quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

AS PESCARIAS E A LUA



Contribuição do poeta e escritor Ítalo Pasini.


- Ítalo Pasini -



Ítalo no rio São Marcos. Ao fundo, esquerda, barra do ribeirão das Éguas



Lembro-me de meu tempo de pescador. Ainda no mesmo rancho descrito acima. Era acompanhado por minha esposa, mais pescadora do que eu. Os piaus, usados como iscas, eram pescados por ela. Foi um tempo maravilhoso. A liberdade; o contato com a natureza; aquela companheira maravilhosa; o sabor do peixe pescado na hora; o banho de rio; o cantar dos pássaros e principalmente da curicaca; a cachaça, fabricada pelo fazendeiro que me cedeu o local do rancho; as visitas recebidas, dos filhos, parentes, amigos, etc.; o luar visto da canoa, na madrugada.


Em 1 989, o rio São Marcos alcançou o rancho, que ficava a treze metros acima. Destruiu as paredes e carregou as camas, todas de ferro. Ficaram enganchadas em árvores da mata ciliar e foram recolhidas pelos roceiros. Não reconstruí as paredes, simplesmente fechava o rancho com plásticos. 

Hoje, não somente pela idade, mas principalmente pela segurança, eu não teria coragem de ficar naquele local isolado.  Naquele tempo os bandidos ficavam presos e o cidadão em liberdade; hoje, a situação está inversa.

Numa noite de lua cheia em 1995, no meio do rio, amarrei o barco em uma pedra. Minha esposa dormia a sono solto no rancho. Enquanto bebia uma cerveja (e também uma pinga gostosa...), escrevi um pequeno poema. Ao chegar a casa, passei-o para minha agenda. Não me preocupei com as estruturas; utilizei o verso livre, o qual não responde a nenhum dos aspectos métricos inerentes aos poemas. Fiz alusão ao meu sentimento naqueles ambiente e momento, fazendo-me de Modernista, permitindo-me uma livre criação poética.


Hoje, esse poema é como um filme, mais ainda, representa um período maravilhoso de nossas vidas.

 



POEMINHA PARA A LUA

Estava a admirar-te, ó Lua.
Por que és tão fascinante?
Acho que agora descobri.

Representas em teu esplendor
O espaço e o tempo em nossa vida
Além, é claro, de clarear a noite.

Espaço, porque és vista
Em Goiás, Roma, Pequim
Nos pólos e no Saara.

Tempo, porque fostes vista
Por Quéops, Quefrem e todos os Ramsés,
Júlio César, Napoleão, Jesus Cristo
E até por mim...

(Ítalo Pasini, 11/01/1 995)


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