segunda-feira, 13 de junho de 2016
Encerrada no dia 27 de maio, em Nairóbi, a 2ª. Sessão da Assembleia das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA), conhecida como o “Parlamento
do Meio Ambiente”.
Compareceram mais de 170 representantes dos
países-membros da ONU e às suas reuniões estiveram presentes mais de
2000 participantes entre ministros, delegados, dirigentes de organismos
da ONU, cientistas, representantes da sociedade civil e setor privado
entre outros.
Ao longo da semana que durou o evento, de 23 a 27
de maio, foram pauta destacada dos debates: a produção de alimentos,
economia verde, aquecimento dos oceanos e prejuízos à vida marinha e a
caça ilegal de animais selvagens. Foram apresentados relatórios
temáticos sobre as relações entre saúde e meio ambiente, o estado da
natureza no mundo, a contaminação do ar e a produção sustentável de
alimentos.
Sobre a contaminação e a degradação do meio ambiente a
ONU calcula que causam a morte prematura de 12,6 milhões de pessoas a
cada ano, número 234 vezes superior ao que provocam os conflitos
armados. Só a contaminação do ar é responsável pela morte anual de 7
milhões de pessoas no mundo todo.
O fato que foi enfatizado pelo
diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), Achim Steiner que afirmou que o rápido crescimento urbano
ocorrido principalmente nos países em desenvolvimento, não foi
acompanhado de uma política global sobre a qualidade do ar.
Nos
cinco dias de debates se analisou as consequências dos sistemas atuais
de produção
de alimentos que provocam 60% da perda da biodiversidade
nível global. Os participantes se comprometeram a redobrar esforços e a
cooperação para evitar o desperdício que representa a perda de um terço
de todos os alimentos produzidos anualmente e se alcançar uma produção e
consumo sustentável.
Foi bastante discutida a necessidade de
acabar com o tráfico ilegal de animais selvagens que enriquece as redes
criminosas, movimentando 150 milhões de dólares por ano, coloca em risco
muitas espécies de animais e reduz drasticamente o patrimônio natural
dos países que possuem essa vida selvagem. Segundo a ONU, entre 2010 e
2012, 100.000 elefantes foram mortos na África para extração do marfim; e
a cada dia morrem três rinocerontes para a retirada de seus chifres.
Nesse
contexto, foi lançada durante o encontro a campanha #wildforlife que
busca colocar um fim no tráfico ilegal de animais através da mobilização
de milhões de pessoas comprometidas em acabar com esse crime ambiental.
A
iniciativa conta com apoio de várias celebridades mundial que
apadrinham espécies com as quais se identificam, como a modelo
brasileira Gisele Bündchen que optou pela proteção das tartarugas
marinhas e Yaya Touré jogador de futebol do Manchester City e natural da
Costa do Marfim, que defenderá os elefantes, entre outras
personalidades mundiais.
Para integrar a campanha, os
participantes devem acessar a página da internet wildfor.life, escolher a
espécie com a qual se identifica, assumir alguns compromissos e
defender o animal escolhido. O participante deverá utilizar sua esfera
de influência para ajudar a colocar um fim ao comércio ilegal de
espécies.
Durante o encontro, relatório do PNUMA abordou as
diferentes oportunidades que os países têm para aplicar políticas
nacionais que permitam avançar para o desenvolvimento sustentável e
menciona como exemplo os planos de reflorestamento, destacando a China
que prevê para 2012 que um quarto de seu território esteja coberto por
florestas, numa perspectiva de criar uma civilização ecológica.
Ao
longo dos debates ficou claro aos participantes que as mudanças
climáticas constituem um novo fator de tensão que deve ser levado em
consideração nos conflitos armados, devido a destruição ambiental que
causam e pelo seu efeito multiplicador sobre outras questões como a
desigualdade social e as disputas políticas.
No final do encontro
foram acertadas estratégias conjuntas para enfrentar os problemas
debatidos. O maior saldo da reunião foi a consolidação da ONU como
principal órgão na governança global do meio ambiente através da
liderança exercida pela UNEA na orientação aos diversos países do mundo
para que adotem as medidas propostas.
Atualmente, o “Parlamento
Ambiental da ONU” se constitui no órgão de mais alto nível em matéria
ambiental na história das Nações Unidas e pretende se converter na
principal autoridade global nessa matéria.
Reinaldo Dias é
professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas.
Doutor em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política. É especialista
em Ciências Ambientais.
Fonte: EcoDebate
Fonte: EcoDebate
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