CECHIN et. al. (2015) assinala que a humanidade transita por uma época
de crescentes inquietações relacionadas aos riscos ambientais. Essa
perturbação resulta, em boa parte, da percepção sobre as mudanças
antropogênicas na vida e no clima terrestre. Tais sentimentos são tão
significativos que convergem para um consenso de que estamos entrando
numa nova era, chamada Antropoceno.
Embora a expressão ‘Antropoceno’ não tenha alcançado o status oficial de
Era geológica para a União Internacional das Ciências Geológicas
(UICG), ela tem sido usada extensamente para denominar o atual período,
dominado pelas atividades humanas sobre o planeta.
O mais importante nessa expressão é a noção de que a atividade humana
adquiriu tamanho poder de transformação dos ecossistemas que passa a ser
considerada uma força geológica suficientemente poderosa para definir
uma Era.
Nesse contexto, a relação entre sociedade e natureza, em todas as suas
dimensões, deve ser um dos principais focos da pesquisa científca.
Isto altera as principais demandas socioambientais do ponto de vista da governança e das polítcas públicas.
A institucionalização da interdisciplinaridade no estudo das questões socioambientais se materializa cada vez mais.
Assim, antropoceno é um termo usado por alguns cientistas para descrever
o período mais recente na história da terra. Ainda não há data de
início precisa e oficialmente apontada, mas muitos consideram que começa
com a revolução industrial, quando as atividades humanas começaram a
ter um impacto global significativo na Terra e no funcionamento dos seus
ecossistemas.
Outros cientistas consideram que o Antropoceno começa mais cedo, como por exemplo no advento da agricultura.
O termo Antropoceno é uma combinação das raízes das palavras em grego
“anthropo” que significa “humano” e “ceno” que significa “novo”. Todas
as épocas geológicas da Era Cenozóica terminam em “ceno”.
O biólogo Eugene F. Stoermer originalmente cunhou o termo, mas foi o
químico vencedor do Prêmio Nobel, Paul Crutzen que independentemente o
reinventou e popularizou. Stoermer escreveu, “eu comecei a usar o termo
“antropoceno” na década de 1980, mas nunca formalizei até ser contatado
pelo Paul Crutzen.
Ainda em 1873, o geólogo italiano Antonio Stoppani reconheceu o aumento
do poder e do efeito da humanidade nos sistemas da Terra e se referiu a
uma “era antropozóica”.
Muitas espécies passam a ser extintas devido ao impacto humano. A
maioria dos especialistas passa a concordar que as atividades humanas
têm acelerado a taxa de extinção de espécies. A taxa exata é
controversa, sendo muitas vezes situada entre 100 a 1000 vezes a taxa
considerada normal.
Em 2010, um estudo descobriu que o fitoplâncton declinou
substancialmente nos oceanos do mundo ao longo do século passado. Desde
1950, biomassa de algas diminuiu cerca de 40%, provavelmente em resposta
ao aquecimento do oceano, sendo que o declínio ganhou ritmo nos últimos
anos.
Já somos mais de 7 bilhões de seres humanos vivendo e consumindo os
recursos da Terra. A queima continuada de combustíveis fósseis, como o
petróleo e o carvão, tem sido responsável por um dos impactos mais
sensíveis do Antropoceno, o chamado aquecimento global.
O clima está mudando. As geleiras e as calotas polares estão derretendo,
o nível do mar aumentando, e começam a ocorrer grandes alterações no
regime de chuvas e nos processos biológicos.
No Antropoceno, o curso dos grandes rios do planeta e o seu padrão de
sedimentação foram amplamente alterados. Barragens, usinas e canais
mudaram de forma radical estes caminhos de água. Estamos cada vez mais
sujeitos a secas e inundações.
A disponibilidade de água potável atual e futura também está em risco,
devido ao desperdício, à falta de manutenção nas tubulações e a poluição
de fontes, rios, lagos e aquíferos.
As grandes metrópoles são as primeiras a sofrer com a crise crônica de
água. Em todo o mundo, apenas 4% dos esgotos domésticos são
adequadamente tratados, e a maior parte da água utilizada nas
residências e nas indústrias é despejada nos rios sem qualquer tipo de
tratamento.
Crutzen propôs a Revolução Industrial como o início do Antropoceno.
Embora seja evidente que a Revolução Industrial marcou o início de um
impacto humano global sem precedentes no planeta, grande parte da
paisagem da terra já havia sido profundamente modificada pelas
atividades humanas.
Um marcador que represente algum impacto substancial dos seres humanos
sobre o ambiente como um todo, em escala comparável àquelas associadas a
perturbações significativas do passado geológico, é necessário, em
lugar das pequenas alterações na composição da atmosfera.
Mas o que mais evidencia esta fase da civilização, é a complexidade dos
arranjos de equilíbrio social e suas conseqüências nos atos de gestão e
governança, que não admitem mais improvisações espontaneístas.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antropoceno
CECHIN, Andrei e BARRETO, Cristane Gomes, Governança e Polítcas Públicas
no Antropoceno. Ambiente & Sociedade – Ano II – No 5, p. 229-231.
Sustentabilidade em Debate – Brasília, v. 6, n. 2, p. 14-16, mai/ago
2015
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia
Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em
Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: EcoDebate
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