domingo, 2 de agosto de 2015

Lá fora, FHC poupa Dilma, que chama de honrada. Alguém ainda acredita no ex-presidente?


Bene, respondo de antemão: eu não acredito em FHC, por quem jamais tive simpatia, seja política ou intelectualmente. Ele nunca se penitenciou de sua infame "teoria da dependência", que mereceu figurar no Manual do Perfeito Idiota Latino-americano, de Álvaro Vargas Llosa e outros. Pois é, aqui dentro, diante dos tucanos, ele critica a presidente, e lá fora, com luvas de pelica, bota panos quentes na corrupção petista. Por que não te calas, FHC?  

No lugar das críticas que tem feito às gestões petistas de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) baixou o tom em entrevista à revista alemã de economia Capital e disse que a atual presidente da República não está envolvida no escândalo de corrupção na Petrobrás, investigado pela operação Lava Jato. As informações sobre a entrevista foram divulgadas nesta sexta-feira, 31, pela agência de notícias alemã Deutsche Welle.
De acordo com a DW, FHC disse na entrevista, publicada em alemão na edição da revista deste sábado, 1º, que Dilma não está envolvida nos desvios da estatal petrolífera, mas que o PT está. Ele lembrou que João Vaccari, ex-tesoureiro da sigla, foi detido na operação. "Eu a considero uma pessoa honrada, e não tenho nenhuma consideração por ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido, ódio que se volta agora contra o PT", diz FHC, creditando a Lula a responsabilidade por todo o escândalo.
Apesar das críticas ao ex-presidente petista, Fernando Henrique ponderou, à publicação internacional, que, para ele seja preso, é preciso que haja algo "muito concreto" e que isso dividiria o País, já que ele é um líder popular. E disse que talvez Lula tenha que depor como testemunha, "o que já seria suficientemente desmoralizante".
"Não se deve quebrar esse símbolo (Lula), mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido. É necessário sempre ter em mente o futuro do País", disse o ex-presidente tucano na entrevista. FHC chegou até a elogiar o petista: "Ele certamente tem muitos méritos e uma história pessoal emocionante. Um trabalhador humilde que conseguiu ser presidente da sétima maior economia do mundo."
Junto com os elogios, o tucano fez questão de reiterar que Lula, que o sucedeu na Presidência da República, apenas levou adiante a sua política, ao citar que as pessoas viam o petista como uma espécie de Cristo. "Eles fizeram dele um Deus, mas ele apenas levou adiante a minha política."
O tom mais equilibrado de FHC se contrapõe às suas recentes declarações rechaçando uma possível aproximação com Lula. "O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo", declarou o tucano no último final de semana.
Consciência. Em fevereiro deste ano, quando a presidente Dilma afirmou que, se os escândalos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante a gestão de FHC, alguns dos funcionários corruptos não estariam mais praticando atos ilícitos, o ex-presidente tucano rebateu a petista e sugeriu que ela fizesse um "exame de consciência".
"A Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor", afirmou o tucano, em nota divulgada à imprensa. O ex-presidente se referiu à autorização da presidente pela compra de 50% da refinaria, no Texas (EUA), quando era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006.
Na época, FHC disse se sentia "forçado" a reagir, uma vez que "a própria presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando ''pega ladrão!", escreveu o ex-presidente.(Estadão).
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