O GLOBO - 06/06
FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses
Joseph Blatter deu no pé porque sentiu o FBI nos seus calcanhares. Como os investigadores americanos já sabem que a Fifa é uma central de negociatas, o presidente reeleito da entidade achou melhor botar a viola no saco.
FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses
Joseph Blatter deu no pé porque sentiu o FBI nos seus calcanhares. Como os investigadores americanos já sabem que a Fifa é uma central de negociatas, o presidente reeleito da entidade achou melhor botar a viola no saco.
No Brasil é diferente. Dilma Rousseff sentiu a Polícia Federal
nos seus calcanhares, e os investigadores brasileiros já sabem que o
governo do PT é uma central de negociatas. Mas a presidente reeleita não
deu no pé, porque aqui não tem FBI. E com o silêncio das panelas, está
dando até para ouvir o ronco do gigante.
Uma década após o estouro do mensalão, o Brasil ameaça engolir também o petrolão — o que seria o salvo-conduto definitivo para a ladroagem progressista e humanitária. Nestor Cerveró, o primeiro brasileiro a proibir uma máscara de carnaval, foi condenado por comprar um apartamento em Ipanema com propina do petrolão. O ex-tesoureiro Vaccari está preso, acusado de ajudar Dilma Rousseff a alugar um palácio em Brasília (temporada de quatro anos) com propina do petrolão. Mas, nesse caso, a inquilina não está sendo sequer investigada. Como se vê, há propinas e propinas.
As delações premiadas da Lava-Jato já se cansaram de apontar que seria impossível operar um esquema com a dimensão do petrolão, por mais de dez anos, sem a cobertura do Planalto. O FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses. Ainda mais havendo indícios claros de dinheiro do esquema em suas duas campanhas presidenciais. E fartas evidências de formação de caixa pelo seu partido com dinheiro roubado da maior empresa nacional — graças a diretores protegidos pelo grupo governante.
Nota de esclarecimento ao FBI: a presunção de inocência da presidente é absolutamente normal na conjuntura institucional brasileira. A Corte Suprema é bem fornida de militantes premiados por anos de lealdade aos seus padrinhos. E o processo da operação Lava-Jato é presidido segundo esse padrão de isenção. Entenderam, prezados ianques? De que vocês estão rindo?
Em perfeita sintonia com os puxa-sacos petistas que foram ser felizes para sempre no Supremo, o procurador-geral da República arremata a ópera da inocência — diante da qual a opinião pública se curva, reverente, babando na gravata. Resta a Dilma subir em sua bicicleta e pedalar solene diante de uma imensa placa “Lava-Jato” — proporcionando a foto emblemática do Brasil-2015. Segue a legenda oficial: “Obrigada, otários, pela sua compreensão”.
Deve ser uma delícia sentir o vento do Planalto no rosto ao ritmo das pedaladas ciclísticas e fiscais ladeira abaixo (rumo à recessão), sem o menor risco de topar com a gangue da faca. Além de mais quatro anos para reger a orgia petista, o mandato presidencial dá direito a pedalar com um aparato de seguranças — e a escolta de um carro oficial, caso sua excelência se canse e prefira as facilidades do petróleo (sem precisar chamar o Vaccari). Quem sabe até dando uma carona ao companheiro Blatter, que ficou a pé.
Uma década após o estouro do mensalão, o Brasil ameaça engolir também o petrolão — o que seria o salvo-conduto definitivo para a ladroagem progressista e humanitária. Nestor Cerveró, o primeiro brasileiro a proibir uma máscara de carnaval, foi condenado por comprar um apartamento em Ipanema com propina do petrolão. O ex-tesoureiro Vaccari está preso, acusado de ajudar Dilma Rousseff a alugar um palácio em Brasília (temporada de quatro anos) com propina do petrolão. Mas, nesse caso, a inquilina não está sendo sequer investigada. Como se vê, há propinas e propinas.
As delações premiadas da Lava-Jato já se cansaram de apontar que seria impossível operar um esquema com a dimensão do petrolão, por mais de dez anos, sem a cobertura do Planalto. O FBI jamais entenderia como uma mandatária pode permanecer imune a investigações num cenário desses. Ainda mais havendo indícios claros de dinheiro do esquema em suas duas campanhas presidenciais. E fartas evidências de formação de caixa pelo seu partido com dinheiro roubado da maior empresa nacional — graças a diretores protegidos pelo grupo governante.
Nota de esclarecimento ao FBI: a presunção de inocência da presidente é absolutamente normal na conjuntura institucional brasileira. A Corte Suprema é bem fornida de militantes premiados por anos de lealdade aos seus padrinhos. E o processo da operação Lava-Jato é presidido segundo esse padrão de isenção. Entenderam, prezados ianques? De que vocês estão rindo?
Em perfeita sintonia com os puxa-sacos petistas que foram ser felizes para sempre no Supremo, o procurador-geral da República arremata a ópera da inocência — diante da qual a opinião pública se curva, reverente, babando na gravata. Resta a Dilma subir em sua bicicleta e pedalar solene diante de uma imensa placa “Lava-Jato” — proporcionando a foto emblemática do Brasil-2015. Segue a legenda oficial: “Obrigada, otários, pela sua compreensão”.
Deve ser uma delícia sentir o vento do Planalto no rosto ao ritmo das pedaladas ciclísticas e fiscais ladeira abaixo (rumo à recessão), sem o menor risco de topar com a gangue da faca. Além de mais quatro anos para reger a orgia petista, o mandato presidencial dá direito a pedalar com um aparato de seguranças — e a escolta de um carro oficial, caso sua excelência se canse e prefira as facilidades do petróleo (sem precisar chamar o Vaccari). Quem sabe até dando uma carona ao companheiro Blatter, que ficou a pé.
Seria o mínimo, considerando a carona
valiosa que a Fifa deu ao governo petista. Além da oportunidade de
construir os estádios mais caros da história das Copas, com a bolsa
BNDES irrigando empreiteiras amigas, o balcão do companheiro Blatter fez
o favor de tirar o Morumbi da Copa do Mundo. Assim abriu-se o caminho
para o milagre do Itaquerão, mais um sonho bilionário de Lula realizado
pela Odebrecht — ou o contrário, dá no mesmo. A CPI do Futebol pode ser
mais uma oportunidade para o gigante abrir um dos olhos, ver que os
companheiros estão metendo a mão no seu bolso, bocejar uma palavra de
ordem e voltar aos seus sonhos de anão.
Blatter pediu o boné
porque seus cúmplices deram com a língua nos dentes, expondo seu esquema
de eternização no poder. Já o esquema de eternização do PT no poder vai
bem, obrigado — e os cúmplices podem dar com a língua nos dentes à
vontade. O homem-bomba das empreiteiras, Ricardo Pessoa, disse aos
investigadores da Lava-Jato que deu R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma
no ano passado para não perder negócios com a Petrobras. Aí o barulho
foi grande: era o gigante roncando.
Indignados com a indiferença
da plateia, Dilma e seus amigos da pesada subiram o tom: depois de
Erenice estrelar o escândalo tributário da Operação Zelotes e Rosemary
ser denunciada por improbidade administrativa, Fernando Pimentel roubou a
cena. O governador de Minas — também conhecido como consultor
sobrenatural — teve seu braço-direito, o empresário Bené, preso por
suspeita de associação criminosa. Entre as acusações contra o amigo do
amigo de Dilma está a origem suspeita de dezenas de milhões de reais em
receita de sua gráfica, que atende ao PT. Diante do presépio petista,
talvez o FBI achasse que está sendo injusto com a Fifa.
A
renúncia de Joseph Blatter após sua reeleição foi um gesto pedagógico.
Ou o Brasil se inspira nele, ou assume que quer tomar mais quatro anos
de pedaladas. E facadas.(Literalmente e figurativamente falando.NB)
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