terça-feira, 31 de maio de 2016

Gorila assassinado estaria a proteger criança

Morte de Harambe envolta em polémica.
Por Catarina Correia Rocha
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Harambe, um gorila que vivia no Jardim Zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos, foi morto no passado sábado após uma criança de três anos ter caído na jaula do animal. Perante aquela situação, os funcionários do zoo atiraram no animal, mas já são muitas as vozes a defender que o gorila estaria a tentar proteger o rapaz.

O vídeo que surgiu na internet mostra que o animal, de 17 anos de mais de 180 quilos, chegou mesmo a dar a mão à criança - entre outros gestos de afeto - nunca a colocando em perigo.

Quando o rapaz caiu na jaula, Harambe desceu à vala e agarrou a criança, num episódio que durou cerca de 10 minutos até o desfecho fatídico.

O zoo defende a decisão de abater o animal, afirmando que os funcionários reagiram a uma situação de vida ou morte e em que "um tranquilizante não teria efeito suficientemente rápido".

Vejam o video e tirem suas próprias conclusões:

 https://youtu.be/iAu1IRrZCW4

Na rede social Facebook há um grupo chamado "Justice for Harambe" – "Justiça para Harambe" – que conta já com mais de 6 mil seguidores. A criança foi hospitalizada mas está fora de perigo.

Fonte: Correio da Manhã / mantida a grafia lusitana original

Cidade de SP quer quase dobrar número de árvores urbanas em um ano

terça-feira, 31 de maio de 2016


Hoje São José dos Campos possui 130 mil árvores no perímetro urbano. Até o fim do ano serão mais 97 mil.

A Prefeitura de São José dos Campos, cidade do interior de São Paulo, fará o plantio de mais de 97 mil árvores nas zonas urbana e rural do município até o fim deste ano. Os trabalhos serão coordenados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semea) e Secretaria de Serviços Municipais (SSM).

O plantio em área urbana visa o enriquecimento arbóreo dos bairros em três eixos de atuação. No mais amplo deles, as regionais da SSM plantarão 320 árvores por semana, totalizando 1.280 a cada mês e 10.240 até o fim do ano. A operação teve início em abril e segue até dezembro em locais como região central, Jardim das Indústrias, Jardim Satélite, Santana, Novo Horizonte.

Outra ação da SSM é o Programa “São José Mais Verde”, que atende as áreas com baixo índice de arborização. Serão plantadas 884 árvores, de aproximadamente 2,5 metros de altura, em 80 ruas e avenidas nos bairros Vila das Flores, Jardim Cruzeiro do Sul, Jardim República, Jardim Nova República, Jardim dos Bandeirantes e Jardim Santa Edwiges.

A terceira ação em área urbana será o plantio de 2.100 mudas em áreas de nascentes no Jardim Satélite, Campo dos Alemães, Vista Verde, Pararangaba e Jardim São Vicente. O trabalho envolve o plantio, a conservação e a manutenção das mudas pelo período de 36 meses. Hoje São José possui 130 mil árvores no perímetro urbano.

Na área rural, a ação será realizada a partir de setembro, promovendo a recomposição da mata ciliar ao longo de nascentes e córregos.  A primeira fase do Programa São José Mais Água irá se concentrar no plantio de 84.100 árvores na microbacia Ribeirão das Couves, no Distrito de São Francisco Xavier.

Em 2017, terá continuidade a restauração de áreas de preservação permanente nas nascentes e margens de córregos na Bacia do Rio do Peixe, com o plantio de 126 mil árvores.

Fonte: Ciclo Vivo

Macacos têm papel fundamental para a dispersão de sementes


terça-feira, 31 de maio de 2016


Extinção dos primatas pode levar a alterações na Mata Atlântica

Estudante do curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro, Felipe Soares Bufalo, fez uma revisão crítica sobre um assunto pouco estudados pelos pesquisadores: a dispersão de sementes por primatas na Mata Atlântica e seu papel na restauração florestal. Artigo foi publicado na revista International Journal of Primatology.

Principal autor do artigo, Bufalo explica que os primatas possuem um papel fundamental na dispersão de sementes, particularmente em florestas tropicais. No entanto, em razão dos fatores como constante fragmentação e defaunação, diversas espécies de primatas vêm sendo localmente extintas. “Neste cenário, reforça-se a importância de que este importante grupo seja compreendido quanto à sua efetiva dispersão de sementes”, diz.

No artigo, os pesquisadores apresentam uma sistemática revisão acerca de estudos de dispersão de sementes por primatas em um hotspot (Região biogeográfica com altas taxas de endemismo e ameaçada) de biodiversidade, a Mata Atlântica. A intenção é ressaltar lacunas no conhecimento atual; determinar a riqueza e a proporção de espécies de sementes dispersas; testar a relação entre tamanho corporal e o tamanho das espécies de sementes dispersas.

A revisão encontrou 79 estudos abordando a dieta de seis eco-espécies – Callithrix (saguis), Leontopithecus (micos-leões), Callicebus – (sauás), Sapajus (macacos-prego), Alouatta (bugios), Brachyteles (muriquis) -, entre os quais, apenas 20 abordam dispersão de sementes, nenhum deles sobre Callithrix ou Callicebus.

A distribuição de espécies e áreas de estudos mostra-se desequilibrada, sendo que a maioria dos estudos está concentrada na região sudeste do Brasil. Todas as eco-espécies dispersaram uma grande proporção das espécies de sementes manipuladas (72.1, 93.6%). Brachyteles foram responsáveis pela dispersão da maior diversidade de plantas (N=73), seguidos por Sapajus (N=66), Leontopithecus (N=49), e Alouatta (N=26).

Os autores concluem que, apesar de não ter sido encontrada uma relação significativa entre tamanho corporal dos primatas e o tamanho das sementes dispersas, Brachyteles dispersaram uma maior diversidade de espécies de sementes grandes do que primatas menores.

“Os resultados sugerem que a extinção local de grandes espécies pode levar a muitas alterações na comunidade vegetal, uma vez que várias espécies vegetais com grandes sementes podem ser inacessíveis a fugívoros arborícolas menores”, diz o artigo.

Pesquisas futuras

São ainda propostas no estudo orientações para futuros estudos acerca da dispersão de sementes por primatas com o intuito de possibilitar a avaliação da efetividade da dispersão de sementes e aprimorar o entendimento do fundamental papel de primatas neste processo ecossistêmico.

Segundo o pesquisador, por meio da realização desta revisão é possível constatar que estudos acerca da dispersão de sementes por primatas atualmente são escassos e mal distribuídos pela Mata Atlântica, com a maioria encontrada na região sudeste do Brasil. Ainda, Estados como Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná permanecem não estudados quanto a este processo ecossistêmico. “Chama a atenção o fato de 58% das espécies de primatas encontradas no bioma permanecerem desconhecidas quanto à dispersão de sementes”, comenta Bufalo.

Foram registradas 64 famílias vegetais dispersas: 50% das espécies vegetais dispersas correspondem a apenas 10 famílias, o que pode indicar que os primatas representem uma importância fundamental para sua reprodução. Dentre as famílias vegetais com maior número de espécies dispersas encontram-se Myrtaceae (24), Fabaceae (16) e Moraceae (14).

Também foram registradas 647 espécies vegetais consumidas por primatas na Mata Atlântica. Por meio dos índices de dispersão obtidos, pode-se observar que uma média de 84.5% das espécies de sementes manipuladas pelas eco-espécies de primatas tendem a ser dispersas. Se extrapolado este valor, poderia ser esperada a dispersão de 547 das 647 espécies vegetais registradas em estudos de dieta. Entretanto, foi registrada a dispersão de apenas 234 espécies vegetais, o que corresponde a apenas 36.2% do total das espécies consumidas na Mata Atlântica, onde 75.4% (N=1728) são dispersas por animais (Almeida-Neto et al.  2008).

De acordo com os dados obtidos, todas as eco-espécies de primatas interagem com todas as classes de tamanho de sementes, de forma que não foi encontrada relação significativa entre tamanho do primata e o tamanho da semente dispersa. No entanto, primatas de maior tamanho corpóreo dispersam sementes grandes com uma maior frequência, reforçando a importância de Brachyteles e Alouatta para a regeneração de fragmentos florestais.

“Chama também a atenção, apesar do pequeno tamanho corporal, a capacidade de Leontopithecus de dispersar sementes grandes, mesmo que em baixas frequências. A dispersão de sementes grandes por Leontopithecus e Sapajus reforça a importância destes primatas para a regeneração de florestas uma vez que, devido ao menor tamanho corporal, requerem menores fragmentos para sobreviver. Sementes grandes tendem a pertencer a formações florestais maduras, frequentemente correspondendo a árvores de grande porte e com grande capacidade de sequestro de carbono”, aponta Bufalo.

“Baseados na importância que primatas representam para a conservação e regeneração de florestas tropicais e nas altas taxas com que estes ecossistemas vêm sendo comprometidos, é de extrema importância que estudos futuros incorporem informações quantitativas e qualitativas acerca dos componentes relacionados à efetividade da dispersão de sementes, possibilitando um entendimento mais consistente a respeito do papel de primatas em processos ecossistêmicos”, conclui o estudante do IB.

O artigo é assinado ainda pela orientadora da pesquisa, Laurence Culot, do Departamento de Zoologia do IB, e por Mauro Galetti, do Departamento de Ecologia da mesma instituição. 
 
 

China se compromete a aumentar suas florestas em 23% até 2020

terça-feira, 31 de maio de 2016


A recuperação das florestas esta diretamente ligada às preocupações com o ar.

A China tem um novo plano de desenvolvimento sustentável com ações para os próximos cinco anos. De acordo com a ONU, em relatório apresentado na última semana, os chineses querem, entre outras coisas, aumentar em 23% a cobertura de florestas até 2020.

As metas apresentadas pelo país, que é atualmente o maior poluidor do mundo, são audaciosas. A China se comprometeu ainda com a redução de 15% no consumo de energia, 23% no consumo de água e 18% por unidade do PIB, tudo isso em apenas cinco anos.

Para alcançar estes objetivos muitas mudanças já têm sido colocadas em prática no país. Segundo o relatório das Nações Unidas, até 2014 a China já havia construído 1,5 bilhão de metros quadrados de prédios com eficiência energética em área urbana.

Ainda se tratando de energia, o documento mostra que o uso de veículos elétricos no país aumentos 45 vezes entre 2011 e 2015, um passo importante em uma nação refém da poluição atmosférica.

A recuperação das florestas esta diretamente ligada às preocupações com o ar. A expectativa é de que aumentando a quantidade de árvores, o país consiga ter 80% dos dias do ano com o a qualidade do ar considerada boa em áreas urbanas, algo impensável atualmente.

O relatório da ONU ainda traz exemplos bem sucedidos no Butão, o país mais feliz do mundo, na Costa Rica, que tem investido pesado na conservação e recuperação das florestas, e na Alemanha, onde novas tecnologias melhoraram a reciclagem e criaram muitos empregos.

“Existem inúmeras ferramentas disponíveis para os países desenvolverem uma economia verde inclusiva. Neste relatório, nós vemos exemplos em todo o mundo, em países desenvolvidos e em nações em desenvolvimento”, explicou Achim Steiner, Diretor Executivo do PNUMA, durante evento da ONU realizado em Nairóbi, na última semana.

“Se a China conseguir alcançar esses objetivos, então ela terá dado um grande passo em direção a uma economia verde, que utiliza recursos de forma eficiente, limita os riscos da mudança climática e melhora a saúde da população”, opinou Steiner.

Fonte: Ciclo Vivo

Cápsulas orgânicas substituem caixões e transformam cemitério em floresta


terça-feira, 31 de maio de 2016



Ao invés de lápides, os enterros dariam origem a uma nova vida.

Uma dupla de artistas italianos pretende modificar o conceito tradicional de cemitérios. No lugar dos caixões comuns, eles propõem a utilização de uma capsula biodegradável, coberta por uma árvore. Assim, ao invés de lápides, os enterros dariam origem a uma nova vida.

A ideia é assinada pela dupla Anna Citelli e Raoul Bretzel. No site do projeto, a dupla explica que o interesse dos dois é ajudar a resgatar a sociedade que vive atualmente distante da natureza. Para alcançar este objetivo, eles escolheram um tema considerado um tabu: a morte.

“Os mortos não podem ser apenas um problema técnico, não podem ser tratados com um tabu. Independente da religião e cultura a que pertencemos, a morte é um fenômeno biológico, é a mesma coisa para todos. Nenhum designer pensa em caixões, isso se torna uma forma de refletir sobre o quão distantes estamos da mãe natureza”, diz o site.

A proposta de Anna e Bretzel é transformar os cemitérios em verdadeiras florestas sagradas. Para isso, eles criaram a Capsula Mundi. Com o formato de um ovo gigante, o produto exerce a mesma função de um caixão. O seu grande diferencial é a matéria-prima. Ele não é feito em madeira, assim não promove o desmatamento. O material usado pelos designers é um amido, feito a partir de plantas sazonais e 100% biodegradável.

A proposta não para por aí. Para que o conceito seja completo, a morte também deve representar uma nova vida, memórias e cuidado. Assim sendo, a pessoa escolhe a sua árvore preferida, desde que seja nativa das regiões em que o produto é disponibilizado, e começa a cuidar dela ainda em vida. Após morrer, a pessoa é colocada em posição fetal dentro de uma Capsula Mundi e enterrada. Acima dela é plantada também a sua própria árvore.

O intuito é de que os cemitérios fiquem cheios de árvores e que a família e os amigos do falecido sejam os responsáveis pelo cuidado da planta, como forma de guardar a lembrança, ao mesmo tempo em que troca a morbidez de um cemitério pela bela paisagem de uma floresta.

O CicloVivo também já mostrou exemplos de urnas biodegradáveis. Clique aqui para ver um exemplo brasileiro.

Fonte: Ciclo Vivo

Asa Sul faz protesto pelo tombamento


Grupo avalia que documento abre caminho para lojas em área residencial

 
Eric Zambon
eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e entidades comunitárias do Plano Piloto entraram em rota de colisão desde a publicação da Portaria 166/2016, lançada em 11 de maio deste ano. Conforme o órgão de preservação, o documento foi editado após 18 meses de estudos e tem por objetivo complementar o tombamento do Conjunto Urbanístico de Brasília, regulamentado em 1992. Para um grupo de cidadãos, porém, existe uma agenda secundária, o que foi motivo de protesto ocorrido ontem.


“Esse documento abre a possibilidade de nossas residências serem tomadas por lojas de conveniência, boates, açougues e afins”, acusa o prefeito comunitário da 705 Sul, o administrador Amilton Figueiredo, 62 anos. “O Iphan deveria combater isso, mas está à frente. Ele não pode legislar sobre isso”, dispara.


O superintendente do instituto, Carlos Madson, concorda e garante que a portaria não tem essa pretensão. “O que fizemos foi estabelecer critérios de intervenção para cada setor da área tombada, detalhando a portaria. Não estamos revogando o documento antigo, ele continua vigente”, afirma. Para ele, a maioria dos críticos das mudanças não leu os 89 artigos redigidos.


Delimitação
O pano de fundo para a discussão é o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub), confecionado em 2014 e pivô de divergências entre parlamentares, instituições e sociedade civil. O documento visa   organizar e delimitar as áreas comerciais, urbanas e industriais da cidade. Para alguns, no entanto, tenta favorecer a especulação imobiliária com valorização ou mudança de destinação de algumas áreas. Essa questão permanece latente no governo Rollemberg até o momento.


“O Iphan está preparando o terreno para a implementação da PPCub  para o Governo de Brasília não precisar ter esse desgaste”, critica Amilton Figueiredo.


 Moradora e síndica do Bloco D da Quadra 315 Sul, a servidora pública aposentada Regina Suzuki, de 55 anos, tem opinião semelhante.  “Essa portaria seria um presente para o comércio, apenas. Mas nosso tombamento não foi presente. Nos custou dinheiro, suor e sangue e foi a materialização de um sonho”, defende.


Moradores recorrerão ao MPDFT
Presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul (CCAS), o engenheiro-eletricista José Daldegan  afirma que o grupo prepara uma representação pedindo a revogação da portaria para entregar ao Ministério Público. “Estamos fazendo a argumentação técnica e vamos brigar. Estamos estarrecidos com o Iphan e decepcionados com o governador, que enquanto senador lutava pela cidade”, cobra.

O superintendente do Iphan, Carlos Madson, acredita que as divergências se dão por questões interpretativas. Ele exemplifica a regulamentação da altura dos prédios residenciais para defender a portaria. “Na 312 Sul, nós perdemos a causa por falta de clareza da antiga portaria. Os prédios mais novos são desproporcionais ao restante, pois não tínhamos base para atuar. Tentamos embargar, mas os empreiteiros foram à Justiça e reclamaram que não havia altura máxima delimitada. Agora, está estabelecido que são 27 metros”, elucida.

Um manifesto assinado por seis entidades comunitárias e de preservação ambiental, porém, ressalta sete pontos problemáticos. Segundo o texto, existe “redação imprecisa, que permite interpretações subjetivas” nos trechos a respeito de uso das entrequadras, superquadas e quadras 700 e 900, além de desmembramento e parcelamento de lotes no Eixo Monumental e nas áreas do Inmet e da Caesb, ambas no Sudoeste.

Madson  rebate  ao afirmar que, conforme o plano original de Lucio Costa, aquele setor do DF não possui uma única destinação. Nas superquadras residenciais, por exemplo, convivem estabelecimentos como igrejas e bancas de jornal. Sobre as acusações de parcelamento, ele garante que o órgão apenas regulamenta a maneira de explorar áreas já loteadas pelo governo. Apesar dos conflitos, ele confia que o instituto está no caminho certo.

Saiba mais
O Iphan admite que um dos documentos utilizados como base para redigir a portaria foi o PPCub, mas garantiu que outros 14 papéis, incluindo o   relatório original do Plano Piloto, foram considerados.

Dos sete pontos de divergência apontados pelo manifesto das entidades comunitárias e de preservação, quatro deles também estão presentes na minuta do PPCub, alguns depois alterados.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


Educação GAIA-Ecovilas


Ciência e Tecnologia para uma vida sustentável

Enquanto a ocupação irregular e a urbanização desenfreada continua no Planalto Central
O coletivo Educação Gaia Brasília lança o filme Ecovilas Brasil: https://www.facebook.com/events/1745538432360757/

Mega-acidentes ambientais: insuficiência na prevenção e na aferição de reparações

Por Guilherme José Purvin de Figueiredo
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Vilarejo de Bento Rodrigues, destruído pelo rompimento da barragem do Fundão, 
em novembro de 2015. Foto: Senado Brasileiro

Na manhã e na tarde do dia 20 de maio, a Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil – APRODAB realizou seu primeiro workshop do ano sobre “Mega-acidentes e Direito Ambiental”, evento preparatório para o 14º Congresso Brasileiro do Magistério Superior de Direito Ambiental, que ocorrerá nos dias 28 e 29 de outubro de 2016, em Vitória – ES.


O encontro se deu no Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, entidade co-promotora do evento. Com aproximadamente trinta debatedores, incluindo advogados públicos e privados e membros do Ministério Público, além dos professores de Direito Ambiental da entidade promotora, foram lembrados alguns dentre muitos grandes desastres ambientais na história do planeta, tais como a tragédia de Minamata (Japão, 1956) os acidentes de Seveso (Itália, 1976), Three Mile Island (EUA, 1979), Chernobil (Ucrânia, 1986), Goiânia (Brasil, 1987), Deep Horizon (Golfo do México, 2010) e, obviamente, Mariana (Brasil, 2015). Os debates se desenvolveram em torno de dois grandes eixos: prevenção de acidentes e sua reparação.
Mecanismos de prevenção


A maior preocupação demonstrada pelos participantes disse respeito à ameaça de aprovação da PEC 65/2012, do Senado Federal, que acrescenta um § 7º ao art. 225 da Constituição Federal e que, criando um verdadeiro imbroglio jurídico, confunde institutos e procedimentos e, em última análise, detona o sistema de licenciamento ambiental, transformando a simples apresentação do estudo de impacto ambiental em “autorização” para a execução de obra:

“§ 7º A apresentação do estudo prévio de impacto ambiental importa autorização para a execução da obra, que não poderá ser suspensa ou cancelada pelas mesmas razões a não ser em face de fato superveniente”.


Atente-se que a PEC 65 transforma a simples apresentação do EIA em licenças prévia e de instalação. Essa proposta, mais do que temerária, seria o sepultamento do próprio Direito Ambiental Brasileiro.


Se a redação do dispositivo é precária e dúbia, o mesmo não se pode dizer da justificação apresentada pelo autor da emenda: evitar que prefeitos sejam prejudicados pelos seus adversários políticos com a paralisação de obras públicas ambientalmente impactantes.
Nos últimos dias, redações alternativas procuram amenizar a agressividade da proposta do Senador Acir Gurcacz, introduzindo atenuantes.


Uma delas foi acrescer à mera “apresentação” do EIA, também a sua “aprovação”. Resta compreender a natureza jurídica dessa tal “aprovação” do Estudo de Impacto Ambiental. Este é, como como o nome já diz, apenas um estudo exigido em algumas hipóteses para o desenvolvimento válido do processo administrativo de licenciamento ambiental. O estudo não é o processo administrativo e nem muito menos é uma decisão administrativa.


Outra proposta atenuante foi a de limitar as suspensões e cancelamentos para o âmbito administrativo. Ou seja, em prevalecendo esta nova redação, o Congresso Nacional estaria aquiescendo com a existência de um Poder Judiciário no país e admitindo a suspensão ou cancelamento por determinação judicial... Como na velha história: “colocaram o bode na sala”.



O mais preocupante, em toda essa discussão é que a PEC esteja tramitando num momento em que o país e o mundo ainda não se recuperaram do choque com aquele que vem sendo considerado o maior desastre ambiental minerário da história e que simplesmente matou seres humanos, extinguiu todos ecossistemas do Vale do Rio Doce, assim como os valores culturais das populações tradicionais do seu entorno.


No momento em que a presente nota era redigida, soubemos que o Senador Randolfe Rodrigues, em boa hora, apresentou requerimento para que a PEC 65/2012 retornasse à Comissão de Constituição e Justiça, para tramitar conjuntamente com a PEC 153/2015, também do Senado Federal.


 Extremamente oportuna, esta PEC introduz um inciso VII ao § 1º do art. 225, dispondo que incumbe ao Poder Público “promover práticas e adotar critérios de sustentabilidade, em seus planos, programas, projetos e processos de trabalho, bem como na aquisição de bens e contratação de serviços e obras”. Ou seja, estabelece exatamente o contrário do que pretende a malfadada PEC 65/2012. Torçamos para que o bom senso e a defesa da vida venham a prevalecer!


Reparação de danos
Outro tópico levantado no workshop da APRODAB diz respeito à mensuração dos danos ambientais. Chama a atenção a incapacidade nacional em se compreender expressões monetárias. Estudos históricos e sociológicos poderiam talvez explicar as razões pelas quais os meios de comunicação e a opinião pública parecem não conseguir distinguir a diferença entre cifras de milhares, milhões ou bilhões de reais.



Os exemplos são incontáveis.
Tome-se, ilustrativamente, as indenizações astronômicas chanceladas pelo Poder Judiciário na década de 1990, por conta das malfadadas “desapropriações ambientais indiretas” ajuizadas por conta da criação de inúmeros parques estaduais e nacionais sem prévio estudo do impacto orçamentário que decorreria da necessidade de transferência do domínio das áreas particulares atingidas para o Poder Público.


Resultado disso foram condenações dos Estados Federados ou da União em valores por vezes até dez vezes mais elevados do que o preço de mercado dos imóveis, sem que nem peritos nem magistrados se dessem conta de tais descalabros – e isto a despeito das sucessivas denúncias da irrealidade dos cálculos apresentadas pelas Procuradorias dos Estados ou do IBAMA na época.


De igual foram, vemos até hoje acordos verdadeiramente caricatos em ações civis públicas envolvendo interesses econômicos vultosíssimos e danos ambientais e à saúde humana irreversíveis.


A título de ilustração, basta recordar o caso do descumprimento, pela ANP, Petrobrás e Anfavea, das determinações relativas à adoção do Diesel S-50 em nosso país (Resolução 315, do CONAMA). O polêmico acordo conduzido pelo Ministério Público Federal e que pôs fim à ação civil pública postergou a vigência da Resolução 315 e estabeleceu uma compensação pecuniária verdadeiramente irrisória, enfrentando por isso a oposição de instituições respeitáveis, como a própria Faculdade de Medicina da USP, amparada em estudos conclusivos do Prof. Paulo Saldiva.


A questão central é que não dispomos hoje no Brasil de capacitação de profissionais capazes de ao menos num primeiro momento apresentar parâmetros para a avaliação de danos ambientais (em especial os que protraem no tempo) e de seu custo de recuperação ou compensação.


Em busca do “momento de fama”, ameaçam-se empresas com a cobrança de indenizações em valores estratosféricos, que na prática representariam sua quebra e a perda de centenas ou milhares de postos de emprego. Uma vez produzido o efeito midiático, por vezes são celebrados acordos manifestamente insuficientes. Isto quando não é simplesmente interrompido o processo de execução de sentença em ação civil pública, seja por haver o assunto caído no esquecimento, seja pela absoluta incapacidade de nossas instituições públicas de resolver questões técnicas de alta complexidade e que ensejariam novos confrontos com o poder econômico.


A constatação a que os professores reunidos em São Paulo chegaram foi que, lamentavelmente, há praticamente duas décadas o movimento ambientalista brasileiro tem se limitado a lutar contra retrocessos. Mas os debates apenas tiveram início e prosseguirão, agora no Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE), culminando com o encontro nacional em Vitória-ES.

Abate de animais em zoológico: fácil julgar, difícil agir

Por Yara de Melo Barros

Imagem do gorila do zoo de Cincinnati, abatido no domingo após uma criança cair no cela. Foto: Mark Dumont/Flickr.
Imagem de um gorila do zoo de Cincinnati.


Um animal foi abatido após uma criança cair no fosso onde ficam os animais. 

Dois leões foram abatidos no Zoo do Chile para salvar a vida de um suicida que conseguiu violar as barreiras de segurança e pulou no recinto, atiçando os leões até ser atacado por eles. No domingo houve outro caso lamentável no Zoo de Cincinnati: uma criança de 4 anos escalou a cerca do recinto dos gorilas e caiu no fosso, cheio de água. Harambe, um gorila macho de 17 anos, nascido em um outro zoo, agarrou o garoto e o arrastou pelo recinto, dentro da água.


Como o protocolos dos zoos prevêem que nestes casos devem ser tomadas medidas para resguardar a vida humana, as equipes do zoos, nos dois casos, tiveram que tomar a difícil decisão de abater os animais para salvar as pessoas.


Além da enxurrada de críticas e acusações de "assassinato" que andam circulando nas redes sociais, percebo que a cada tragédia com animais em zoos surgem centenas de "ambientalistas especialistas" em espécies que nunca estudaram, e eles emitem opiniões sobre como os zoos deveriam ter lidado com a situação de emergência (que eles provavelmente nunca viveram).

Um assunto bastante debatido tem sido o porquê de nestes casos os zoos não terem usado sedação ao invés de abater os animais. A sedação não é uma opção segura quando o animal já está atacando a pessoa (como no caso dos leões) ou está muito próximo da vítima (como no caso do gorila).

Quando o animal recebe o dardo com o tranquilizante, sua primeira reação é geralmente brusca e de agitação, o que pode torná-lo mais perigoso. E o sedativo demora bastante até fazer efeito, portanto seria pouco eficiente para salvar a vida das vítimas.

Após o incidente com o gorila, circulou um vídeo que mostra que na verdade não houve uma agressão inicial do gorila, e sim um comportamento de curiosidade. Os gritos dos visitantes que observavam a cena provavelmente agravaram o quadro. A água no fosso também representava uma ameaça, pois o garoto poderia se afogar enquanto estava sendo arrastado pelo gorila.

Mas é importante lembrar, para quem está analisando o vídeo e condenando a decisão do zoo de abater o gorila, é que nesta situação de emergência, você tem alguns segundos, no máximo minutos, para tomar uma decisão que pode custar a vida de uma pessoa... Você não tem tempo de sentar e calmamente assistir o vídeo, ponderar, trocar uma ideia com os colegas e então decidir. O que você tem é um protocolo para resguardar a vida humana. E um gorila de mais de 250 kg arrastando uma criança de 4 anos.


Nossos protocolos de segurança não dizem que temos que julgar se o suicida que se jogou no recinto dos leões merece morrer ou se a criança que caiu no recinto dos gorilas deve morrer para ensinar os pais a serem mais responsáveis.


Escolha de Sofia
Uma coisa eu gostaria de salientar: quem trabalha em zoos sabe o quanto é doloroso tomar uma decisão destas. Nós amamos os animais sob nossos cuidados. Passamos mais tempo com eles do que com nossa própria família. Eles são nossa responsabilidade e nossa paixão. A morte de cada animal nos afeta e entristece profundamente.

Quando temos que sacrificar um animal porque um irresponsável não respeitou nem a sinalização, nem as várias barreiras de segurança e nem a vida do animal, isso é para nós uma tragédia.

No caso dos leões do Chile, em meio a ataques ao zoo e declarações de pessoas desejando a morte do suicida, Maurício Fabry, Diretor do Parque Metropolitano onde está o zoo, deu uma lição de humanidade e empatia ao fazer a seguinte declaração:


"A coisa mais triste foi ver homens e mulheres de minha equipe chorando,com raiva, 
com o coração partido. Se vocês estão lendo isso, quero dizer-lhes que os apoio 
totalmente. Que triste também foi a falta de empatia com Franco, o jovem de 
20 anos de idade, que todos desprezamos. Hoje falei com seu pai, foi uma 
conversa muito forte, um homem humilde, e eu disse a ele que para salvar 
a vida de seu filho tivemos que perder a vida do que mais amamos no zoológico: 
os nossos animais. Eu soube também que este jovem vivia em um abrigo, seus 
dois irmãos estão presos e no ano passado sua mãe morreu. 

Manolo, o nosso leão, nasceu no Zoo e é de longe o mais querido de todos. 
A história que me mata é a da Fraquinha; esta leoa que ganhou este nome
porque chegou no zoo no estado mais lamentável que eu já vi um animal. 
Ela foi abandonada por um circo em  Coihueco e quando chegou não podia
sequer levantar-se, eu nunca vi na minha  vida um animal tão fraco. 


Tratadores, técnicos e demais profissionais do zoo fizeram um trabalho d
e muito carinho para recuperá-la. Alguém realmente acredita de verdade
que nós não nos importamos com a morte de nossos leões? 

Eu os levarei sempre no meu coração, e tenho certeza que estarão no coração 
de cada um que trabalha aqui. Franco, eu te perdoo, desejo que a vida te dê 
uma segunda oportunidade que esta sociedade não te deu. É verdade que você
está doente, como também é verdade que estamos doentes enquanto sociedade. 


Eu pelo menos me alegro que pudemos te entregar vivo ao teu pai".

Essa declaração do Maurício me fez lembrar que uma das coisas que acredito que os zoos podem despertar é empatia, que a meu ver é o que pode dar jeito neste mundo. A declaração do Maurício é também um lembrete de que não podemos seguir lutando para salvar animais se nossa compaixão não se estende também a nossa espécie.


Animais ameaçados de extinção
Gorilas são criticamente ameaçados, pela caça, captura, perda de hábitat e fragmentação. Existem duas espécies de gorilas (oriental e ocidental), cada uma com duas subespécies. Só existem cerca de 125.000 gorilas das subespécies ocidentais. Estudos indicam que suas populações declinaram mais de 60% nos últimos 20 a 25 anos. As subespécies orientais, incluindo os gorilas das montanhas, têm de 2.000 a 10.000 indivíduos.


Os programas de reprodução conduzidos por zoos no mundo todo são vitais para a sobrevivência dos gorilas.


Os zoos não apenas contribuem para a reprodução, mantendo uma população de segurança que pode ser reintroduzida, mas também doam, todos os anos, milhões de dólares para a conservação dos gorilas na natureza. Entre 2010 e 2014, apenas os zoos dos Estados Unidos doaram US$ 4,5 milhões para a conservação de gorilas.


Existem cerca de 150 zoos no mundo todo envolvidos no programa de reprodução para conservação dos gorilas ocidentais, manejando aproximadamente 800 gorilas.


Na América do Sul, o único zoo a manter gorilas e participar deste esforço internacional é o Zoo de Belo Horizonte, que há dois anos comemorou o nascimento de dois filhotes. Além da reprodução para a conservação, zoos fazem um trabalho de conscientização para a redução do nosso impacto sobre a espécie. O Zoos Victoria (Austrália), por exemplo, conduz o programa "They are calling on you", que dá a oportunidade de seus visitantes ajudarem diretamente a salvar os gorilas, entregando seus celulares usados para serem reciclados, pois a mineração de coltan para a indústria eletrônica tem um impacto catastrófico na destruição do habitat dos gorilas. O dinheiro arrecadado com esta atividade é doado a uma instituição, o "Gorilla Doctors", que atende gorilas doentes na natureza.


Quem teve a oportunidade de assistir o tocante documentário Virunga pôde constatar a dura realidade de pessoas abnegadas que tentam salvar a vida de gorilas no Congo. "No ano passado, um gorila macho alfa, o líder de seu grupo, e três fêmeas foram baleados e mortos no parque nacional de Virunga, na República Democrática do Congo.


Duas das fêmeas tiveram bebês e a outra estava grávida. Os dois bebês não foram encontrados, e especialistas dizem que provavelmente morreram de estresse e desidratação. Esta foi a sétima morte na área de Virunga, que abriga 200 dos restantes 700 gorilas da montanha do mundo. Pensa-se que estas mortes não são o trabalho dos caçadores furtivos, porque os corpos foram deixados intactos. Da mesma forma, em uma cena anterior do abate, um bebê gorila - no valor de milhares de dólares no mercado negro animal vivo - foi encontrado agarrado a sua mãe morta."(Fonte: The Guardian).

Para quem diz que é um crime manter gorilas em cativeiro, sugiro que leiam o texto e assistam o documentário. Assim vocês talvez entendam o que é realmente um crime.


Segurança do visitante e do animal
Outra discussão levantada com os acidentes com os leões e o gorila foi a segurança dos zoos. Zoos precisam ter recintos que garantam a segurança de animais e pessoas? Claro que sim. Mas os visitantes também precisam respeitar tanto a natureza selvagem dos animais quanto as barreiras de segurança e a sinalização de advertência.

Para invadir um recinto, um visitante precisa passar por placas, cercas e outras barreiras físicas. Para que uma criança consiga fazer isto, ela deve estar totalmente sem a supervisão dos pais ou responsáveis. É inaceitável que os pais, supostamente responsáveis, tenham ignorado a sinalização de perigo e deixado a criança sem supervisão.

Esta negligência custou a vida de um magnífico e ameaçado animal e poderia ter custado a vida da criança. No vídeo do gorila é possível ouvir a mãe gritando, enquanto o garoto era arrastado pelo gorila "Mamãe está aqui, mamãe te ama". Bom, seria mais interessante se "mamãe" tivesse cuidado melhor do garoto e impedido que ele caísse no recinto.

Estendo minha solidariedade aos Zoos do Chile e Cincinnati, que certamente estão sofrendo pela perda absurda de membros de sua família, e faço um apelo: Quando visitar um zoo, tenha respeito. Pela sua vida, pela vida das crianças sob seus cuidados e pela vida dos nossos animais. Respeite os limites impostos pelo zoo, respeite as barreiras de segurança e a sinalização. 

Não deixe que sua negligência ameace a vida de seus filhos e de nossos animais.



segunda-feira, 30 de maio de 2016

A destruição da Mata Atlântica:“A floresta precede os povos. E o deserto os segue”

artigo de José Eustáquio Diniz

Publicado em maio 30, 2016 por


A floresta precede os povos. E o deserto os segue”
Chateaubriand

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[EcoDebate] Na chegada dos Portugueses ao Brasil, a primeira vítima (o pecado original) foi uma árvore derrubada para a construção da cruz que serviu de símbolo para a primeira missa, rezada por Frei Henrique de Coimbra, no dia 26 de abril de 1500, um domingo, na praia da Coroa Vermelha, em Santa Cruz de Cabrália, no litoral sul da Bahia. Muitas outras árvores foram abatidas posteriormente para o comércio do Pau-Brasil, enquanto o bioma como um todo ia definhando e desaparecendo com o progresso da nova civilização luso-brasileira.

Antes da chegada de Pedro Álvares Cabral (ver vídeo do Porta dos Fundos), a Mata Atlântica cobria cerca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados (km²) do território nacional, abarcando todo o litoral do país entre o Chuí, no Rio Grande do Sul, ao Piauí, além de se espalhar pelo interior até partes do Mato Grosso do Sul e Goiás.


Nos primeiros séculos da colonização lusitana houve o genocídio da população indígena e, ao longo do período, aconteceu o repetitivo e prolongado “estupro coletivo seguido de morte” da floresta virgem. Atualmente restam apenas cerca de 163 mil km², ou pouco mais de 12%, da floresta original. E esses remanescentes estão espalhados em áreas de difícil acesso e sem a existência de corredores ecológicos para facilitar o intercâmbio da biodiversidade e a mobilidade dos poucos animais sobreviventes. A Mata Atlântica, em sua grandeza, é o bioma mais devastado da História do país.


A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram, na semana passada, os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2014 a 2015. Por incrível que pareça, o desmatamento continua a ferro e fogo. O estudo apontou o desmatamento de 18.433 hectares (ha), ou 184 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2014 a 2015, um aumento de 1% em relação ao período anterior (2013-2014).


O relatório mostra que o estado de Minas Gerais, que vinha de dois anos de queda nos níveis de desmatamento, voltou a liderar o desmatamento no país, com decréscimo de 7.702 ha (alta de 37% na perda da floresta). A vice-liderança ficou com a Bahia, com 3.997 ha desmatados, 14% a menos do que o período anterior. Já o Piauí, campeão de desmatamento entre 2013 e 2014, ocupa agora o terceiro lugar, após reduzir o desmatamento em 48%, caindo de 5.626 ha para 2.926 ha.


A Fundação SOS Mata Atlântica mostra que a exemplo dos últimos anos, esses três estados se destacam no ranking por conta do desmatamento identificado nos limites do Cerrado. O Piauí abriga o município Alvorada do Gurguéia, responsável pela maior área desmatada entre todas as cidades do Brasil. Entre 2014 e 2015, foi identificado decremento florestal de 1.972 hectares no local.



Os municípios baianos de Baianópolis (824 ha) e Brejolândia (498 ha) vêm logo atrás, seguidos pelas cidades mineiras de Curral de Dentro (492 ha) e Jequitinhonha (370 ha), localizadas na região conhecida como triângulo do desmatamento, que abriga ainda Águas Vermelhas (338 ha), Ponto dos Volantes (208 ha) e Pedra Azul (73).


O gráfico abaixo indica que a taxa de desflorestamento anual da Mata Atlântica está caindo, mas está longe de chegar ao desmatamento zero, sendo que o ideal seria o desmatamento negativo, ou seja, que houvesse um aumento da cobertura florestal. No ritmo atual, o Brasil deve chegar ao desflorestamento zero somente quando todo o bioma for destruído!

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O Brasil e o mundo possuem uma grande dívida com a Mata Atlântica e precisam reparar o sofrimento que causaram a milhões de milhões de seres inocentes e indefesos da biodiversidade existentes nos 1,3 milhão de km² da área original. Além dos cortes, a perda de cobertura vegetal está relacionada com a degradação das nascentes dos rios e com o assoreamento e perda dos recursos hídricos.


O desastre da Samarco/Vale/BHP que provocou tantos danos em Mariana, Minas Gerais, e em todo o rio Doce é mais um elemento que se soma à catástrofe secular que atinge toda a Mata Atlântica. Os rios São Francisco e Paraíba do Sul são outros grandes rios que sofrem com e conjuntamente à destruição da Mata Atlântica.


Evidentemente existem alternativas para reverter o assassinato em massa da Mata Atlântica. Uma iniciativa interessante ocorre com o projeto Olhos D’água, do Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado, que busca recuperar áreas da Mata Atlântica, concomitantemente à recuperação das nascentes. O trabalho de recuperação hídrico-florestal promovido pelo Instituto começou na fazenda da família do fotógrafo, onde a terra foi arrasada para garantir a sobrevivência e o progresso da família Salgado. Há 16 anos, a mata não existia e no local só tinha pasto.



Numa atitude autocrítica e afinada com os ideais ecocêntricos, Sebastião Salgado conseguiu recuperar 700 hectares de Mata Atlântica. O local fica em Aimorés, em Minas Gerais, perto da divisa do Espírito Santo. Ele havia viajado o mundo inteiro fotografando e, quando voltou ao local de nascimento, comprou a fazenda do pai e junto com a esposa, decidiu reflorestar o local. Agora, o Instituto espalha o conhecimento, fornece materiais e financia o projeto para toda a bacia do Rio Doce. Este é um exemplo que pode ser copiado e ampliado, inclusive como alternativa ao desastre da Samarco/Vale/BHP de 2015.

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Uma outra iniciativa é a criação do corredor ecológico Rio das Velhas-Paraopeba, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A Associação Comunitária Promutuca defende a manutenção e ampliação de uma faixa de mata em torno do Ribeirão do Mutuca ligando os importantes remanescentes florestais separados pelas atividades antrópicas dos dois grandes rios que cortam a RMBH.


Isto propiciaria a livre mobilidade e o deslocamento entre as espécies animais e a permuta genética entre a fauna e a flora da região. Seria uma forma de reverter, pelo menos em parte, a perda da biodiversidade e o empobrecimento ambiental desta rica área de montanha e fonte de inúmeras nascentes dos afluentes da bacia do rio São Francisco.


O estado de Minas Gerais, grande explorador de minérios, foi o líder do desmatamento do que restou da Mata Atlântica, no período 2014-2015. Mas os exemplos do Instituto Terra e do Promutuca mostram que o estado pode se tornar o líder do reflorestamento, da recuperação das nascentes e da revitalização dos rios. Quem sabe, em um futuro próximo, o Estado mude de nome e ao invés de Minas Gerais (MG), passe a se chamar Matas Gerais (MG)!

Referências:

ALVES, JED; GRILLO, J. Corredor ecológico Rio das Velhas-Paraopeba em Nova Lima, Ecodebate, RJ, 01/08/2012
Criação de CORREDOR ECOLÓGICO exige participação dos moradores
Porta dos Fundos, Colonizado, 21/04/2016 https://www.youtube.com/watch?v=ViIBcsGdYDM
Sebastião Salgado, O Instituto Terra
SOS Mata Atlântica, MG volta a liderar ranking de desmatamento, 25/05/2016

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, 30/05/2016
"A destruição da Mata Atlântica, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/05/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/05/30/a-destruicao-da-mata-atlantica-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Segundo a ONU, basta 1% dos gastos militares para enfrentar as crises globais


Publicado em maio 30, 2016 por



pelo fim das armas

Não é retórica. É aritmética. Para enfrentar tantas crises humanitárias em curso, são necessários – com base nos cálculos das Nações Unidas – 240 milhões de dólares por ano. Uma meta nada impossível: o número representa apenas 1% das atuais despesas militares mundiais.

A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada no jornal Avvenire, 25-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Quem lembrou isso aos 57 chefes de Estado e de governo e aos quase 6 mil delegados reunidos em Istambul para aPrimeira Cúpula Humanitária, foi Ban Ki-moon, nessa terça-feira. O secretário-geral, promotor da iniciativa, disse-se “orgulhoso” com os resultados da conferência. No entanto, expressou “desapontamento com o fato de que alguns líderes não vieram, especialmente os do G7, com exceção de Angela Merkel“.

Ban lançou um apelo aos membros do Conselho de Segurança “para dar passos importantes: a sua ausência não é uma desculpa para não fazer nada”. A situação é dramática: 130 pessoas necessitam de assistência para sobreviver. E o seu número cresce em um ritmo alarmante de um milhão por mês.

Para enfrentar a emergência, é urgente reformar o sistema das ajudas, de modo a torná-lo “mais inclusivo”, afirma aONU. O que preocupa, em particular, é a proliferação de conflitos e as dificuldades de parar os que estão em curso: como destaca a ONU, 80% dos fundos devem resolver tragédias criadas pelo ser humano.

Uma verdadeira solução, como lembrado pelo Papa Francisco na mensagem enviada à cúpula, só pode ser encontrada colocando-se no lugar e ao lado das vítimas. Escutemos o seu clamor – pediu o papa –, deixemos que elas nos deem “uma lição de humanidade”.

A chave para o sucesso da cúpula – reiterou o cardeal Pietro Parolin – é “colocar-se do lado daqueles que sofrem”. Em uma entrevista à Radio Vaticana, o secretário de Estado – que liderou a delegação da Santa Sé em Istambul – frisou a centralidade da pessoa humana, “mas da pessoa humana na sua concretude, na sua singularidade. Portanto, a pessoa que sofre, a pessoa que se encontra em necessidade”.

A conferência, no entanto, não foi isenta de polêmicas. O líder do país anfitrião, Recep Erdogan Tayyb, aproveitou a oportunidade para lançar um novo ataque à União Europeia. No dia seguinte às críticas de Merkel pelo enrijecimento turco, o presidente disse que não tinha recebido da Europa as ajudas prometidas pelo acordo sobre os refugiados.

E lançou o desafio para Bruxelas: “Se não houver nenhum progresso na liberalização dos vistos, Ancara não vai continuar na implementação do entendimento sobre os migrantes”. Também foi eloquente, nesse sentido, a escolha de não inserir Volkan Bozkir, protagonista da recente mediação com a Europa, no novo Executivo.

(EcoDebate, 30/05/2016) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à Ecodebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Aranhas do pavão: Cientista encontra sete novas espécies de criaturas



Conheça a mais linda Aranha' pavão'

Maratus volans, mais conhecido como Aranha pavão, é o dandiest, a coisinha mais fofa você verá hoje. O macho desta espécie tem dois arredondado, mais brilhantemente coloridos retalhos de pele, como em ambos os lados de seu abdômen que são dobradas para baixo perto contra os lados do corpo, como um xale. 

 A coloração brilhante não é apenas para decoração, ele a usa quando ele tribunais seu companheiro. Para chamar a atenção da aranha feminina masculinos ondas primeiras as pernas, vibrar seu abdômen e se move de um lado para o outro. 

 Ele também levanta as pernas de terceiros que tem uma escova de cerdas pretas e as extremidades com pontas brancas. E, em seguida, como um pavão, ele levanta as duas aletas magnificamente coloridas e danças para a fêmea. É este acto final que ganhou a aranha e, na verdade, todo gênero Maratus, o nome de aranha pavão.
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A aranha pavão é extremamente pequena – apenas quatro milímetros de comprimento. Escondendo no mato, é o tipo de coisa uma média australiana bushwalker iria passar junto, mas não Dr Jurgen Otto que capturaram essas fotos na sua câmera.

"Eu tenho um olho muito afiado para pequenas coisas", disse Dr Jurgen Otto. "Quando eu ando em torno do arbusto que eu geralmente não olho para as árvores, geralmente estou no chão. Havia uma aranha que apenas parecia diferente de outras aranhas, que eu tinha visto antes, então eu estava muito curioso... e eu levei um par de fotos".

As fotografias que revelaram uma aranha saltadora olha mais extraordinária. 

"Desde então eu estive envolvido e queria tirar mais fotos assim sempre voltando para 3 anos, mas infelizmente eu mantive procurando no lugar errado."

Três anos mais tarde, perseverança na Jurgen pagada e ele capturaram que ele acredita que é a única imagens de aranhas pavão australiano.
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Outras espécies de aranha pavão são igualmente impressionantes.

Maratus speciosus

O nome comum desta espécie é aranha pavão costeiras. Até recentemente era chamado Saitis ilusórias, mas é muito semelhante a outras espécies de Maratus e, portanto, agora é incluído neste género. Os pêlos de cores laranja, só são visíveis durante a exibição. Uma das espécies mais marcantes do gênero Maratus, ele pode ser encontrado em Perth metropolitana.
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Maratus harrisi

Esta espécie foi fotografada primeiramente por Stuart Harris em dezembro de 2008, mas demorou mais 3 anos para outro espécime ser encontrado que então poderia ser cientificamente descrita. Esse modelo é agora apresentado no Museu australiano como o holótipo e a espécie foi nomeada em homenagem a Stuart. A amostra que você vê aqui é um terceiro já fotografado. Ele também veio de Booroomba Rocks em Canberra e foi coletado por Stuart.
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Maratus linnaei

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Maratus mungaich

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Espécie de Maratus da Tasmânia

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Espécie de Maratus de Sydney

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Maratus amabilis

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Aranha de Darlington pavão

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Maratus splendens

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Fontes: Wikipédia, xs4all, Abc.net. Todas as imagens do Dr Jurgen Otto.