13/06/15 - No piloto automático
Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza - 12/06/15
‘Afinal, quem cuida da quitanda?’, pergunta o povo
A versão oficial para a viagem de dona Dilma à Bélgica seria curiosa se não fosse o fato de o tour ter durado menos de 30 horas.
Vamos
ser francos: cá para nós, se eu fosse a presidente com um avião à minha
disposição no quintal de casa, eu também iria preferir ir à Bruxelas
comer uns bons gauffres do que ir a Salvador, onde o PT estaria
ensarilhado contra mim...
Pelo
menos é o que corria à boca pequena, se bem que eu acho que na hora do
aperto o PT vai aplaudir a esbelta presidente, já que o objetivo maior é
que ela mantenha bem estofada e bem confortável a cadeira presidencial
para o Lula se aboletar em 2018.
Mas o
que dona Dilma foi fazer em Bruxelas? Simples: com a empáfia que lhe é
costumeira, saiu de Brasília crente que ia apressar a resolução do
impasse entre UE e Mercosul, pepino que perdura há 16 anos.
Não
foi o que aconteceu. O impasse continua. Dona Dilma declarou que não
saiu frustrada, que a Argentina apesar de ter travado um pouco as
negociações, não é impedimento, muito pelo contrário.
A
viagem, se não serviu ao Mercosul, serviu a nós brasileiros que ficamos
sabendo, através da entrevista coletiva que dona Dilma concedeu em
Bruxelas, que a inflação de 8,47% que sofremos é “atípica”, que o país
está extremamente preparado para enfrentar o momento de crise e mais:
“não acho que a população tem de consumir menos, pelo contrário, tem de
continuar consumindo”.
Confesso
que adoraria seguir o conselho de dona Dilma e ir às compras sem medo.
Ou ao médico sem entrar em pânico pelos exames que ele vai pedir ou os
remédios que vai receitar.
Na
mesma entrevista, Dona Dilma, irritada com uma pergunta mais direta
sobre assumir ou não suas responsabilidades no caso de ser comprovado
seu envolvimento com a corrupção na estatal, declarou:
“Eu
não respondo a esta questão porque eu não estou ligada. Eu sei que não
estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu
não estou ligada. Eu sei o que eu faço. E eu tenho uma história por trás
de mim. Neste sentido, eu nunca tive uma única acusação contra mim por
qualquer malfeito. Então, não é uma questão de ‘se’. Eu não estou
ligada”.
Acontece que a vida real aqui na planície não comporta os delírios de dona Dilma. Aqui manda a realidade.
Exemplos:
Aqui, o mensalão existiu e foi uma desgraça.
Aqui, o petrolão foi um vexame inominável, numa estatal do porte da Petrobras.
Aqui, é até pior saber que numa empresa com 30 mil funcionários um
grupelho de cinco conseguiu tecer o horror que teceu, sem que Dilma
Rousseff como Ministra das Minas e Energia, ou Chefe da Casa Civil do
Lula ou presidente do Conselho de Administração da gigante brasileira,
chefe de dona Graça Foster, não desconfiasse de que algo estava muito
errado.
Aqui, ficamos todos tontos com as cifras usadas na campanha política de 2014.
Lula uma vez disse que o Brasil era muito fácil de ser governado. Na
hora não compreendi. Agora acho que sei o que foi. Temos um piloto
automático da melhor qualidade. Não precisamos de comandantes em ação.
Por isso fica fácil, no meio de tantos e tão absolutamente graves
problemas, ter disposição para andar de bicicleta pelas ruas de
Brasília, acompanhada de seguranças e de um personal trainer. (Fonte
Brasil 247)
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