Em Lima
- Janine Costa/Reuters
A alteração nos níveis desse elemento decorre da intensa atividade mineira artesanal na zona, que também destrói rios e solos.
Segundo relatório apresentado ao governo por autoridades ambientais, foi detectada a "contaminação por mercúrio nas águas dos rios, em espécies hidrobiológicas e na população, com níveis superiores aos limites máximos permitidos".
Diferentes etnias do departamento de Madre de Dios apresentam altos níveis de mercúrio no organismo, "o que acarreta problemas de saúde sérios, crônicos e complexos - particularmente em crianças e grávidas", diz o relatório.
O texto acrescenta ainda que o problema é consequência de "práticas inadequadas utilizadas pela mineração ilegal e informal durante a extração e o beneficiamento do ouro aluvial".
A contaminação também está no ar e em peixes, principalmente nos da espécie piracatinga (Calophysus macropterus), parte da dieta habitual da população de Madre de Dios.
"Recomendamos que não se consuma essa espécie", disse em coletiva de imprensa o ministro do Ambiente, Manuel Pulgar-Vidal.
"A consequência da atividade mineira em Madre de Dios vai nos acompanhar pelos próximos 80 anos, e isso deve ser combatido na raiz", ressaltou o ministro.
"Declarar o estado de emergência implica em ações de saúde, hospitais móveis, levar alimentos como peixes não contaminados, entre outras coisas", completou.
Há outros locais afetados na Amazônia peruana. Em março passado, foi registrado que membros da etnia nahua, que habitam a comunidade nativa Santa Rosa de Serjali, em Ucayali (sudeste), também apresentavam mercúrio no organismo.
A presença de mercúrio no sangue pode afetar órgãos vitais, como pulmões e rins. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o elemento está entre os dez mais problemáticos para a saúde.
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Muito
se fala sobre os efeitos do desmatamento da Amazônia sobre o
ecossistema ou o clima como um todo, mas pouco se sabe sobre o impacto
em espécies específicas. Um estudo internacional, divulgado pela revista
Science Advances, projeta que pelo menos 36% e até 57% de todas
espécies de árvores da Amazônia devem estar ameaçadas, em um alerta para
o futuro da natureza
Imagem: William Milliken-RBG Kew, Bruce Hoffman, Marcelo F. Simon, Terry Henkel, Hans ter Steege e Emilio Vilanova/Divulgação
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