sábado, 26 de setembro de 2015

Nenhuma Presidência vale tanto


Carlos Chagas


A submissão da presidente Dilma às exigências do PMDB rachado e dividido constitui apenas um capítulo nessa novela de horror, mas só pode ter uma explicação: Madame tem medo do impeachment. Para evitá-lo, fará qualquer coisa. Dispõe-se a humilhações, avanços e recuos.


Aceita imposições e imobiliza seu governo, mais do que vinha acontecendo antes de optar pela reforma do ministério. Quer suprimir dez pastas, mas não sabe quais, definindo ora umas, ora outras, ao sabor do fisiologismo de seus aliados. Viajou para os Estados Unidos sem saber quantos ministros vão sair ou vão ficar. Nem quais os escolhidos. Quando retornar, o dia seguinte terá ficado pior do que a véspera, por conta de outras tantas trapalhadas e lambanças.


Nenhuma presidência vale tanto. Melhor faria Dilma se pedisse para sair, preservando o resto de honra que ainda possui. Com o país envolto em agudos índices de desemprego, o dólar alcançando patamares raras vezes registrados, o custo de vida aumentando em níveis sombrios, elevando-se o índice de impopularidades pela criação de mais impostos, sempre sacrificando a população – quais os dividendos que a presidente imagina tirar de performance tão negativa?

Dela, cada iniciativa redunda em fracasso. Seus aliados fogem, quando não a estão traindo. Seus ministros omitem-se. Seu partido evaporou. Pergunta-se porque ainda insiste. Se é para permanecer no palácio do Planalto às custas de tantos dissabores, melhor faria se reconhecesse a impossibilidade de seguir adiante. Não deu certo. Essas coisas acontecem, importa reconhecer a derrota e tirar dela efeitos ainda capazes de poupar sua biografia.


DESAGREGAÇÃO
Do jeito que as coisas vão, o risco é da desagregação nacional. Haverá que recomeçar, sob outra direção. O governo dos trabalhadores demonstra não ser  dos trabalhadores e nem ser governo. Tornou-se um aglomerado de fracassos, faltando-lhe programas, planos e estruturas. Lembra as ruínas de uma cidade assolada por formidável terremoto. Impossível reconstruí-la, preferível erigir outra, em outro terreno, sem o governo atual. Antes que as instituições afundem, reformá-las.


Trabalhadores, empresários, classe média, intelectuais, funcionários públicos, religiosos, jornalistas, militares, estudantes, até políticos, estes com vastas exceções, ainda poderiam dedicar-se à reconstrução, se unidos. Mas sem a equipe responsável pela queda. A começar por ela.

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