segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Gente boa! Moradores do DF se mobilizam para salvar pássaros com patas quebradas

14/02/2015 15h58 - Atualizado em 14/02/2015 17h04


Polícia ambiental conseguiu capturar uma das duas curicacas feridas.
Segundo moradora, aves moram há um ano na quadra 203 da Asa Norte.

Luciana Amaral Do G1 DF
A curicaca com a pata quebrada na grama da quadra 203 na Asa Norte, em Brasília (Foto: Andréa Jubé/Divulgação)A curicaca com a pata quebrada na grama da quadra 203 na Asa Norte, em Brasília (Foto: Andréa Jubé/Divulgação)
 
 
Um grupo de quatro moradores da 203 Norte, no Distrito Federal, se mobilizou na manhã deste sábado (14) para salvar dois pássaros da espécie curicaca que estavam com as patas quebradas.


É de cortar o coração vê-las mancando. Hoje uma estava prostrada, sem conseguir andar."
 
Andréa Jubé, moradora da 203 Norte
 
Há dois dias, algumas pessoas perceberam que duas aves estavam mancando, segundo a moradora da quadra Andréa Jubé. Com o apoio de vizinhos, ela resolveu chamar a polícia ambiental para cuidar dos animais.

"É de cortar o coração vê-las mancando. Hoje uma estava prostrada, sem conseguir andar. Resolvi tomar uma providência e não ficar parada", disse.

A polícia ambiental foi acionada e conseguiu resgatar uma das duas curicacas feridas por volta das 14h. A outra voou nas tentativas de apreensão e não foi capturada. Segundo Andréa, a ave apreendida foi levada para um posto da polícia na Candangolândia e deve ser transferida para o Centro de Triagem do Ibama, no início da BR-070, na segunda-feira (16). O mesmo desígno deve ser dado à outra, quando for capturada.

A polícia informou que, no centro, elas passarão por exames veterinários e receberão tratamento. Quando curadas, devem ser reintroduzidas na natureza.


Andréa diz que há cerca de um ano apareceram grupos de curicacas na região, sempre andando em pares, e se adaptaram bem ao gramado do local. "Elas estão superacostumadas com gente. É uma delícia conviver com as curicacas. Parece um parque."

A moradora disse que a suspeita da Polícia Ambiental é de que as aves foram apedrejadas ou sofreram um ataque de gato.

Procedimento
O veterinário de animais silvestres Rodrigo Rabelo disse que pessoas que encontram bichos feridos devem entrar em contato com a Polícia Ambiental. "É preciso chamar as autoridades competentes, como a Polícia Ambiental. Qualquer coisa, tem de procurar um veterinário especializado em animais de vida livre. O ideal é que não fique mexendo no pássaro, deixe ele tranquilo no ambiente."


Em Brasília, Rabelo diz atender cerca de três a seis casos de pássaros machucados por mês. "Atendo muitos pássaros atropelados, desde corujas que batem em carros até outros que batem em vidros. Na época da chuva, com raios e trovoadas, é mais comum", afirma.


Essa ave é comum em áreas semiabertas, capoeiras, beiras de matas secas, caatingas, cerrados, plantações, cambarazal e campos (Foto: Rudimar Narciso Cipriani)Essa ave é comum em áreas semiabertas,capoeiras, beiras de matas secas, caatingas,
cerrados, plantações, cambarazal e campos
(Foto: Rudimar Narciso Cipriani)
 
Curicaca
De nome científico Theristicus caudatus, a curicaca está presente em grande parte do Brasil, com mais destaque na Ilha de Marajó, no Pará, e no Pantanal mato-grossense.

Ela tem outra característica marcante: é chamada de despertador do Pantanal, pelo grito forte que emite e que lhe dá nome.

Vive em pequenos bandos de oito a dez aves ou sozinha, costuma buscar alimento em campos de gramíneas ou em alagados, mas raramente dentro d’água. Para isso, tem no bico longo e curvo seu mais importante aliado, já que consegue extrair larvas e outros insetos da terra fofa.

Além deste detalhe físico, ela se distingue pela coloração clara e asas largas, com dorso cinzento e brilho esverdeado. Os machos são um pouco maiores que as fêmeas, atingindo 69 cm de comprimento.

Quando chega a noite, empoleira-se em árvore para dormir, quando costuma gritar, e ao clarear o dia.


O pássaro come insetos, larvas, pequenos lagartos, ratos, caramujos, aranhas e outros invertebrados. Ele ainda se alimenta de anfíbios, pequenas cobras e sapos, já que não é afetado pelas toxinas liberadas por esses bichos.

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