12/02/2016
Um menino inglês com uma doença do sono causada por uma vacina contra a gripe ganhou uma indenização de 120.000 libras esterlinas, o equivalente a R$680.000.
Josh Hadfield, agora com 10 anos de idade, desenvolveu a narcolepsia depois de receber a vacina Pandemrix há seis anos.
Ele recebeu a indenização depois de apelar contra o governo, que tinha inicialmente se recusado a pagar alegando que o garoto não estava "gravemente incapacitado o suficiente".
Ao contrário da maioria dos países, onde danos causados por vacinas são simplesmente negados pelas autoridades de saúde, o Reino Unido possui um programa oficial de indenizações, chamado Vaccine Damage Payments Scheme, embora só libere o dinheiro para as pessoas afetadas se elas puderem provar "deficiências severas", equivalentes à incapacitação geral.
Apesar dos enormes benefícios das vacinas, como todo medicamento, elas podem gerar efeitos colaterais, embora não haja dados confiáveis a respeito da incidência desses danos, em boa parte porque os casos são quase sempre negados pelas autoridades de saúde, o que impede a realização de estudos voltados a evitá-los.
Essa postura das autoridades, temerosas de que os casos afetem o sucesso das campanhas de vacinação, tem ajudado a florescer movimentos radicais antivacinação, que tentam negar todos os benefícios das vacinas.
Pandemrix
A narcolepsia de Josh foi desencadeada depois que ele recebeu a vacina contra a gripe H1N1 de 2009, conhecida como Pandemrix, produzida pela GlaxoSmithKline, em janeiro de 2010.
Um porta-voz da GlaxoSmithKline afirmou: "Nós continuamos comprometidos com a realização de pesquisas adicionais sobre o potencial papel da Pandemrix no desenvolvimento da narcolepsia. Estamos também apoiando o trabalho em andamento de outros especialistas e organizações que investigam casos notificados da doença."
A vacina Pandemrix foi mais amplamente utilizada no Reino Unido durante a pandemia de gripe 2009-10 e dada a quase um milhão de crianças entre seis meses e cinco anos de idade.
A vacina, que não é mais usada, também foi associada à narcolepsia em crianças da Finlândia, Suécia e Irlanda.
Narcolepsia
A mãe de Josh, Caroline Hadfield, disse que ele também apresentou um grande ganho de peso causado pela condição e por sua medicação.
"Josh tem que trabalhar muito duro, porque ele perde aulas devido ao sono e às consultas médicas", disse ela.
A narcolepsia é uma doença rara, com cerca de 10 novos casos por milhão de pessoas todos os anos.
O principal sintoma é o adormecimento súbito.
Ainda não se conhecem as causas ou os mecanismos pelos quais a narcolepsia age no organismo, o que impede o desenvolvimento de tratamentos.
Os gatilhos iniciais sugeridos pelas pesquisas incluem infecções, como o sarampo ou a caxumba, acidentes e mudanças hormonais que ocorrem na puberdade - a narcolepsia começa mais frequentemente entre 15 e 30 anos de idade.
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