Boechat.
A
região é parte do Cinturão Verde, responsável pelo equilíbrio do clima na cidade.
A área de proteção ambiental tem mananciais que abastecem o Lago Paranoá e
ajudam a absorver o calor do Planalto Central.
“Essa
área de proteção ambiental não é só importante para a qualidade de vida dos
moradores do Park Way ou do Lago Sul. É importante para a qualidade de vida de
Brasília inteira. E mais: a água que é drenada aqui vai para bacias de estados
como Minas Gerais e Goiás. Se a gente fizer besteira, vamos prejudicar os
vizinhos”, destaca o presidente do Instituto Vida Verde, Anthony Brandão.
Com
tanta área verde, o Park Way é um refúgio do centro urbano. Para Jader, a
iniciativa de preservar e manter a vegetação nativa deveria fazer parte dos
planos de governo. Ele e mais de mil eleitores do Park Way devem ir às urnas
este ano.
“Tem
que haver uma preocupação maior sobre esse aspecto, principalmente por parte
dos políticos. Claro que eles sofrem tentações enormes, principalmente por
parte das empreiteiras, mas eu acho que tem que se trabalhar, ganhar dinheiro,
mas não da forma que, às vezes, se faz, com prejuízo para a população”, destaca
o aposentado.
Reportagem:
Flávia Marsola
Imagens:
Rafael Sobrinho
Produção:
Stephanie Alves
Um comentário:
Acho que a rede de esgoto deveria chegar até o Park Way. Pagamos muito caro por tudo e não temos rede de esgoto e águas pluviais. As nossas casas construídas com tanto sacrifício e correndo risco de serem alagadas como aconteceu com a gente.
Postar um comentário