segunda-feira, 9 de março de 2015

Inflação e petrolão: desfecho de 12 anos de saqueios, um estilo de governar.


Artigo de Rolf Kuntz no Estadão: "inflação rima com petrolão". É o estilo petista de governar:


Inflação rima com petrolão e isso é muito mais, neste momento, que uma coincidência fonética. O desarranjo dos preços, a bagunça fiscal e o saque da Petrobrás são consequências de um estilo de política. Em fevereiro, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,7%, a maior taxa desde maio de 2005. Para explicar esse dado é preciso ir além da teoria econômica e ver como o poder é exercido no Brasil. O loteamento da administração direta e indireta, o populismo, o voluntarismo e a intervenção autoritária em todos os domínios da gestão pública são aspectos do mesmo fenômeno. Esse tipo de governo, mesmo com a presença de componentes honestos e até de alguns competentes, acaba criando espaço para o desmando, a acumulação de erros, a maquiagem dos problemas e a corrupção.

Nem tudo está previsto nos códigos legais nem todos os participantes da grande festa de erros e malfeitos dos últimos anos são criminosos, pelo menos tecnicamente. Mas os fatos investigados na Operação Lava Jato, é importante lembrar, são apenas uma parte - a mais escandalosa - de uma história bem mais ampla. Muito mais que um problema de uma grande empresa, a pilhagem da Petrobrás foi consequência de uma forma de ocupação do aparelho do Estado e de exercício do poder. Se fosse apenas um caso de corrupção funcional, mesmo de proporções incomuns, a lista do procurador Rodrigo Janot incluiria pouco mais que funcionários de algumas companhias.
A devastação da Petrobrás envolveu muito mais que uma longa sequência de atos de corrupção. Pode ter havido mamata na compra da refinaria de Pasadena, por exemplo, e esse é um assunto ainda sujeito a investigação. Mas essa compra só foi possível porque o conselho de administração a aprovou. As informações podem ter sido insuficientes. Quando o caso foi divulgado, alguém mencionou um relatório de duas páginas e meia, necessariamente incompleto. Ninguém terá sentido falta de mais informação? A presidente do conselho, futura presidente da República, não poderia, ou deveria, ter cobrado um relatório mais completo? Alguém compraria um apartamento com tão poucos dados? (Continua).

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