O tiranete
Lula aproveita a ausência de Dilma para reuniões em Brasília com as
bancadas do Partido Totalitário no Congresso. O objetivo é cobrar dos
petistas uma reação às novas denúncias que envolvem o Palácio do
Planalto. Reação contra fatos, tirano?
Com Dilma
Rousseff em viagem aos Estados Unidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva desembarca nesta segunda-feira (29) em Brasília para comandar
reuniões com o objetivo de cobrar do PT uma reação às novas denúncias
que atingem o partido e o Palácio do Planalto.
Lula vai
jantar com as bancadas do PT no Congresso. O encontro foi agendado antes
do aprofundamento da crise que atinge o governo, que se agravou no fim
de semana com a revelação de novos detalhes dos depoimentos do
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, a procuradores da Operação Lava
Jato.
O
empresário confessou que pagou propina para fazer negócios com a
Petrobras e relatou encontros em que discutiu contribuições políticas
com os ministros Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, e Edinho
Silva, da Secretaria de Comunicação Social.
Antes do
jantar, Lula se reunirá com dirigentes do PT. Os temas dos encontros
serão a Lava Jato, a relação com o aliado PMDB e a agenda do partido e
do governo após a aprovação do ajuste fiscal.
Ministros
petistas defendem uma estratégia conjunta de Dilma e Lula para reagir à
crise política e econômica, embora a relação entre os dois esteja
estremecida.
O
ex-presidente tem feito críticas públicas à condução do governo.
Emissários de Dilma o procuraram na semana passada e pediram a Lula que
reassumisse a liderança da reação petista, com o que o ex-presidente
concordou.
Nas
palavras de um assessor presidencial, Dilma, Lula e o PT sabem que são
uma coisa só, e "ninguém vai superar essa crise sozinho". Lula tem
conversado com ministros, mas não com Dilma. Eles não se falaram depois
da revelação dos novos detalhes dos depoimentos de Pessoa.
A UTC deu
R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma em 2014. Pessoa diz que fez a
doação porque Edinho, então tesoureiro da campanha, sugeriu que ele
poderia ter problemas na Petrobras se não colaborasse, o que Edinho
nega.
O
empreiteiro disse ter dado R$ 250 mil de caixa dois para a campanha de
Mercadante ao governo paulista em 2010. O ministro diz ter recebido R$
500 mil em duas doações de empresas de Pessoa, ambas legais e
registradas.
Lula
pretende cobrar dos deputados e dos senadores do PT uma defesa mais
enérgica do partido contra o que o governo chama de "vazamentos
seletivos" na Lava Jato --na visão dos petistas, para prejudicar só o
partido.
SILÊNCIO
O clima
nas hostes governistas está envenenado, com acusações veladas de lado a
lado. No Palácio do Planalto, assessores estranham o silêncio do PT
diante das acusações contra os dois ministros.
Em
conversas reservadas, petistas dizem que aguardam acesso ao teor
integral dos depoimentos de Pessoa. Mercadante teve de cancelar sua
viagem com Dilma aos EUA para se defender, junto com Edinho e o ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Dilma
manteve distância dos jornalistas neste domingo (28). Ela se reuniu a
portas fechadas com um grupo de empresários em Nova York, almoçou no
hotel, saiu para passear e recolheu-se depois de três horas sem ser
vista.
Nas
bancadas, a principal cobrança dos petistas deverá ser pela adoção de
uma agenda que ultrapasse o marco da aprovação do ajuste fiscal --que
teve medidas impopulares. (FSP).
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