O GLOBO - 05/12
A recessão atual era evitável. O crescimento mundial é baixo, a China está desacelerando, os preços das commodities caíram, e os Estados Unidos vão subir os juros, o que eleva o dólar. Mesmo assim, tudo isso junto não explica a queda de 3,2% do PIB, a inflação de 10% e a devastação fiscal. Uma lista incompleta dos erros dos governos Lula e Dilma chega facilmente ao número 10.
1 Quando houve a crise internacional de 2008, o presidente Lula a subestimou. Ao sentir a força da queda, estimulou o crescimento do PIB pelo incentivo ao consumo, ampliando o crédito e reduzindo impostos para alguns setores, como carros e eletrodomésticos. Exagerou na dose. A política foi mantida para eleger a presidente Dilma, em 2010, que não corrigiu os excessos. Eles continuaram no seu governo através de desonerações a alguns setores, entre eles, o automobilístico. Isso afundou o caixa do Tesouro nos anos seguintes.
2 A presidente Dilma Rousseff forçou o Banco Central a reduzir os juros para atender a uma promessa de campanha. Juros baixos são um objetivo desejável, mas se eles são reduzidos para atender o governante podem acabar elevando a inflação. O centro da meta nunca foi atingido no atual governo e agora o índice está em dois dígitos.
3 A Petrobras foi usada politicamente. O presidente Lula mandava fazer investimentos que não eram rentáveis para agradar aliados políticos. Foi o caso das duas refinarias premium do Nordeste, que viraram prejuízo. A Refinaria Abreu e Lima foi feita para adular o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, mas a Venezuela não quis ficar no negócio. A presidente Dilma confirmou todas as escolhas desastradas de investimento quando presidia o conselho de administração ou após a sua eleição.
4 Logo após os anúncios do pré-sal, o governo Lula decidiu mudar o marco regulatório do setor de petróleo e paralisou por cinco anos as rodadas de licitação. O interesse pelo Brasil caiu fortemente quando surgiram novidades no setor, como o gás de folhelho nos EUA, e outras áreas produtivas. O Irã voltou ao mercado depois de décadas de brigas com o Ocidente. O pré-sal deixou de ser relevante para o mundo. O preço do petróleo caiu. Esse tempo já está perdido.
5 Quando a cotação do petróleo estava alta, o governo Dilma interferiu nos preços internos, impedindo reajuste dos combustíveis. Isso produziu um prejuízo bilionário para a Petrobras, até hoje não recuperado.
6 No governo Lula começaram as transferências de recursos do Tesouro ao BNDES, para que o banco estimulasse a formação de “empresas campeãs nacionais”. Um modelo que já havia dado errado no governo militar. O Tesouro se endividou para o BNDES emprestar, e muito crédito foi concedido de forma controversa. Principalmente, há um erro estratégico. Não é assim que se aumenta a competitividade de uma economia.
7 Quando o ex-ministro Antonio Palocci propôs o déficit nominal zero, a então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff fulminou a ideia. Sua política fiscal fez o déficit disparar e atingir 9,5% do PIB.
8 A MP 579 forçou a queda dos preços da energia em 2012 e desequilibrou o setor. O incentivo ao consumo veio quando a seca começou e ajudou a exaurir a água dos reservatórios. Para fechar o rombo das distribuidoras de energia, o governo mandou o setor tomar empréstimos bancários dando como garantia aumentos futuros nas tarifas. Passada a reeleição, os preços saltaram e elevaram a inflação.
9 Para tentar esconder a piora nas contas do superávit, o Tesouro inventou todo o tipo de maquiagem nas contas públicas, como as pedaladas e os decretos de elevação de gastos sem autorização prévia do Congresso. O TCU recomendou a rejeição das contas de 2014 e, agora, juristas pediram o impeachment. O ministro Guido Mantega foi nomeado por Lula e mantido por Dilma no primeiro mandato.
10 A corrupção é o décimo elemento. As descobertas da Lava-Jato mostram erros como decisões bilionárias tomadas por poucas pessoas, ou a compra de uma refinaria velha e enferrujada por um preço muito acima do valor. Foi o fator mais desestabilizador.
O rombo fiscal, os crimes que foram descobertos na Lava-Jato, a inflação alta, o intervencionismo demoliram a confiança na economia. Tudo isso — e outros erros não listados acima — levou o país à pior recessão em 25 anos e à crise política.
A recessão atual era evitável. O crescimento mundial é baixo, a China está desacelerando, os preços das commodities caíram, e os Estados Unidos vão subir os juros, o que eleva o dólar. Mesmo assim, tudo isso junto não explica a queda de 3,2% do PIB, a inflação de 10% e a devastação fiscal. Uma lista incompleta dos erros dos governos Lula e Dilma chega facilmente ao número 10.
1 Quando houve a crise internacional de 2008, o presidente Lula a subestimou. Ao sentir a força da queda, estimulou o crescimento do PIB pelo incentivo ao consumo, ampliando o crédito e reduzindo impostos para alguns setores, como carros e eletrodomésticos. Exagerou na dose. A política foi mantida para eleger a presidente Dilma, em 2010, que não corrigiu os excessos. Eles continuaram no seu governo através de desonerações a alguns setores, entre eles, o automobilístico. Isso afundou o caixa do Tesouro nos anos seguintes.
2 A presidente Dilma Rousseff forçou o Banco Central a reduzir os juros para atender a uma promessa de campanha. Juros baixos são um objetivo desejável, mas se eles são reduzidos para atender o governante podem acabar elevando a inflação. O centro da meta nunca foi atingido no atual governo e agora o índice está em dois dígitos.
3 A Petrobras foi usada politicamente. O presidente Lula mandava fazer investimentos que não eram rentáveis para agradar aliados políticos. Foi o caso das duas refinarias premium do Nordeste, que viraram prejuízo. A Refinaria Abreu e Lima foi feita para adular o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, mas a Venezuela não quis ficar no negócio. A presidente Dilma confirmou todas as escolhas desastradas de investimento quando presidia o conselho de administração ou após a sua eleição.
4 Logo após os anúncios do pré-sal, o governo Lula decidiu mudar o marco regulatório do setor de petróleo e paralisou por cinco anos as rodadas de licitação. O interesse pelo Brasil caiu fortemente quando surgiram novidades no setor, como o gás de folhelho nos EUA, e outras áreas produtivas. O Irã voltou ao mercado depois de décadas de brigas com o Ocidente. O pré-sal deixou de ser relevante para o mundo. O preço do petróleo caiu. Esse tempo já está perdido.
5 Quando a cotação do petróleo estava alta, o governo Dilma interferiu nos preços internos, impedindo reajuste dos combustíveis. Isso produziu um prejuízo bilionário para a Petrobras, até hoje não recuperado.
6 No governo Lula começaram as transferências de recursos do Tesouro ao BNDES, para que o banco estimulasse a formação de “empresas campeãs nacionais”. Um modelo que já havia dado errado no governo militar. O Tesouro se endividou para o BNDES emprestar, e muito crédito foi concedido de forma controversa. Principalmente, há um erro estratégico. Não é assim que se aumenta a competitividade de uma economia.
7 Quando o ex-ministro Antonio Palocci propôs o déficit nominal zero, a então chefe da Casa Civil Dilma Rousseff fulminou a ideia. Sua política fiscal fez o déficit disparar e atingir 9,5% do PIB.
8 A MP 579 forçou a queda dos preços da energia em 2012 e desequilibrou o setor. O incentivo ao consumo veio quando a seca começou e ajudou a exaurir a água dos reservatórios. Para fechar o rombo das distribuidoras de energia, o governo mandou o setor tomar empréstimos bancários dando como garantia aumentos futuros nas tarifas. Passada a reeleição, os preços saltaram e elevaram a inflação.
9 Para tentar esconder a piora nas contas do superávit, o Tesouro inventou todo o tipo de maquiagem nas contas públicas, como as pedaladas e os decretos de elevação de gastos sem autorização prévia do Congresso. O TCU recomendou a rejeição das contas de 2014 e, agora, juristas pediram o impeachment. O ministro Guido Mantega foi nomeado por Lula e mantido por Dilma no primeiro mandato.
10 A corrupção é o décimo elemento. As descobertas da Lava-Jato mostram erros como decisões bilionárias tomadas por poucas pessoas, ou a compra de uma refinaria velha e enferrujada por um preço muito acima do valor. Foi o fator mais desestabilizador.
O rombo fiscal, os crimes que foram descobertos na Lava-Jato, a inflação alta, o intervencionismo demoliram a confiança na economia. Tudo isso — e outros erros não listados acima — levou o país à pior recessão em 25 anos e à crise política.
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