Mancha de lama no litoral do Espírito Santo triplica de tamanho
06/01/2016 19h58
Brasília
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Na terça-feira (5), dia em que se completaram dois meses do
rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), o tamanho da mancha
de lama que se espalha pela superfície do mar do Espírito Santo, a
partir da foz do Rio Doce, triplicou de tamanho em relação a domingo
(3), e não há prazo para que os rejeitos de minério deixem de ser
despejados no litoral.
Mancha de lama na foz do Rio Doce voltou a crescer e atinge agora 66,6 km² Paulo de Araújo/MMA O
acompanhamento é feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Estadual de Meio
Ambiente (Iema), órgão ambiental do Espírito Santo.
Apesar de ter
apresentado um recuo de cerca de 90% entre 29 de dezembro e o último
domingo de 168 quilômetros quadrados (km²) para 19,3 km², a dimensão da
mancha voltou a crescer no dia seguinte, atingindo 66,6 km².
O
comportamento errático da mancha de lama, que chegou à costa no dia 21
de novembro, se deve a fatores como a incidência de chuvas ao longo da
bacia do Rio Doce, a direção dos ventos no litoral e o comportamento das
marés, de acordo com o Ibama.
Para o professor de engenharia
costeira da Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa
de Engenharia (Coppe/UFRJ) Paulo Rosman, não há prazo para que o rejeito
de minério deixe de ser despejado na costa do município de Linhares
(ES), devido à enorme quantidade de lama que ficou depositada nas
margens do Rio Doce e de seus afluentes, alguns dos quais foram
invadidos pela lama por mais de 80 quilômetros.
Aumento
da lama na foz do Rio Doce a deve a fatores como a incidência de chuvas
ao longo da bacia do Rio Doce e o comportamento das marésFred Loureiro/Secom ES “Vai
depender da velocidade em que essas margens vão ser revegetadas, de
modo a consolidar esse material onde está, caso contrário, sempre que
chover forte no alto e médio Rio Doce, vai ser observado um aumento
significativo do material em suspensão despejado no mar”, explicou o
pesquisador. “O rio vai continuar barrento por muito tempo.”
Outro
fator capaz de acelerar a dispersão da lama de rejeitos seria uma ação
de desassoreamento do Rio Doce, diz o secretário do Meio Ambiente do
Espírito Santo, Rodrigo Júdice. Ele, no entanto, responsabiliza a
Samarco, empresa dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG) no dia 5
de novembro, pela elaboração da medida.
“Eles não ficaram
totalmente inertes, mas o que a gente questiona é a dimensão do esforço
ante a magnitude do problema”, disse o secretário. A Samarco ainda não
encaminhou aos órgãos ambientais do estado um plano emergencial de
mitigação de danos ambientais, conforme determinou a Justiça de Minas
Gerais no fim de novembro.
A Samarco disse que ainda trabalha na
elaboração de um plano de mitigação de danos ambientais, por meio da
contratação de uma consultoria especializada.
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