Em Brasília,
o ex-presidente cumpre acintosamente uma agenda de governante, conversa
com marqueteiro e diz a aliados que a crise atual do governo Dilma é
'dramática'. Pensa que pode tirar o Partido Totalitário do lodaçal em
que está mergulhado. Ledo engano. PT, Lula e Dilma já eram. Não há mais
lugar para essas hordas antidemocráticas e corruptas:
Para o ex-presidente, falta "rumo" aos petistas porque o governo não
consegue sair da defensiva, após as denúncias que bateram à porta do
Palácio do Planalto com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal. "O PT
tem tudo para ressurgir com força, desde que saiba se articular com os
movimentos sociais", afirmou Lula, de acordo com relato do senador Paulo
Paim (PT-RS). O petista gaúcho foi um dos três parlamentares que
votaram contra as medidas do ajuste fiscal, no Senado. Para o
ex-presidente, não existe saída individual para a crise. "É preciso
virar a página. Vamos para o enfrentamento", disse Lula.
Para evitar vazamentos da reunião, como o ocorrido no encontro com os
religiosos, em São Paulo, quando Lula afirmou que ele e Dilma estavam
"no volume morto", o presidente do PT, Rui Falcão, pediu que todos
deixassem os celulares fora da sala.
Enquanto Lula tentava descobrir uma solução para a crise política,
que se agrava a cada dia, a presidente Dilma Rousseff se encontrava com o
colega norte-americano Barack Obama, em Washington.
Mercadante. À
tarde, horas antes de se reunir com deputados e senadores do PT, na
tentativa de dar voz de comando à bancada petista no Congresso, Lula
telefonou para o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e não escondeu
a preocupação com o governo. Mercadante teve o nome citado pelo
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e delator do esquema de
corrupção na Petrobrás.
Lula sempre defendeu a saída de Mercadante da articulação política do
governo. O vice-presidente Michel Temer assumiu esse papel, mas Lula e
Mercadante ainda se estranham. Agora, o ex-presidente avalia que, se
houver mais desdobramentos da Lava Jato, será preciso fazer mudanças na
equipe de Dilma.
Pessoa disse que Mercadante recebeu R$ 250 mil "por fora" na campanha
ao governo de São Paulo, em 2010. O ministro negou com veemência a
acusação e contou ter recebido R$ 500 mil, em duas contribuições "legais
e registradas" de R$ 250 mil cada uma. O delator também citou o
ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, em seu depoimento ao
Ministério Público. Segundo Pessoa, a UTC repassou a Edinho - que era
tesoureiro da campanha de Dilma, em 2010 - R$ 7,5 milhões, segundo a
Revista Veja. Conforme revelou o estadão.com.br na sexta-feira, Pessoa
diz ter repassado, via caixa 2, R$ 3,6 milhões aos ex-tesoureiros
petistas José de Filippi, responsável pelas contas da campanha de Dilma
em 2010, e João Vaccari Neto entre 2010 e 2014. A quantia foi doada, de
acordo com Pessoa, porque Edinho teria feito uma ameaça. "O senhor quer
continuar tendo contratos com a Petrobrás?", perguntou o então
tesoureiro, segundo o empreiteiro. Edinho desmente.
Na tentativa de encontrar uma solução para o momento que chamou de
"dramático", Lula também se reuniu ontem com o jornalista João Santana.
Marqueteiro que ajudou a reeleger Dilma, Santana está atuando na
campanha presidencial de José Manuel De La Sota, na Argentina, mas
concordou em produzir o programa de TV do PT, que irá ao ar no dia 6 de
agosto.
Na manhã de hoje, ele tem um café marcado com o presidente do
Senado,Renan Calheiros (PMDB-AL). Apesar de aliado, Renan tem criado
muitos problemas ao Planalto desde que o seu nome entrou na lista dos
investigados na Lava Jato. (Estadã0).
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